Para o bom, para o mau, para qualquer sentido, a memória é curta (e até cruel) no futebol. O antigo defesa ou médio e hoje treinador Gareth Southgate funciona como exemplo paradigmático disso mesmo: quando assumiu o comando da seleção inglesa em 2016, depois de três anos com bons resultados à frente dos Sub-21, ninguém se lembrava que tinha sido o jogador a falhar aquele fatídico penálti no desempate das meias do Europeu de 1996 organizado pelo país que deu o apuramento (e a vitória depois) à Alemanha; agora, depois das recentes campanhas que fizeram regressar o famoso Football’s coming home, é contestado.
Até 2022, mesmo com uns traços de resultadismo que de quando em vez castravam a equipa do que era capaz de fazer melhor, recolocou a Inglaterra entre os primeiros como ainda não tinha acontecido durante este século. Conduziu a equipa ao quarto lugar no Mundial de 2018, caiu apenas nas grandes penalidades da final do Europeu de 2020 em Wembley com a Itália – ou seja, duas idas às meias-finais, algo que já não acontecia desde o tal jogo de 1996. Este ano, tudo ruiu: da goleada sofrida em casa frente à Hungria à descida à Liga B da Liga das Nações, passando pela série de seis encontros sem vitórias (três empates e três derrotas), a equipa sofreu um pesado retrocesso a nível de exibições e resultados que ninguém esperava.
É com esse contexto que Southgate chega ao Qatar, sem Reece James (lesão) e Tammy Abraham (opção) mas com um sem número de opções que começam a consolidar-se no conjunto principal depois de terem ganho títulos europeus e mundiais na formação. Num plano meramente teórico, mesmo com carências como a ala esquerda, a Inglaterra tem um dos plantéis mais equilibrados da competição com a base feita pelos melhores clubes da Premier League e alguns elementos que deverão ser titulares, casos de Jude Bellingham (B. Dortmund) e Declan Rice (West Ham) que prometem ser dois dos grandes nomes das duas próximas janelas de mercado. Perante isso, alguém voltará sempre para casa depois desta fase final (acessível dos grupos), entre o futebol que anseia por novos momentos altos ou o próprio Southgate.
BI
- Ranking FIFA atual: 5.º
- Melhor ranking FIFA: 3.º (agosto a setembro de 2012 e setembro a outubro de 2021)
- Alcunha: The Three Lions (Os Três Leões)
- Presenças em fases finais até 2022: 15
- Última participação: 2018 (4.º lugar com Bélgica, 2-0; derrota nas meias com Croácia, 2-1 a.p.)
- Melhor resultado: vencedor em 1966 (RFA, 4-2 a.p.)
- Qualificação: 1.º lugar do grupo I da Europa (26 pontos em 10 jogos com Macedónia do Norte, Roménia, Arménia, Islândia e Liechtenstein)
- O que seria um bom resultado? Chegar às meias/final
Jogos em 2022
- Jogo de preparação, 26/3: Suíça (casa), 2-1 (V)
- Jogo de preparação, 29/3: Costa do Marfim (casa), 3-0 (V)
- Grupos da Liga das Nações, 4/6: Hungria (fora), 0-1 (D)
- Grupos da Liga das Nações, 7/6: Alemanha (fora), 1-1 (E)
- Grupos da Liga das Nações, 11/6: Itália (casa), 0-0 (E)
- Grupos da Liga das Nações, 14/6: Hungria (casa), 0-4 (D)
- Grupos da Liga das Nações, 23/9: Itália (fora), 0-1 (D)
- Grupos da Liga das Nações, 26/9: Alemanha (casa), 3-3 (E)
O onze
- 3x4x3: Jordan Pickford; John Stones, Eric Dier, Harry Maguire; Trippier, Bellingham, Declan Rice, Luke Shaw; Saka, Mason Mount e Harry Kane
O treinador
- Gareth Southgate (inglês, 52 anos, desde setembro de 2016)
- Outros clubes: Middlesbrough e Sub-21 de Inglaterra
O craque
- Harry Kane (29 anos, avançado do Tottenham)
- Outros clubes: Leyton Orient, Milwall, Norwich e Leicester
A revelação
- Jude Bellingham (19 anos, médio do B. Dortmund)
- Outros clubes: Birmingham
O mais internacional e o maior goleador
- Peter Shilton (125 internacionalizações) e Wayne Rooney (53 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Jordan Pickford (Everton), Nick Pope (Newcastle) e Aaron Ramsdale (Arsenal)
- Defesas (9): Trent Alexander-Arnold (Liverpool), Conor Coady (Everton), Eric Dier (Tottenham), Harry Maguire (Manchester United), Luke Shaw (Manchester United), John Stones (Manchester City), Kieran Trippier (Newcastle), Kyle Walker (Manchester City) e Ben White (Arsenal)
- Médios (6): Jude Bellingham (B. Dortmund), Conor Gallagher (Chelsea), Jordan Henderson (Liverpool), Mason Mount (Chelsea), Kalvin Phillips (Manchester City) e Declan Rice (West Ham)
- Avançados (8): Phil Foden (Manchester City), Jack Grealish (Manchester City), Harry Kane (Tottenham), James Maddison (Leicester), Marcus Rashford (Manchester United), Bukayo Saka (Arsenal), Raheem Sterling (Chelsea) e Callum Wilson (Newcastle)
O local do estágio
- Souq Al Wakrah Hotel Qatar by Tivoli, em Al Wakrah (treinos: Al Wakrah SC Stadium)
A antevisão
A ligação a Portugal
- Mais uma vez, Eric Dier. O jogador do Tottenham, hoje com 28 anos, regressa a outra fase final de uma grande competição, este caso um Mundial, num trajeto que começou com uma fase final do Europeu, o de 2004, que trouxe a família para residir em Portugal primeiro em Lagos e depois na zona de Cascais. Foi nessa altura que fez testes de captação e ficou no Sporting, percorrendo as equipas de formação sem nunca abdicar de representar a Inglaterra. Depois de duas temporadas nos seniores, foi vendido em 2014 ao Tottenham quando estava perto de acabar contrato e continua nos spurs.