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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Diário de Lisboa. Onde é que eles vão estar no dia 2 de outubro? Candidatos respondem em vídeo

No derradeiro dia de campanha o Observador entrevistou os candidatos a Lisboa e desafiou-os a dizer onde acham que vão estar no dia 2 de outubro. Veja as respostas e como foi o último dia de campanha.

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Houve arruadas no Chiado, discursos, encontros com líderes e ex-líderes e uma polémica final: Teresa Leal Coelho recebeu um cumprimento do Presidente da República, que quis fazer parecer casual, mas que não foi (como pode ver aqui).

https://observador.pt/videos/atualidade/comparometro-em-video-das-3-arruadas-no-chiado/

PS. Cristas e Leal Coelho “têm disputa muito excitante, para saber qual fica em segundo”, diz Costa

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António Costa esteve esta tarde no almoço, em Lisboa, da candidatura de Fernando Medina onde falou na experiência que ganhou em Lisboa e que tenta aplicar no país, mas também da direita que concorre contra Fernando Medina à Câmara Municipal de Lisboa. O líder do PS diz que “é evidente para todos quem vai ser o próximo presidente da Câmara porque é o único que concorre mesmo à presidência da Câmara”.

Sobre a candidata do CDS, Assunção Cristas, e a do PSD, Teresa Leal Coelho, Costa atirou que “têm uma disputa muito excitante, mas para saber qual delas vai ficar em segundo”. Também falou nos “outros”, sem especificar — embora a crítica encaixe na esquerda (nomeadamente no Bloco de Esquerda) –, que “querem manter ou recuperar o lugar que perderam na Câmara por sectarismo”.

Além desta parte política, o líder do PS e também primeiro-ministro em funções também disse ter sido na Câmara que aprendeu que era “possível ao mesmo tempo investir e pôr as contas em ordem”. E disse que a “ambição” que tem é “que daqui a seis anos possamos estar a discutir no país o mesmo que se está a discutir em Lisboa. Não a falta de atividade económica, mas de porventura regular algum excesso de atividade económica”.

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A luta com a direta também se fez ouvir no discurso de Fernando Medina: “Não nos anima votar numa liderança partidária, que está mesmo bem entregue, não nos anima um ganho de notoriedade por outra razão qualquer, mas apenas servir Lisboa e servir os lisboetas”.

E Duarte Cordeiro, o número dois da lista de Medina, também colocou umas única fasquia à direita nestas eleições, começando pelo CDS de Assunção Cristas: “Se são candidatos à Câmara, não venham dizer que ganham se tiverem mais de 7,5%” nas eleições. Se o CDS não ganha a Câmara de Lisboa, perde as eleições”, acrescentou para logo a seguir somar também a candidata do PSD ao mesmo raciocínio: “Se Teresa Leal Coelho não for eleita presidente da Câmara, perde as eleições”.

Medina também atirou à esquerda, mas apenas na questão dos transportes públicos, para dizer que o que “distingue” a sua candidatura das candidaturas da esquerda é a “coragem política”. Queremos assumir as responsabilidades e queremos a descentralização. Não queremos ficar de fora sentados na bancada a dizer mal do primeiro-ministro da circunstância”.

E deixou o apelo final ao voto, dizendo que “a capacidade de trabalho” na Câmara “depende da dimensão do resultado eleitoral”. “As sondagens não votam, os afetos não votam diretamente, e a simpatia também não. Precisamos do voto de todos sem hesitação e sem lamúria”, disse Medina.

No almoço tradicional no último dia das campanhas socialistas, discursaram ainda o presidente da Distrital de Lisboa do PS, Marcos Perestrello, e todos os que compõem a coligação encabeçada pelo PS em Lisboa: José Sá Fernandes (do Movimento Juntos Fazemos Lisboa), Helena Roseta (Cidadãos por Lisboa e candidata à Assembleia Municipal) e Rui Tavares (Livre).

Seguiu-se a descida do Chiado onde o candidato foi com António Costa — e ambos acompanhados pelas suas mulheres — praticamente dentro daquela bolha característica desta arruada partidária que, nos últimos anos tem servido sobretudo para demonstrar força. O candidato e o líder vão na frente e à frente deles um cordão de comunicação social e outro do partido para conter o turbilhão. Algumas pessoas que querem cumprimentar os dois furam a barreira e conseguem um abraço ou beijinho.

“Vou caçá-lo já aqui”, dizia uma senhora na esquina da Rua Garrett quando Costa e Medina desciam da Trindade para começarem a arruada. Conseguiu entrar por ali adentro e agarrar o candidato do PS a Lisboa. O esquema era este, sempre. E depois algumas paragens, como quando na Rua Augusta vieram oferecer um pastel de nata ao líder socialista e a Fernando Medina ou, mais à frente, um copo de vinho da Madeira que Costa aproveitou para fazer um brinde. No final da rua, num pequeno palco, mais um apelo ao voto do candidato. Já António Costa fez de líder de claque e apenas gritou o que os jotas do PS já vinham a fazer desde lá de cima: “Lisboa vai votar e o Medina vai ganhar”. A meio da arruada, o líder socialista tinha recusado falar em maioria absoluta em Lisboa (que ele teve nas duas últimas em Lisboa) e preferiu pedir “um grande resultado do PS em todo o país”. Repetiu várias vezes a “lufada de ar fresco” que diz que o PS significa. O candidato em Lisboa também não se atravessa neste pedido e apenas diz que “é o povo que vai escolher”.

CDS. Com banda e com dança, Cristas fala aos eleitores do PSD. “Deixem os símbolos partidários” e olhem para “a protagonista”

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“Olha a banda filarmónica a tocar na minha rua…”. Podia ser o Fon-fon-fon dos Deolinda, mas era mesmo a comitiva do CDS a descer a rua Garret no Chiado. Munidos de banda, com saxofone e tudo, um pequeno manto azul e branco fez a descida do Chiado num último teste de força para as eleições de domingo. Visto de cima, a mancha azul e branca liderada por Assunção Cristas não seria nem metade da mancha rosa, encabeçada por Fernando Medina, que uma hora antes tinha percorrido o mesmo espaço. Nem mobilizaria tanta gente quanto a mancha vermelha da CDU. Mas em barulho, não se pode dizer que o CDS tenha perdido a batalha.

O teste de força foi evidente, mas embora Cristas diga que o seu adversário é Fernando Medina, a verdadeira adversária de Assunção Cristas não compareceu ao braço de ferro. Teresa Leal Coelho, com quem o CDS disputa, na prática, o segundo lugar no domingo, ficou-se pelo Rato e Príncipe Real. Mas nem por isso Cristas deixou de fazer um apelo velado ao voto nos eleitores do centro-direita, que habitualmente votam no PSD:

“Olhem para as equipas, olhem para os protagonistas, neste caso para a protagonista, e olhem para o programa. Se olharem para tudo isto e fizeram uma avaliação justa, sincera e honesta, se pensarem em deixar alguns símbolos partidários de lado, seja à direita ou à esquerda, não terão dificuldades em escolher a nossa candidatura”, disse aos jornalistas no meio da arruada.

As sondagens têm colocado Assunção Cristas em segundo lugar, largamente à frente do PSD, mas a dúvida permanece. O que pesa mais? A dimensão do partido, onde ganha o PSD, ou a dimensão da candidata, onde ganharia Assunção Cristas? No PSD continua a achar-se que na “hora H” os militantes do partido vão ser suficientes para não deixar a candidata escolhida por Passos Coelho assim tão mal, mas no CDS o ânimo é tal que, embora não se diga, não se equaciona outro cenário que não o do segundo lugar.

Em todo o caso, Cristas diz ser vacinada contra as sondagens, repetindo que “enquanto os votos não forem postos nas urnas ninguém pode reclamar vitória”. “Somos vacinados à nascença contra as projeções, assinamos a ficha de militante e vem um kit de vacinas contra as sondagens”, ironizou a líder do CDS.

Antes de chegar ao Rossio e dançar com o marido ao som de “I just called to say I love you”, Cristas ainda diria que “há muitos graus de vitória”. Foi o mais perto que se aproximou em toda a campanha de comentar sondagens e cenários. À pergunta sobre se um terceiro lugar é derrota, Cristas equacionou os vários cenários. “Só perde quem lá está. Nós podemos ganhar tudo, ou podemos ganhar mais ou menos, mas estou certa de que seremos vitoriosos no domingo”. Depois dançou, dançou e festejou. Resta saber qual será o grau de festejo na noite de domingo.

Cristas limpa grafitti (estava difícil), e manda “calar” António Costa: “Por favor, cale-se”

“Isto não é nada fácil, quem o fez teve mais facilidade de certeza”. Assunção Cristas reservou para a manhã do último dia de campanha eleitoral uma ação em nome da higiene urbana: limpar uma parede grafitada da Misericórdia, junto à igreja das Chagas, para “dar o exemplo”. Equipada a rigor, para não ter a pele em contacto com o diluente, a candidata do CDS a Lisboa pôs mão à obra, juntamente com o seu diretor de campanha, Diogo Moura, enquanto os restantes ficaram a ver.

Com apreensão, primeiro, porque as letras pretas e roxas pareciam não querer sair às primeiras demãos. Mas depois, com persistência e um jato de diluente, a tinta lá começou a sair. Ouviram-se aplausos entre a comitiva que acompanha a líder do CDS.

“Não é nada fácil, o roxo saiu bem, mas o preto, mais antigo, saiu com mais dificuldade. Quem o fez teve mais facilidade de certeza”, disse aos jornalistas, explicando o porquê daquela ação de campanha, já na reta final rumo às urnas. “A cidade está desleixada, toda ela, neste caso não há uma Lisboa de primeira e uma Lisboa de segunda. Aqui na Misericórdia sente-se uma grande pressão ao nível da higiene urbana, e é preciso fazer um raide de limpeza na cidade”, acrescentou, lembrando um dos compromissos que tem caso seja eleita: pôr Lisboa num brinco em 100 dias. Uma das propostas que tem passa por imitar algumas cidades europeias, que têm um sistema de caução para os copos de plástico, para evitar que sejam deitados ao chão.

Assunção Cristas entrou na contagem decrescente rumo às urnas, mas nem por isso muda o discurso. Percorre todos os clichés: “Não há vencedores antecipados”, “no dia das eleições é que se contam os votos”, “até ao último minuto estarei a dizer que sei de onde parto, mas sempre fiz este trabalho a pensar que no dia seguinte posso ser presidente da câmara”. Ou seja, “ambição máxima”, com “realismo”. Nesta fase, embora nunca o admita, o segundo lugar, à frente do PSD, é uma vitória estrondosa. As sondagens assim o indicam, e o entusiasmo da comitiva do CDS faz eco disso mesmo.

Se é certo que Assunção Cristas tem guardado a roupa de líder e vestido muito mais a pele de candidata, optando por não entrar no bate-boca entre António Costa e Passos Coelho, esta sexta-feira deixou uma forte crítica ao primeiro-ministro no que diz respeito ao caso do roubo de material militar de Tancos. “Por favor, cale-se. Por favor, cale-se porque é demasiado doloroso ter um primeiro-ministro a dizer isto”, atirou Cristas referindo-se às recentes declarações de António Costa à TSF sobre Tancos.

O primeiro-ministro tinha saído esta manhã em defesa do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, numa entrevista à TSF, preferindo apontar o dedo ao oficial de dia. “Eu cumpri serviço militar, e lembro-me das minhas obrigações de oficial de dia, e tenho a certeza absoluta que se houvesse algum incidente desta natureza em primeiro lugar a responsabilidade seria minha”, disse.

Assunção Cristas, que anda há meses a pedir a demissão do ministro, não deixou hoje de criticar fortemente o facto de António Costa não “perceber a diferença” entre as responsabilidades funcionais de quem está no terreno e as “responsabilidades políticas”. “É grave que um primeiro-ministro não perceba uma coisa e outra”, disse.

O furto de Tancos entrou na campanha eleitoral autárquica sobretudo depois de o Expresso ter divulgado, em manchete, um relatório atribuído a “serviços de informações militares”, com duras críticas ao ministro Azeredo Lopes e ao chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte. No mesmo dia, o Estado-Maior General das Forças Armadas disse que o seu centro de informações militares não produziu qualquer relatório sobre o assunto. E, no dia seguinte, o primeiro-ministro negou também que algum organismo oficial do Estado tenha produzido o relatório noticiado e o ministério da Defesa desafiou mesmo o Expresso a divulgar na íntegra o documento. Mas Cristas procurou manter-se sempre à margem da polémica, para centrar as atenções na campanha. Até hoje.

CDU “pronta para assumir todas as responsabilidades” em Lisboa

João Ferreira não podia ser mais claro. Na última iniciativa pública da campanha da CDU para a câmara de Lisboa, o candidato comunista diz estar pronto para assumir “responsabilidades” na capital. O secretário-geral do PCP, que participou na arruada entre o Largo do Chiado e o fim da rua do Carmo, pediu um terceiro vereador para a CDU.

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“Aqui, respira-se confiança”, disse Jerónimo de Sousa por entre aplausos. Quem olhasse para cima, do final da Rua do Carmo para o Chiado, não conseguia perceber onde acabava a massa de pessoas que participou no desfile. Foi com esse quadro à sua frente que o líder comunista lançou as duas mensagens de final de campanha.

A primeira, que os vereadores eleitos pela CDU estão disponíveis para se sentar à mesa com Fernando Medina e discutir pontos de convergência para a gestão da principal câmara do país nos próximos quatro anos. “A CDU esteve, está e estará pronta para assumir todas as responsabilidades no governo de Lisboa”, disse João Ferreira. Àquela hora, final da tarde desta sexta-feira, a arruada socialista que por ali passara já tinha dispersado. Seriam eles o principal destinatário.

A segunda mensagem era mais lata. “Até domingo”, diriam Jerónimo, João Ferreira e também Heloísa Apolónia (deputada candidata a Oeiras), “há muito trabalho a fazer” para “convencer” quem ainda possa estar indeciso. A CDU quer todos os votos que consiga recolher porque, assume o secretário-geral, o grande objetivo está traçado e passa por “reforçar” a presença da coligação na autarquia. “Se aos dois vereadores da CDU a cidade de Lisboa vier a acrescentar o terceiro, é a cidade que fica a ganhar”, sublinhou Jerónimo.

As sondagens que têm sido publicadas e que prevêem o segundo lugar na eleição para Assunção Cristas não passaram ao lado da intervenção de João Ferreira. No palco improvisado, montado apenas para receber as principais figuras da arruada, o comunista quis deixar críticas à centrista: “Nós não aparecemos aqui ontem, nem sequer há um ano.” E lembrou ao que vai a candidatura da CDU: mobilidade, transportes públicos, emprego, reforço dos serviços municipais, desporto, apoio à população idosa. “A CDU é hoje a força mais preparada, conhecedora como nenhuma outra da realidade e das soluções para os problemas”, disse João Ferreira.

Bloco. O Ricardo que faz falta quer ser “vereador a tempo inteiro”

O Bloco tem pressa para chegar à câmara, onde não tem vereador desde 2009, quando rompeu com José Sá Fernandes (eleito com o slogan “O Zé que faz falta”). Na última ação de campanha, os bloquistas foram de um largo (Estefânia) a outro (Intendente), em passo acelerado. Os gritos foram os do costume: “Lisboa primeiro, vereador a tempo inteiro”. A comitiva era mais pequena e a emoção muito menor do que no dia anterior, quando o Bloco invadiu a Morais Soares com a líder Catarina Martins e com o fundador Fernando Rosas.

Antes de começar, Ricardo Robles falava ao Observador para, numa espécie de alegações finais, dizer que os lisboetas teriam de escolher entre “mais maioria absoluta, com os seus problemas não resolvidos” ou “dar força ou Bloco”. E a principal medida que Robles tem para apresentar aos lisboetas é a promessa de “7500 casas a rendas acessíveis.”

O Bloco chegou ao Largo do Intendente vinte minutos antes da hora. A tempo de encontrar a candidata socialista à junta de freguesia de Arroios, Margarida Martins, que trocou de panfletos com Robles. Toma lá um jornal, dá cá um flyer. De uma idosa da esplanada ouviu mais um piropo: “Tu com esses olhos tão bonitos não me enganes”. Robles dobrou-se sobre a senhora e aproveitou a deixa: “E sabe que mais? Comigo é sempre olhos nos olhos.

Os discursos foram curtos e a sessão pública acabou antes da hora de início que estava marcada (19h00). É a tal pressa em chegar ao executivo camarário. Isabel Pires, a candidata à Assembleia Municipal (AM), aproveitou estar rodeada de edifícios degradados (para onde está projetada habitação de luxo) e de hotéis de luxo para dizer que o Largo do Intendente é a imagem daquilo que foi “a maioria absoluta do PS durante oito anos”.

Ao mesmo tempo, o filho mais de Ricardo Robles, que o acompanhou na campanha, tapava a cabeça — na brincadeira com o pai — com uma bandeira roxa do Bloco de Esquerda. Apesar da atenção dada ao filho, Robles ainda vai a tempo de aplaudir a candidata à AM. Chega a vez de Robles. A última vez que fala em público antes do dia de reflexão explicou que espera ser eleito, já que ouviu muitas vezes na rua: “Já votei neste partido, já votei no outro, mas vou votar no Bloco, porque é preciso vocês lá estarem”. É a mesma estratégia do Zé que faz falta, mas agora aplicado ao Ricardo: o BE quer um vereador para ter mais influência nos destinos da cidade.

Robles pede que “a abstenção não ganhe” e lembrou que, ao longo da campanha insistiu em temas como os “direitos dos animais, apoios aos idosos, direitos LGBT, Mulheres na Cidade”. A confiança é tanta, que Robles terminou dizendo aos seus apoiantes que espera por todos no Palácio das Galveias dia 1 de outubro para “festejar um grande resultado em Lisboa.

PSD. Santana diz que Medina não é “imbatível”, mas alerta para “leitura nacional” das autárquicas

No fim, como no início. Santana Lopes voltou à campanha, que até podia ser a sua, para apoiar Teresa Leal Coelho. Num dia em que a número cinco da lista do PSD ataca a candidata e as sondagens apontam para mínimos históricos, o ex-líder do PSD deixou um conselho que antecipa que maus dias virão: “Sei o que é disputar eleições em circunstâncias difíceis. Já perdi ficando caído no chão. A vida é isso. A democracia é isso. E amanhã é outro dia.”

Santana Lopes admite que as eleições em Lisboa são difíceis, mas questionado sobre se Fernando Medina é invencível, responde que não há “nenhum candidato imbatível nas autárquicas”, lembrando que venceu o favorito João Soares. “A história demonstra isso”, acrescenta. Ainda assim, admite que será difícil ganhar, já que “Medina é candidato pelo partido que está no Governo numa situação favorável. E quem é presidente, como dizia Marques Mendes, não tem desvantagem de certeza.”

O antigo presidente da câmara de Lisboa chegou a ser apontado como candidato preferido e número um do partido. No Congresso do PSD, em abril de 2016, começou a alimentar a ideia com um “keep cool”, adiando uma resposta para mais tarde. Acabou por ser “não”. No lançamento da candidatura, Teresa Leal Coelho admitiu que Santana era a primeira escolha, ao que o atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa responde agora que a candidata do PSD “sempre foi simpática e generosa” e que “tem essa deferência” por ter sido sua aluna”. E admite: “Houve a possibilidade de ser eu, não aconteceu e foi a Teresa e foi a escolha que foi feita e bem feita.” Na verdade, também foi Santana que, ao condicionar o partido, obrigou a liderança a segundas e terceiras escolhas.

Questionado sobre se seria mais fácil o PSD ganhar se fosse ele próprio o candidato, Santana Lopes não quis especular: “Nunca se sabe. Como dizem os senhores estrangeiros, You’ll never know it“. A candidata nunca quis responder sobre as sondagens, mas o ex-líder não teve problemas em fazê-lo, dando o próprio exemplo quando, em 2001, bateu João Soares, contra todas as expectativas (e sondagens). Santana Lopes recorda-se que, nessa altura, “dois dias antes” das eleições as sondagens lhe davam “14% a menos”, mas depois ganhou as eleições.

Santana Lopes desdramatiza o facto de Passos Coelho poder ficar em maus lençóis. Primeiro começa por dizer o óbvio: que “domingo à noite é domingo e sexta-feira é sexta-feira. Autárquicas são autárquicas e ninguém pôs em causa [a liderança de Passos]”. Diz ainda que “houve [apenas] uma vez umas autárquicas em que a liderança de um partido esteve em causa porque o primeiro-ministro em funções foi-se embora, quis ir-se embora. De resto, nunca aconteceu.” Referia-se ao “pântano” de António Guterres que se demitiu em 2001, após um hecatombe das autárquicas. Esqueceu-se portanto, que Luís Marques Mendes convocou diretas no PSD depois da derrota autárquica nas intercalares de 2007, quando Fernando Negrão perdeu com 15% para António Costa. E Mendes perderia o partido para Luís Filipe Menezes.

O ex-líder recusa-se a ser “cínico” e avisa que as eleições “têm sempre” leitura nacional, já que “qualquer eleição no país todo tem uma leitura nacional”. No entanto, descansa Passos Coelho dizendo que “a leitura nacional não é um drama” e serve para “retirar ilações”. Além disso, “também não são legislativas. A questão nacional tem influência. Nós somos nós e as nossas circunstâncias”.

Teresa Leal Coelho respondeu sempre da mesma forma às perguntas difíceis. Fosse as sondagens, fosse as críticas de Sofia Vala Rocha. De todas as vezes que lhe foi perguntado, aproveitou o facto de estar num rooftop e, com o gesto de braços que caracterizou os programas de história de José Hermano Saraiva na RTP, apontava para o rio ou para o Castelo de São Jorge. “A isso respondo que estamos aqui com uma linda vista sobre Lisboa (…), uma vista sobre o rio”. A mesma não-resposta foi dada em todas as vezes que lhe foram colocadas estas questões.

A candidata do PSD também se desfez em elogios a Pedro Santana Lopes que considerou “o melhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa em democracia”. Mesmo no PSD, até pelo tempo que esteve à frente da cidade, costuma ser consensual que o melhor presidente foi Krus Abecassis. Para Teresa não: é Santana Lopes.

Onde é que Teresa vai estar no dia 2? Não é na câmara municipal. “Tenho uma conferência, e lá estarei certamente”

Último dia, última arruada. E mais uma arruada lenta, murcha e sem foguetório. E não no Chiado: a tradicional descida do Chiado que costuma encerrar as campanhas eleitorais dos maiores partidos, desta vez fugiu das mãos do PSD. Apenas PS, CDU e…CDS vão acabar a campanha naquela descida que se pretende ser apoteótica, mas o PSD preferiu antes fazer uma “ação de rua” entre a Estrela, Campo de Ourique e o Rato. Mas, nem de propósito, é precisamente no jardim da Estrela que Teresa Leal Coelho encontra o candidato da CDU, João Ferreira, que puxa o assunto e lhe pergunta se mais logo não se encontram pelo Chiado.

“Não, não, daqui vamos a Campo de Ourique e depois a Alvalade”, diz-lhe a candidata do PSD, que “gostou muito” de encontrar o seu adversário comunista nesta corrida à câmara. “É sempre bom vê-lo”, comenta depois com o Observador. Mas afinal porque não vai o PSD ao Chiado neste tudo-ou-nada do último dia? “Vamos a Alvalade porque é tradição do PSD fazer a descida da Avenida da Igreja”, responde a candidata, embora o Observador lembre que já a comitiva do PSD já desceu aquela avenida nesta última semana de campanha. “O PSD tem a tradição de descer o Chiado mas só nas legislativas”,acrescenta. Certo é que nas últimas autárquicas, Passos Coelho acompanhou o candidato do PSD Fernando Seara naquela última arruada, e até em 2007, quando o PSD acabaria por ter o pior resultado de sempre em Lisboa, o então líder Luís Marques Mendes acompanhou Fernando Negrão na prova final.

Teresa Leal Coelho não foi ao Chiado mas passou lá perto, terminando a sua última ação de rua no Príncipe Real. Iria depois a Alvalade, mas à margem da agenda oficial, e também à margem da ida de Pedro Santana Lopes àquela freguesia: Santana Lopes foi por volta das 16h, Teresa iria mais tarde, por volta das 18h. Desencontros propositados.

Começou a contagem decrescente e, na comitiva do PSD, parece que a última arruada teve mais ânimo do que todas as outras. Embora lenta e descoordenada (ora José Eduardo Martins pára para ver montras, ora Teresa Leal Coelho pára para falar com as pessoas e demora-se na conversa), houve esta sexta-feira pelo menos mais jotas a gritar “Teresa vai em frente!”. Nem a concelhia de Lisboa do PSD, nem aparelho do partido, estiveram com a candidata, e isso manteve-se do início ao fim.

Ainda assim, Teresa Leal Coelho diz que “não sentiu falta de ninguém”. “Tive tanta gente comigo, uma equipa extraordinária que me tem acompanhado no dia a dia, e os notáveis do partido também estiveram todos”, disse ao Observador.

Mas quando questionada sobre onde iria estar no dia 2 de outubro, não foi a resposta óbvia — “na câmara municipal de Lisboa” — que lhe saiu: “Tenho uma conferência no Tribunal de Contas, e lá estarei certamente”.

PSD. Críticas internas: Teresa Leal Coelho “não sabe fazer política” e Passos “matou o PSD em Lisboa”

A social-democrata Sofia Vala Rocha, deputada municipal em Lisboa e quinta candidata da lista do PSD à câmara da capital, teceu duras críticas à campanha autárquica do partido em Lisboa, à cabeça-de-lista Teresa Leal Coelho e a Passos Coelho, que acusa de ter matado “o PSD em Lisboa e foi um homicídio qualificado”. Numa entrevista publicada esta sexta-feira no Diário de Notícias, Vala Rocha diz que “nesta campanha houve erros de estratégia, de análise e de escolhas de pessoas em Lisboa”.

“Esta campanha não foi preparada como devia ter sido porque não lhe foi dada a devida importância. Pedro Passos Coelho, depois de não ter mantido o governo em 2015, pensou que ia voltar rapidamente ao poder e, portanto, achou que as autárquicas não eram uma eleição importante e não era importante a eleição em Lisboa”, atirou a social-democrata. Questionada sobre se com os erros na escolha de pessoas se refere a Teresa Leal Coelho, Vala Rocha diz que “não só, mas também”.

Para a social-democrata, Teresa Leal Coelho, que lidera a lista de que também faz parte, não é suficientemente qualificada para o lugar. “O PSD devia ter pensado se podia candidatar uma pessoa que manifestamente não gosta de fazer política, não sabe fazer política, não gosta de debater, não gosta de ir à televisão e não gosta de confrontar adversários.”

Mas a maior crítica foi mesmo para o líder do partido. “Passos Coelho quando achou que ia fazer governo rapidamente viu no CDS um parceiro e não quis tomar as decisões que se impunham e que eram de autonomia estratégica da candidatura do PSD em Lisboa. Eu considero que Pedro Passos Coelho matou o PSD em Lisboa e foi um homicídio qualificado”, destacou a candidata.

Por isso, defende a social-democrata, o líder do PSD e o presidente da distrital, Pedro Pinto, devem ser responsabilizados. “Há dias, Passos disse que em Lisboa o PSD não estava a lutar pela sobrevivência, o problema é que está. E as responsabilidades vão ter de ser assacadas“, destacou, afirmando também que “se o PSD tiver um mau resultado, não é um problema de se responsabilizar Pedro Passos Coelho, é a ele e a estratégia para evitar que no futuro ela volte a repetir-se“.

Sofia Vala Rocha sublinhou ao Diário de Notícias que é “grave” que o PSD em Lisboa não concorra “para ganhar”. “Concorrer para um segundo lugar já é muitíssimo mau. Se ficar em terceiro ainda é pior”, disse. Mas é precisamente para o terceiro lugar que as sondagens têm apontado.

As sondagens da Universidade Católica para a RTP e da Eurosondagem para o Expresso apontam Medina como vencedor em Lisboa, seguido de Assunção Cristas (à frente de Teresa Leal Coelho). Nas previsões anunciadas pela RTP e Antena 1. é “muito provável” que Fernando Medina consiga uma maioria absoluta na Câmara Municipal de Lisboa, com o PS a obter 47% dos votos e elegendo 8 a 10 vereadores. Na mesma sondagem, Assunção Cristas fica em segundo lugar com 15% dos votos e Teresa Leal Coelho, do PSD, com 12%.

Na sondagem publicada pelo Expresso esta sexta-feira, Fernando Medina recolhe 43,3% das intenções de voto (elegendo nove vereadores), Assunção Cristas capta 17,5% e elege três vereadores e Teresa Leal Coelho mantém-se com 12,5% das intenções de voto e elege dois vereadores.

Quanto ao Bloco de Esquerda e ao PCP, podem ficar com 8% dos votos, segundo a sondagem da Católica: Ricardo Robles (BE) e João Ferreira (CDU) elegem, assim, entre um e dois vereadores. O melhor cenário que o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica (CESOP) traça para estas candidaturas iguala o número de vereadores do BE e do PCP aos do PSD.

Na sondagem do Expresso, João Ferreira elege dois vereadores com 10,1% dos votos e Ricardo Robles elege um vereador, captando 5,7% dos votos.

Ontem o dia de campanha em Lisboa foi assim:

Diário de Lisboa. Medina toca piano em comício. PSD cola-o a Sócrates. CDS quer ser “única” alternativa

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