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A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, fala aos jornalistas durante a conferência de imprensa diária de atualização da situação epidemiológica em Portugal, relativa à infeção pelo novo coronavírus (Covid-19), realizada no Ministério da Saúde, em Lisboa, 02 de novembro de 2020. Portugal regista até ao momento 2.590 (+46) mortes associadas à Covid-19, e 146.847 (+2.506) infetados, segundo o boletim divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS). ANTÓNIO PEDRO SANTOS/POOL/LUSA
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ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

DGS defendeu vacinação abaixo dos 16 anos e vai fazer recomendação em breve

A recomendação seguirá nos próximos dois dias, mas à porta fechada Graça Freitas deixou claro que apoia a vacinação nessa faixa. Não há segunda dose para recuperados e surto futuro de gripe preocupa.

Quem participou na reunião desta terça-feira no Infarmed saiu convencido: as crianças entre os 12 e os 15 anos vão mesmo ser vacinadas depois do verão. O primeiro-ministro tinha levantado essa hipótese, mas faltava a recomendação técnica que, nesta reunião entre especialistas e as mais destacadas figuras do Estado, acabou por ser praticamente assumida pela diretora-geral de Saúde. Quando os presentes confrontaram Graça Freitas, já na parte da reunião à porta fechada, a diretora-geral de Saúde fez a apologia da vacinação deste grupo etário e assumiu como sendo o próximo passo a seguir.

Na sua intervenção, Graça Freitas garantiu que nos dois próximos dias entregará ao Ministério da Saúde a avaliação da DGS sobre a vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos e usou alguns dos argumentos que Henrique de Barros, especialista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, já tinha usado anteriormente: para preparar o inverno, “é fundamental a vacinação de crianças”, caso contrário haverá um “pico inequívoco de casos”.

Gouveia e Melo, que coordena a task force da vacinação, aguarda este parecer para oficializar o calendário. Ainda assim, nesta reunião, o vice-almirante propôs um calendário: nos dois últimos fins de semana de agosto serão vacinados os jovens de 16 e 17 anos; nos dois primeiros de setembro serão vacinados os jovens entre os 12 e os 15 anos.

Mesmo a tempo do arranque do ano letivo, que era o objetivo político traçado por António Costa — o primeiro-ministro anunciou-o no debate do Estado da Nação na semana passada, apesar de na altura não existir ainda qualquer recomendação pública da DGS nesse sentido.

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Uma orientação deve ser, por isso, acolhida pelo Governo. Esta terça-feira, António Lacerda Sales e Marta Temido, secretário de Estado e ministra da Saúde, respetivamente, disseram estar apenas à espera da luz verde da DGS para avançar com a vacinação de jovens entre os 12 e os 15 anos.

Na reunião, também Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a mesma posição, deixando um recado ao Governo: “Pode parecer estranho falar do Inverno, mas mais vale prevenir do que remediar. Se não logo se diria, como é que eles não pensaram? Retive um ponto, a vacinação das crianças. Sei que está a ser estudado pelos especialistas e há várias opiniões, mas esta ideia de que pode ser importante vacinar as crianças é uma ideia forte, para se tratar atempadamente.”

Quem esteve dentro da reunião quando as câmaras se desligaram, não tem dúvidas que essa fase, a vacinação dos 12 aos 15 anos, é mesmo para avançar, ainda que tenham sido expostas preocupações sobre a necessidade de “prestar o devido esclarecimento aos pais” antes de arrancar com a vacinação de crianças no país.

LUSA

Apenas uma dose para quem teve Covid

Graça Freitas foi ainda questionada, durante a reunião, sobre a recomendação da Organização Mundial de Saúde e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças que tem passado pela administração de uma segunda dose da vacina aos recuperados, em vez de apenas uma como é prática em Portugal.

A diretora-geral de Saúde, no entanto, manteve que “a literatura científica” continua a defender uma dose nestes casos. A segunda dose para recuperados continua, assim, recomendada apenas para imunossuprimidos.

Uma lógica que parece, no entanto, contraditória com outro dos esclarecimentos prestados na reunião: quando o PAN questionou os especialistas sobre se não faria sentido começar a testar as pessoas antes de as vacinar, uma vez que existe a regra de não dar a segunda dose a quem já tem esse tipo de imunidade, Henrique de Barros explicou que não será necessário porque Portugal não está em situação de carência de vacinas. Ou seja, deu a entender que a norma que impõe que se dê apenas uma dose a quem já esteve doente tem sobretudo a ver com gestão de stocks.

Avaliação a 14 dias é para manter

Mais do que um dos participantes neste encontro que reuniu especialistas e os mais altos representantes do Estado, bem como conselheiros de Estado e os representantes dos partidos políticos, abordaram o “atraso na resposta” que tem provocado a avaliação da matriz de risco tendo em conta a média dos últimos 14 dias.

A questão, segundo apurou o Observador, foi colocada pelo PSD e pelo PAN, que consideraram que esse intervalo de tempo poderia retardar respostas mais adequadas a cada momento da pandemia, defendendo que a avaliação passasse a ser feita consoante a média dos últimos sete dias.

A proposta foi, no entanto, rejeitada pelos especialistas. André Peralta Santos, da DGS, a argumentar que este é o padrão utilizado a nível internacional, pelo que não há intenção de mexer neste período de referência para cada avaliação da situação epidemiológica

. O que existe, como os especialistas esclareceram ainda na parte pública da reunião, é a intenção de alterar a matriz de risco, nomeadamente alterando o limiar do número de casos a partir do qual uma região está em alerta, tendo em conta os efeitos benéficos da vacinação.

Próximo plano: preparar país para a gripe

Mas a vacina contra a Covid-19 não foi a única a ser discutida na reunião: foi o PSD que questionou os peritos sobre a necessidade de reforçar o plano de vacinação contra a gripe, uma vez que, por ter havido medidas restritivas no último ano e meio, é normal que a doença tenha tido menos impacto no país — mas é preciso prevenir para que não haja um “surto desproporcional” no próximo inverno.

Na reunião, os especialistas terão concordado quanto à necessidade de alargar o plano, embora com reservas quanto às dificuldades de acesso que poderá haver a um maior número de doses.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, momentos antes do início da XII Sessão de apresentação sobre a “Situação Epidemiológica da COVID-19 em Portugal”, no Infarmed, em Lisboa, 19 de novembro de 2020. O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Se Marcelo Rebelo de Sousa, ainda na parte pública do encontro, se dedicou mais a fazer comentários em jeito de balanço sobre a gestão da pandemia e o papel dos peritos e políticos — garantindo aliás que tem roubado o papel de “otimista irritante” ao primeiro-ministro no que toca à pandemia –, Ferro Rodrigues chegou a colocar algumas questões. Além de querer ver o certificado digital a ser usado em mais situações, Ferro defendeu que se divulgue mais o número de pessoas que adoece ou morre sem estar vacinado, para sensibilizar as pessoas para a necessidade de se protegerem.

Quanto a esta questão — e tendo Marcelo frisado também que nesta altura em que os portugueses precisam de “ajudar um bocadinho” é importante passar bem a mensagem — os especialistas concederam que se poderá reforçar esse aviso. Mas, apesar de haver muitos avisos recentes sobre a suposta falta de adesão dos jovens ao processo, Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, fez questão de frisar: o problema está mais perto da faixa dos 40, e será esse um dos problemas de comunicação a resolver.

Os recados de Marcelo

Na sua intervenção pública, o Presidente da República insistiu na importância da vacinação e na necessidade de adaptar a matriz usada até agora, deixando claro a António Costa que quer ver o país a desconfinar já depois do Conselho de Ministros de quinta-feira. E disse mais: o tempo é dos decisores políticos; e não dos especialistas.

“Os especialistas já ajudaram muito nesta sessão no sentido de mostrarem sensibilidade, agora os portugueses têm de mostrar um bocadinho também. Penso que saímos daqui com uma esperança reforçada que se chama vacinação, mas que se chama em geral este encontro virtuoso entre o contributo dos especialistas e o entendimento desse contributo pelos decisores políticos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, num pedido ao Governo para que acolha as propostas feitas pelos especialistas.

Se dúvidas houvesse, o mesmo Marcelo traduziu: “Os políticos são escolhidos para decidirem e respondem por isso dia a dia. A informação vem nomeadamente dos especialistas, de várias sensibilidades. Têm de converter numa só decisão”

No final da intervenção, num tom mais ligeiro, Marcelo disse estar “um bocadinho irritantemente otimista”— usando uma expressão que no passado aplicou a António Costa –, antes de deixar claro o que quer: que o Governo siga as indicações deixadas na reunião, acelere o desconfinamento e adote uma nova matriz.

Linhas vermelhas alargadas e um desconfinamento por quatro níveis. As propostas dos especialistas

Partidos pressionam: país tem de avançar

No final da reunião no Infarmed, da esquerda à direita, todos concordam com a necessidade de aliviar as restrições e com a importância de acelerar o processo de vacinação, mas nem por isso deixaram de se ouvir críticas duras à estratégia (ou falta dela) do Governo ao longo dos últimos meses.

Ricardo Baptista Leite, do PSD, reconheceu como positiva a revisão da matriz de risco, mas alertou para a necessidade de precaver um grave pico de casos de gripe no futuro, exigindo ao Governo planeamento e respostas antecipando essa situação.

“É importante alertar que ao levantar medidas totalmente pode haver um surto de gripe de grande dimensão que pode atingir de uma forma desproporcional ao que é habitual a população portuguesa. Há uma recomendação clara da parte dos especialistas para desde já reforçarmos o plano de vacinação para a gripe, alargando para grupos que tipicamente não são abrangidas”, pediu.

“Aquilo que é fundamental garantir, até pelas reservas que continua a haver relativamente à vacinação, é que quando regressarmos às escolas existe a capacidade de termos arejamento, qualidade do ar, distanciamento dos meninos e das meninas na sala de aula e garantir que se volta em segurança”, concordou a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real.

O Bloco de Esquerda, pela voz do deputado Moisés Ferreira, defendeu que o tempo de “discutir restrições às liberdades individuais” terminou e que é necessário fazer esforços em várias áreas: vacinação, a saúde pública, passando pelo próprio SNS — para que possa retomar a atividade assistencial — e melhorar a comunicação com os portugueses.

O PCP foi mais longe e saiu da reunião a criticar as medidas “erradas e absurdas” do Governo e a criticar que os jornais que, dizem, alinhou numa “comunicação alarmista”. Jorge Pires lamentou que o Governo “continue a insistir em opções que já mostraram ser ineficazes”, “erradas” e “absurdas”. Para os comunistas, é preciso ouvir os cientistas que garantem que o vírus, “a exemplo de outros”, “continuará a conviver nas nossas vidas”.

O CDS pediu o fim da realização de testes para entrada em hotelaria e restaurantes, que considera ser uma “exigência desproporcionada”. “É tempo de devolver a liberdade às empresas e às pessoas”, pediu a porta-voz do CDS-PP, Cecília Anacoreta Correia.

Bruno Horta Soares, da Iniciativa Liberal, foi igualmente claro: “Está na hora de libertar a economia, está na hora de libertar o país”.  “Temos todas as condições para o fazer”, assentiu também Mariana Silva, deputada do PEV.

Já André Ventura, do Chega,  pediu “pareceres profundos e consensualizados” antes de país avançar para vacinação dos mais novos admitindo, ainda assim, que essa pode ser uma “solução” para conter a propagação do vírus.

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