1 milhão. Estima-se que este seja o número de portugueses que sofre de diabetes, sendo que todos os dias são diagnosticados cerca de 200 novos casos. A nível mundial, esta doença crónica afetava, em 2014, 8,5% dos adultos com 18 ou mais anos de idade, revelam dados da Organização Mundial da Saúde.
Esta é uma doença que tem um grande impacto na vida de quem vive com ela, obrigando a adaptações na dieta, toma de medicação e, possivelmente, de insulina, e a uma maior vigilância de vários indicadores, como é o caso da glicemia (ou açúcar no sangue), que na maior parte dos casos deve ser medida diariamente. Felizmente, os meios tecnológicos estão sempre a evoluir, tornando-se verdadeiros aliados no controlo da diabetes, diminuindo inconvenientes e permitindo uma melhor gestão da doença. Está curioso? Explicamos-lhe tudo.
O que é a diabetes?
A diabetes é uma doença crónica que — dito de uma forma muito simples — afeta a capacidade do nosso corpo transformar alimentos em energia. A maior parte dos alimentos que ingerimos é transformada em açúcar (ou glicose), que é depois libertado para a nossa corrente sanguínea.
Quando os níveis de açúcar no sangue aumentam, o pâncreas segrega insulina. Esta hormona funciona como uma espécie de chave que deixa o açúcar entrar nas nossas células, que o usam como energia. Nas pessoas que têm diabetes, este processo não decorre como é suposto: ou o corpo não produz a quantidade necessária de insulina ou não consegue utilizá-la tão bem quanto deveria. Como resultado, há uma acumulação de açúcar no sangue, que não chega às nossas células, o que, a longo prazo, pode causar inúmeros problemas de saúde graves, como doença cardíaca, perda de visão e doença renal. As formas mais comuns de diabetes são a tipo 1 — em que o nosso corpo não produz insulina — e a tipo 2 — em que o organismo não produz insulina suficiente ou não consegue utilizá-la corretamente. Alguns dos sintomas mais comuns da diabetes são:
- Urinar com muita frequência, especialmente à noite;
- Sentir muita sede;
- Sentir mais cansaço que o habitual;
- Perder peso sem razão aparente;
- Comichão na zona genital;
- Feridas e cortes que demoram mais tempo a cicatrizar;
- Visão turva.
O estilo de vida é (muito) importante
Para fazer uma boa gestão da diabetes e ter uma vida saudável, é importante que o doente cuide de si todos os dias. Esta patologia pode afetar quase todas as partes do nosso corpo, e, por isso, é importante manter a glicemia sob controlo, mas não só; também os níveis de colesterol devem manter-se dentro dos intervalos ideais. Para isso, é fundamental seguir diversos cuidados. Um deles passa por ter uma dieta saudável, definida pelo médico. Esta deverá incluir o consumo de fruta e legumes, leguminosas, cereais integrais, frango ou peru sem pele, peixes, carnes magras e leite e queijo magros. Além disso, é importante preferir a água às bebidas açucaradas, e escolher alimentos baixos em calorias, gorduras saturadas, gorduras trans, açúcar e sal. A atividade física também deve fazer parte da rotina, devendo-se praticar cerca de 30 minutos de atividade física na maior parte dos dias da semana, como uma caminhada em passo acelerado. Estes dois hábitos ajudam-nos também a manter um peso saudável, o que é essencial para um bem-estar geral. É ainda muito importante que a pessoa com diabetes seja regrada na toma dos medicamentos, mesmo que se sinta bem e tenha todos os níveis sob controlo.
Conhecer os níveis de açúcar no sangue
Para muitas pessoas com diabetes, a medição dos níveis de glicose faz parte do dia a dia e é uma das principais estratégias para manter a doença sob controlo. Esta monitorização é ainda mais importante quando o doente toma insulina, podendo ajudá-lo a tomar decisões relativamente à alimentação, atividade física e medicação.
Os valores de glicemia recomendados para pessoas com diabetes são 80-130 mg/dL antes das refeições e menos de 180 mg/dL cerca de duas horas após o início da refeição. É, ainda assim, importante ter em consideração que as regras não são iguais para todos os doentes. O médico assistente é o profissional de saúde mais adequado para definir os valores-alvo para cada pessoa com diabetes, assim como a frequência com que deve ser feita a medição. Contudo, algumas das alturas do dia mais comuns para fazê-la são:
- Ao acordar, em jejum;
- Antes das refeições;
- Duas horas depois de uma refeição;
- Na hora de deitar.
Um dos grandes objetivos é prevenir os picos de açúcar no sangue, seja a hipoglicemia (valores muito baixos) ou a hiperglicemia (valores demasiado altos).
A hipoglicemia noturna
A hipoglicemia noturna, embora seja um tema pouco abordado, é muito comum nas pessoas com diabetes, adultas ou jovens, sobretudo nos casos de diabetes tipo 1.
Estudos sugerem que cerca de metade dos episódios de hipoglicemia ocorre durante a noite. O risco deste problema é maior em quem:
- Salta uma refeição importante, sobretudo o jantar;
- Faz exercício físico antes de se deitar;
- Consome bebidas alcoólicas antes de dormir.
Para reconhecer a hipoglicemia, é importante saber quais são os seus sintomas:
- Sono irrequieto, com sensação de que não se descansou;
- Acordar com a pele, pijama e lençóis transpirados;
- Tremores e ritmo cardíaco aumentado;
- Alterações na respiração (respirar muito rápido ou muito devagar);
- Ter pesadelos e gritar durante o sono;
- Acordar cansado, irritado e confuso.
A hipoglicemia noturna pode ser mais preocupante no caso das pessoas que manifestam sintomas, mas não acordam e, consequentemente, não fazem nada para controlar a situação. Quando o doente não se apercebe deste problema, há um risco mais elevado dos níveis de glicose descerem ainda mais, provocando uma hipoglicemia severa que pode ter riscos para a sua vida. Fale com as pessoas que vivem consigo, sobretudo se já teve estes episódios no passado, e saiba como estar preparado para lidar com eles, caso ocorram. Além disso, aconselhe-se junto do seu médico sobre o que pode fazer para evitar a hipoglicemia noturna. Este poderá recomendar-lhe que altere as doses e as horas a que toma a insulina ou outra medicação e que faça uma medição logo de manhã.
Manter a glicemia sob controlo
Com os sistemas tecnológicos mais avançados já não é necessário picar o dedo para medir os níveis de glicose. Uma delas é com o sistema FreeStyle Libre 2, do Abbott. Com um leitor e um sensor colocado na parte posterior do braço que “comunicam” através de bluetooth, a pessoa com diabetes tem acesso, de forma contínua, aos seus dados de glicose ao minuto, mesmo durante a noite, enquanto dorme — o que é uma grande ajuda para pais com filhos menores que têm diabetes. E mais: com este sistema, o doente pode consultar também um histórico de tendências e padrões, com setas que preveem a velocidade da variação dos níveis de açúcar no sangue. Esta funcionalidade é muito importante, porque, com base nesta informação, podem-se tomar melhores decisões relativamente à alimentação e medicação.
Outra grande vantagem? Não precisar de fazer picadas nos dedos, o que o torna simples e prático de usar. Assim, pode-se saber os valores em qualquer lado, sem inconvenientes, até quando se está a tomar duche ou a praticar exercício físico. Além disso, o sistema FreeStyle Libre 2 disponibiliza alarmes personalizáveis para a deteção de hipoglicemia e de hiperglicemia. Isto é especialmente vantajoso no caso da hipoglicemia noturna, pois permite que a pessoa acorde e atue, de forma a resolver o problema. Para os pais de crianças com diabetes, que podem ainda não saber lidar com a sua doença de forma 100% autónoma, estes alarmes ajudam-nos a controlar melhor a doença dos filhos, especialmente quando ocorrem hipoglicemias noturnas. Se perder o sinal — por exemplo, quando o sensor e o leitor não estão a comunicar corretamente —, o sistema também notifica o utilizador com um alarme.
Médico e paciente mais próximos, apesar da distância
Em tempos de pandemia, em que as recomendações são para que as pessoas fiquem em casa tanto quanto possível, a telemedicina pode ser bastante útil.
É claro que, se precisar de ir a um hospital ou a uma clínica, não deve deixar de fazê-lo. Contudo, há casos em que não é necessária essa deslocação, como as consultas de seguimento. Para as pessoas com diabetes, esta opção pode ser especialmente vantajosa, pois são um grupo de risco para a COVID-19, o que significa que têm maior probabilidade de enfrentar complicações decorrentes desta infeção.
Com a telemedicina, não só evitam saídas desnecessárias e um eventual contacto com outras pessoas — diminuindo o risco de contrair o vírus —, como lhes permite manter as consultas de rotina com a sua equipa de cuidados médicos, que inclui muitas vezes médico de Medicina Geral e Familiar, endocrinologista, nutricionista, dentista, oftalmologista e até um podologista. Além disso, como bem sabemos, na base de uma boa gestão da diabetes tem de estar o acompanhamento médico.
Com LibreView, do Abbott, os dados de glicose não ficam apenas com o doente, para a gestão diária do seu problema de saúde. Com esta plataforma, a pessoa com diabetes pode transmitir estas informações diretamente ao seu médico, permitindo que estejam ligados, ainda que à distância e de forma remota, através da telemedicina.
Tendo os valores de açúcar no sangue do paciente na sua posse, o médico pode assim proporcionar-lhe um melhor seguimento e aconselhamento. Para começar a utilizar, basta criar uma conta LibreView, conectar o seu leitor FreeStyle Libre ao seu computador e depois partilhar os dados de glicose com o seu médico, seja por convite ou através da consulta.