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Bloco de notas da reportagem no BE. Dia 1. Um dia que não desilude com Marisa Matias a jogar à defesa

Arruada, contacto com trabalhadores e visitas. Os ingredientes para rechear um dia de campanha estão todos lá. Sem falhas mas sem grandes momentos: assim foi a estreia do BE na estrada.

Se houvesse regras sobre como fazer um primeiro dia de campanha, o Bloco de Esquerda teria cumprido com a maior parte delas. Mas não se destacaria. A campanha de Marisa Matias arrancou esta segunda-feira com a candidata a jogar à defesa mas a cumprir com os mínimos. Dando mais músculo à estratégia que levou para os debates televisivos, a eurodeputada focou-se na mensagem que o partido quer passar e nem por um instante se desviou dessa tática. Recusando sempre comentar os bate-bocas entre os restantes adversários, e até negando-se a responder às críticas que o cabeça-de-lista da CDU, João Ferreira, lhe deixou nos debates. Marisa Matias optou sempre por não responder. “Não contem comigo para isso”, foi repetindo sempre que foi instada a pronunciar-se sobre as outras candidaturas — e não foram poucas vezes.

O Bloco de Esquerda tentou condensar num só dia várias ações que dessem corpo àquilo que tem vindo a proclamar desde que se conhecem os candidatos. São três os eixos centrais do partido para estas europeias: reforço do Estado Social; combate às alterações climáticas; e emprego. Ora, com a visita à Escola Básica Maria Barroso, uma escola pública que alterou a forma como confeciona as refeições, abolindo o uso de plásticos em todo o processo, arrumou os dois primeiros pontos. Com a ação de contacto com os funcionários da Autoeuropa pôde proclamar-se defensora de mais direitos laborais e melhores condições de emprego, em especial para aqueles trabalhadores. E assim arrumou o terceiro.

Na rua, Marisa Matias apresentou-se confortável e confiante. Conseguiu obter, na maior parte dos casos, uma boa reação por parte de quem com ela se cruzava. Curiosamente, as piores reações à sua presença foram vistas e ouvidas à entrada da Autoeuropa, em Palmela.

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“Vamos ser virais! Vamos ser virais!”

A frase foi dita por um dos alunos da Escola Básica Maria Barroso, que Marisa Matias visitou na manhã desta segunda-feira, assim que viu a candidata entrar na sala de aula rodeada de jornalistas, câmaras e microfones. A frase animou as hostes bloquistas, que a foram repetindo para quem não a tivesse ouvido.

Alto. Para início de campanha, ter uma estratégia que marque a diferença pode trazer bons augúrios. Mesmo que essa distinção seja feita mais no tom do que na quantidade de ações ou no conteúdo. A aposta numa postura mais sóbria que a dos outros candidatos pode ser útil para fazer o contraponto com as restantes campanhas. Sobretudo nesta fase inicial, onde os ataques têm estado a marcar mais a agenda do que as propostas propriamente ditas. No entanto, resta saber se esta estratégia será suficiente para convencer os abstencionistas e se, com tanta cautela, não se começará a pedir mais rasgo à candidata.

Baixo. A ação de contacto com trabalhadores da Autoeuropa foi curta, como normalmente uma distribuição de panfletos costuma ser. Mas, apesar de todas as tentativas para disfarçar, o nervoso miudinho por poder encontrar a campanha da CDU no mesmo local colocou os bloquistas apreensivos e menos soltos. Uma postura que não é a mais indicada para o contacto popular, neste caso com os trabalhadores de uma das fábricas mais importantes do país — e ao lado de quem o partido se tem posicionado recorrentemente.

Maria Helena, "orgulhosamente transmonstana", reformada e residente em Lisboa. Convidou Marisa Matias para lanchar. D.R.

Maria Helena estava a subir a Rua Paiva Couceiro ao mesmo tempo que a comitiva do Bloco de Esquerda a descia. Quando vislumbrou Marisa Matias alçou os braços e chamou a candidata. O abraço foi imediato. Segurando uma caixa de bolos de uma pastelaria da zona, convidou-a para lanchar. “Agora não posso”, explicava a candidata enquanto se ria. “Só se nos oferecer o lanche a todos”, ironizou José Gusmão. Depois de uma conversa em que desejou força e sorte à eurodeputada, Maria Helena, uma “orgulhosa transmontana” que reside em Lisboa “há muitos anos”, continuou rua acima com auxílio de uma muleta. Ao Observador explicou que gosta “muito de Marisa Matias”. “Ela faz coisas muito boas”, diz, sem conseguir concretizar. “Gosto dela porque é sincera. Mas olhe: as pessoas sinceras não vão a lado nenhum”, avisa enquanto se despede.

O primeiro ponto de encontro da campanha do Bloco de Esquerda foi marcado bem para o centro de Lisboa — para a Baixa Chiado. Daí o partido seguiria para o resto do país, que vai percorrer de norte a sul nos próximos 14 dias. A primeira paragem foi a AutoEuropa, em Palmela, do outro lado do rio Tejo. A terceira e última ação do dia obrigou a um regresso à margem norte: a arruada da Rua Morais Soares. Apesar de ter marcado o fim das iniciativas, a caravana bloquista não parou. Isto porque se fez à estrada em direção a Beja, onde vai começar o segundo dia de campanha. Um primeiro dia em que o partido percorreu cerca de 186 quilómetros.

A arruada da Rua Morais Soares foi o momento alto do dia, com a cabeça-de-lista a beneficiar da sua popularidade num território que lhe é relativamente favorável. Com bombos, tambores, saxofones e bandeiras, a campanha de Marisa Matias desceu a rua lisboeta sempre em tom de festa e ladeada por muitos dos candidatos que a seguem na lista que o partido apresenta ao Parlamento Europeu — o destaque dado a José Gusmão simboliza o objetivo do partido de eleger pelo menos dois parlamentares em Bruxelas, embora nas hostes bloquistas não gostem de falar de objetivos através de números.

Também contou com o apoio da maior parte do grupo parlamentar, incluindo o seu líder. Faltou apenas Catarina Martins, que estará muito presente na campanha mas que esta segunda-feira deixou o palco para a eurodeputada — até porque a líder, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, já tinha tido o seu momento de destaque.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

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