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O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos (D), ladeado pela nova coordenadora e deputada do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua (E), à chegada para a sua audição perante a Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre a "situação da TAP no período 2015-2023", na Assembleia da República, em Lisboa, 06 de junho de 2023. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
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Partidos garantem que ainda não há contactos entre os dois

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Partidos garantem que ainda não há contactos entre os dois

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Bloco pressiona Pedro Nuno Santos a falar sobre novo acordo à esquerda. PS em silêncio estratégico

Bloquistas querem obrigar PS a falar em acordos e contam com direita para pressionar Pedro Nuno. PS admite em voz baixa que esse é "cenário preferencial" (se não houver maioria absoluta)

Uma espécie de jogo do gato e do rato. O Bloco de Esquerda está apostado em obrigar o PS a admitir que vai precisar de fazer um acordo político com os bloquistas, mas Pedro Nuno Santos (ainda) não quer ouvir falar no assunto. Com um apelo de mais de 160 personalidades — incluindo bloquistas e socialistas — a vir pedir esta semana à esquerda que se entenda, os bloquistas aumentam a pressão, confiantes em que Pedro Nuno acabará por ceder e confiando para isso na pressão que também virá da direita. Já os os socialistas garantem que a estratégia é para manter, mesmo que nos bastidores se admita que uma nova geringonça é o cenário pós-eleitoral “preferencial”.

A base do raciocínio do Bloco de Esquerda é claro: “O PS sabe que não vai haver maioria absoluta“, resume uma fonte bloquista ao Observador, e por isso vai acabar por ter de apresentar uma “alternativa credível de governação”.

Ou seja, tendo por certo que, mesmo com uma boa votação, o PS de Pedro Nuno precisará da esquerda — se esta tiver a maioria dos deputados no Parlamento — para governar, os bloquistas acreditam que a melhor estratégia é manter a pressão alta sobre o PS e, mais do que falar num bom resultado para o Bloco nestas eleições, pedir uma boa votação para o bloco da esquerda parlamentar como um todo. “Queremos desafiar a esquerda a debater essa composição parlamentar”, ouve o Observador.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, usa da palavra durante uma conferência de imprensa para apresentação das conclusões da reunião da Mesa Nacional do Bloco, em Lisboa, 16 de dezembro de 2023. JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Bloco já desafiou PS publicamente para novo acordo mais exigente

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

É o que tem feito Mariana Mortágua nas suas recentes intervenções públicas. E era, aparentemente, o mesmo desejo que partilhavam os subscritores que esta semana assinaram um texto que pedia compromissos à esquerda antes das eleições, onde se incluíam nomes como o de Catarina Martins, assim como Fernando Rosas, João Cravinho ou Ana Gomes, somados aos de vários antigos governantes socialistas e muitos representantes do mundo sindical.

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Ex-governantes e dirigentes do PS e do Bloco assinam apelo para que esquerda “assuma compromissos” antes das eleições

Quem também assinava o apelo era o ex-deputado do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza, que ao Observador explica o seu intuito: “O mais importante do apelo é a convocação dos partidos de esquerda para fazerem uma campanha sem truques nem biombos“. Ou seja, os partidos devem apresentar “propostas muito concretas” para resolver as coisas que fazem do quotidiano da grande maioria das pessoas “uma aflição”, explica, dando como exemplos a habitação, a saúde, a educação ou os salários.

“Do que precisamos é de clarificação de compromissos para as mudanças justas que os últimos anos deixaram por fazer. Foi esta ideia que determinou, tanto quanto sei, a iniciativa de quem promoveu este apelo. Espero que a resposta das forças políticas de esquerda corresponda a essa urgência“, pede.

No Bloco, prepara-se a apresentação do programa eleitoral para este sábado, mas ao que o Observador apurou essa apresentação será para já mais genérica e concentrada nas grandes prioridades do partido — o que lhe permitirá desdobrar o lançamento de propostas mais específicas ao longo de várias semanas, mantendo o efeito novidade e chegando ao período de debates e campanha com medidas recentes e concretas. O desejo é que o PS faça o mesmo, para que a conversa, que mesmo nos bastidores anda a ser evitada, possa acontecer ainda antes das eleições.

PS não vai responder, mas lembra resultados da geringonça

Mas, do lado do PS, o apelo continua a ser ignorado: “Não vamos responder”, dispara um dirigente do núcleo duro socialista ao Observador. O momento, garante o PS, é de cada partido “afirmar as suas ideias, posições e mensagens”, e não de discutir acordos de viva voz. O que não significa que uma ideia não esteja muito clara na cabeça dos socialistas: “Claro que esse será o cenário preferencial, em caso de ausência de maioria” — uma maioria absoluta em que ninguém no PS parece, nesta altura, acreditar.

Por isso, para o PS, o que era preciso dizer está dito: Pedro Nuno Santos já esclareceu que “não vê com bons ohos” blocos centrais e “defende” os resultados da geringonça; é uma questão de fazer as contas e perceber o que o pedronunismo tem sugerido, mesmo que não o diga em voz alta, concluem os socialistas. E mais não será adiantado “antes de ser conhecido o veredito dos eleitores”.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, fala aos jornalistas durante a visita à empresa Motofil que fabrica máquinas industriais, em Ílhavo, 18 de janeiro de 2024. PAULO NOVAIS/LUSA

Pedro Nuno tem fugido à questão, falando apenas no desejo de lutar por uma vitória do PS

PAULO NOVAIS/LUSA

A estratégia do PS assenta, por isso, em dois pilares: por um lado, a convicção de que colar-se à esquerda agora só lhe traria dificuldades numa campanha em que precisa de apelar ao eleitorado do centro, e não deixar que se instale a ideia de que se acantona à esquerda e que Pedro Nuno, conhecido como um fã e artífice da geringonça, concentra nela o alfa e o ómega da sua ação política. Ainda esta semana o novo líder socialista fazia questão de frisar que “o PS não é só Estado social” e que a sua prioridade “é a economia” e o crescimento, bandeiras muitas vezes associadas mais ao lado direito do espetro político.

Pedro Nuno rejeita “reforma fiscal” e diz que salários sobem com aposta na economia

Por outro lado, os socialistas acreditam que, de qualquer das formas, essa ideia de Pedro Nuno enquanto adepto das soluções à esquerda já paira no ar, pelo que não precisa de ser alimentada. Ou seja, existe a convicção de que os eleitores já sabem com o que contam no caso de ser preciso chegar a acordos para governar, uma vez que Pedro Nuno já tem defendido publicamente que a existência de dois blocos políticos só faz bem à saúde do sistema democrático — só não convém fazer a toda a campanha à volta disso e deixar o eleitorado que o quer ouvir falar ao centro pendurado.

BE a falar sozinho, mas confia na direita para pressionar PS

Do lado do Bloco, há um ponto em que o entendimento é o mesmo: a ideia de que o PS vai ter de se virar para a esquerda se quiser ter alguma hipótese de governar é ponto assente, mesmo entre o eleitorado de esquerda. O problema, sinalizam os bloquistas, é que ao não admitir isto Pedro Nuno está, na prática, a sugerir que está a trabalhar para uma maioria absoluta — e a última experiência, a avaliar pela queda do PS nas sondagens (que ainda assim não exclui nova vitória, com maioria relativa), não terá sido o melhor cartão de visita para o eleitorado.

O Bloco corre, ainda assim, o risco de ficar a falar sozinho durante a campanha — uma situação em que se viu colocado por António Costa durante o período que antecedeu as legislativas de 2022 e que, nessa altura, vários dirigentes acreditavam ter sido crucial para colocar o Bloco fora de jogo, dando a entender que estaria fora de questão voltar a ter qualquer influência governativa.

Mas a aposta dos bloquistas é, neste momento, que a estratégia desgaste sobretudo o PS: no partido de Mariana Mortágua há quem questione como é que Pedro Nuno vai escapar durante uma campanha inteira, incluindo durante os debates que trarão o frente a frente entre os líderes dos dois partidos, a responder a uma pergunta simples: como é que governa se não tiver maioria absoluta? Para mais, numa altura em que o PS insiste que o PSD pode voltar atrás com a sua palavra e aliar-se ao Chega, reclamando clareza nos planos para alianças futuras.

Ou seja, no Bloco não falta quem acredite que a fórmula encontrada por Pedro Nuno Santos para fugir à questão — está focado, como vai dizendo e repetindo, apenas e só numa vitória do PS — vai ficar curta nos debates e vai colocar o socialista em contradição. Sempre que perguntar o que é que o PSD faz em relação ao Chega, a direita encarregar-se-á de lhe devolver a pergunta relativamente ao Bloco e aos restantes vizinhos da esquerda parlamentar, aposta-se no Bloco.

Geringonça 2.0 só com acordo exigente e medidas para “futuro”. Esquerda evita assunto para já

“E para haver maioria tem de ser connosco”, a somar a um Livre que as contas da esquerda confiam que vá crescer (ouvem-se projeções de um grupo parlamentar com dois a cinco deputados). O PCP continua mais críptico, sugerindo que dificilmente entrará noutro acordo escrito com o PS — o que não significa que não contribue para viabilizar um governo socialista, por oposição a um governo de direita. “Mas a esquerda é mais do que um somatório de partidos, é um campo social que precisa de ser mobilizado, mostrando que há a possibilidade de entendimentos”, ouve o Observador.

Por tudo isto, no Bloco, mesmo sem interlocutor, a aposta é a mesma: defender que a esquerda tem de construir e apresentar “uma proposta alternativa” para resolver problemas muito concretos e sentidos na pele pela população — à cabeça, nas áreas da Habitação, Saúde, Educação ou rendimentos — e que o PS tem de “assumir a responsabilidade” de dialogar, sob pena de não conseguir explicar como é que vai governar.

 
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