Pesquise aqui as 54.733 vagas do ensino superior. Este ano há mais 372 vagas disponíveis.
A pressão do Governo funcionou de um lado, mas, de outro, as diferenças são insignificantes. Este domingo, à meia-noite, foram reveladas as vagas para o concurso nacional de acesso ao ensino superior e duas áreas de formação saltam à vista: Educação e Saúde. Entre os cursos de formação de professores, o resultado foi melhor do que o do ano passado e foram criadas mais 100 vagas para professores. Nos cursos de Medicina, há uma subida, mas quase invisível. Em todo o país foram criadas apenas mais 7 vagas para formar médicos.
No total, há quase 55 mil vagas a concurso, mantendo-se a tendência dos últimos anos de aumentar o número de lugares disponíveis nas universidades e politécnicos. Números precisos: há 54.036 lugares para o concurso nacional e 697 vagas para os concursos locais, ou seja, 54.733 vagas. Em relação à mesma fase do concurso ao ano anterior, o aumento é de 372 assentos para universitários.
Outras notas se destacam nos números divulgados pelo Ministério do Ensino Superior, liderado por Elvira Fortunato. Foram fixadas 8.990 vagas em formações apoiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estas são viradas para o aumento do número de graduados em Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (CTEAM). Os números — revelados bastante mais cedo do que o habitual (a tradição é as vagas serem conhecidas em julho) — mostram que se mantém o reforço de vagas em ciclos de estudos de formação em competências digitais (2%), que este ano chegam às 9.127 vagas.
Padrão que se mantém é o aumento de vagas nos ciclos de estudo com maior concentração de melhores alunos. Com mais 82 lugares, totalizam as 5.006 vagas.
Alunos mais pobres terão vagas em todas as universidades e politécnicos já este ano
Desafio aceite: há mais 12% de lugares para formar professores
Portugal tem falta de professores e essa falha é cada vez maior. Se o número de reformados aumenta, o de licenciados não acompanha a curva e um dos exemplos é o da disciplina de Física e Química. Teve três diplomados em 2020/21, segundo o Conselho Nacional de Educação, numa altura em que se estima que seja preciso recrutar 388 novos docentes desta disciplina até 2025/26 (segundo um estudo da Nova SBE).
O ano passado, o Ministério da Educação falou com o Ministério do Ensino Superior, que fez um despacho a pedir um aumento de vagas nos cursos que formam professores do 1.º e do 2.º ciclo (Educação Básica). O pedido mantém-se e a resposta foi melhor do que a do ano passado.
Se, em 2022, dos 21 cursos existentes no país, 12 seguiram a recomendação da tutela e criaram mais 56 vagas para professores, este ano, o aumento foi maior: há mais 100 vagas, um aumento de 12%.
Por instituição, a maior subida foi na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa, onde surgem mais 69 vagas no curso em horário pós-laboral. No entanto, na mesma instituição, segundo os números enviados pela tutela, há uma quebra de 59 lugares no curso idêntico ministrado durante o dia. O balanço final é de 10 lugares a mais.
Por distrito, o maior aumento é no Porto (23 vagas), com todas as vagas criadas na Escola Superior de Educação do Politécnico da cidade.
Reitores continuam a dizer que não: subida de vagas em Medicina é residual
Quando, em 2020, pela primeira vez em vários anos, os cursos de Medicina puderam criar mais 200 vagas a nível nacional, os reitores recusaram o presente do então ministro, Manuel Heitor, e as faculdades do continente não abriram nem mais uma vaga em relação ao ano anterior.
Ensino Superior. Faculdades de Medicina recusam oferta de Manuel Heitor e não criam mais vagas
Porém, nesse ano, na Universidade dos Açores criaram-se seis novos lugares no Ciclo Básico de Medicina Preparatória para o Mestrado Integrado que, tal como acontece com o curso ministrado na Madeira, tem de ser terminado numa das universidades do continente.
No ano seguinte, repetiu-se o feito na Faculdade de Ciências e Tecnologia dos Açores, com mais 6 lugares criados. Nesse mesmo ano, a Universidade Católica, a primeira privada a abrir um curso de Medicina em Portugal, recebeu os seus primeiros 50 alunos — que não entram para a conta da oferta da rede pública.
Em 2022, foi a vez da Universidade da Beira Interior criar cinco novas vagas. Este ano, duas instituições seguem-lhe o exemplo: a Universidade de Coimbra cria cinco novos lugares, a Universidade do Minho dois. Apesar disso, o saldo é fraco, com mais 7 vagas para formar médicos — o que não deixa de ser um recorde desde que, em 2020, a possibilidade foi aberta.
Este ano, foi dada luz verde a uma segunda universidade privada para criar um curso de Medicina que deverá ter, no máximo, 40 alunos. Prevê-se que a Universidade Fernando Pessoa, no Porto, abra o curso em 2024.
Tudo somado, as universidades e politécnicos criaram 24 novas vagas para formar médicos desde 2020. Apesar disso, a nota do gabinete de Elvira Fortunato congratula-se com a subida e espera que o crescimento continue. “É previsível que este número de vagas venha ainda a aumentar dado que, pela primeira vez, as vagas não ocupadas nos concursos especiais para titulares do grau de licenciado reverterão para a 1.ª fase do concurso nacional de acesso, maximizando-se assim a utilização das vagas disponíveis em Medicina nas instituições de ensino superior públicas”, lê-se na nota.
Fases do concurso nacional de acesso acabam mais cedo
A apresentação da candidatura à primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior decorre de 24 de julho a 7 de agosto. As colocações são divulgadas a 27 de agosto, data em que começa a segunda fase do concurso e que se prolonga até 5 de setembro. A 17 de setembro conhecem-se os resultados da segunda fase e a terceira (e última) fase arranca a 22 de setembro, terminado no dia 25.
Cinco dias depois, a 30 de setembro, são conhecidas as colocações. Em 2022, o processo começou a 25 de agosto, com as vagas a ser conhecidas em julho, e terminou a 16 de outubro. Este ano, a tutela antecipou as datas.
A candidatura deve ser apresentada online, no site da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) através de autenticação com o cartão de cidadão ou chave móvel digital. Para fazê-lo, é necessário pedir previamente uma senha de acesso. Sem ela, não é possível efetivar a candidatura.
Já os números das vagas, desagregados por curso e estabelecimento de ensino, estão disponíveis no site da Direção-Geral do Ensino Superior. Pode também consultá-los no Observador.