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O Twitter tem milhões de utilizadores em todo o mundo

SOPA Images/LightRocket/Getty Images

O Twitter tem milhões de utilizadores em todo o mundo

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O cofundador esquecido, os tweets marcantes e o papel político. A história do Twitter, que Musk está perto de comprar

Uma ideia de Jack Dorsey dá, em 2006, início à história do Twitter. Elon Musk está próximo de comprar a rede social, que tem milhões de utilizadores e que é usada pelas "elites políticas".

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Hashtags (#) e retweets fazem parte do vocabulário atual da internet e até já saltaram para a vida real. O principal responsável por isso é o Twitter, a rede social do pássaro azul cuja história começa em 2006 com uma ideia de Jack Dorsey, um tímido programador de cabelo azul e piercing no nariz.

Nas últimas semanas, 16 anos após a sua criação, o Twitter ganhou ainda mais destaque mediático com a notícia de que Elon Musk está próximo de adquiri-lo. Os primeiros dados divulgados após o anúncio da intenção de compra do bilionário mostram que, no primeiro trimestre de 2022, mais publicidade mas menos assinaturas do serviço premium Twitter Blue fizeram com que a plataforma aumentasse as receitas, em termos homólogos, em 16%. A publicidade representa 90% das receitas da rede.

Com a divulgação dos resultados, o Twitter revelou, no entanto, também que, por “erro”, inflacionou, em cerca de dois milhões, o número de utilizadores diários ativos que declarou nos últimos três anos — do primeiro trimestre de 2019 ao quatro trimestre de 2021. Mesmo assim, em todo o mundo, a rede social continua a ter milhões de utilizadores que usam a plataforma diariamente para se expressarem, para ver o que andam a fazer os amigos e até mesmo para se informarem. Do mito do cofundador esquecido aos tweets mais marcantes, da importância que adquire no mundo da política à mudança de CEO, como pode ser contada a história do Twitter, a rede social que Elon Musk está próximo de comprar?

Há ainda 40 mil milhões de dúvidas sobre a compra do Twitter por Elon Musk

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Uma rede social, duas versões sobre a sua criação

Os donos e administração do Twitter contam a história da criação da rede social de forma diferente daquela que é referida pelos primeiros investidores e funcionários da empresa. O papel de um dos cofundadores é particularmente ocultado numa das duas versões.

O Twitter conta a história da seguinte forma: Evan Williams tem uma startup chamada Odeo, que vai ser uma plataforma de podcasting, e pede ao seu amigo da Google, Christopher “Biz” Stone, para se juntar ao negócio. Quando a Apple decide adicionar podcasts ao iTunes, a Odeo percebe que o seu modelo de negócio poderá não ter tanto potencial. É nesta altura que Evan, “Biz” e Jack Dorsey, um dos funcionários da startup, se juntam e criam o Twitter.

A história parece simples, mas poderá não ser totalmente verdadeira. Entrevistas a funcionários e investidores envolvidos no negócio do Twitter desde o início referem que a rede social foi também criada por um empresário chamado Noah Glass, que funda a Odeo, startup em que Evan Williams investe e ganha um papel relevante, chegando a assumir o cargo de CEO.

A empresa tem 14 funcionários, incluindo Evan Williams, “Biz” e Jack Dorsey — descrito como um programador tímido que utiliza piercing no nariz e de cabelo azul —, quando fica sem rumo após a Apple decidir colocar podcasts no iTunes. Percebendo que o futuro não poderia passar pelo podcasting, os fundadores questionam: o que se segue para a Odeo? Noah Glass vê potencial em Jack Dorsey, considerado “uma das estrelas” da startup. E é mesmo o programador tímido que tem a ideia que dá origem ao Twitter.

Jack Dorsey quer criar uma plataforma em que um utilizador pode enviar uma mensagem para o número “40404” com um pensamento ou a descrição do que estava a fazer num determinado momento do dia. O “status” era transmitido para todos os seus amigos via SMS. A ideia é apresentada em fevereiro de 2006 por Glass e Dorsey ao resto da empresa. Apesar do ceticismo de Evan Williams relativamente ao potencial do projeto, o mesmo avança.

A criação do que virá a ser o Twitter — inicialmente chamado “twttr” — é uma ideia original de Jack Dorsey. Inicialmente, a rede social é apenas utilizada por pessoas que trabalham para a Odeo, que tinha um protótipo funcional da plataforma. O nome Twitter é inspirado pelo Flickr, serviço de partilha de imagens. Jack Dorsey considera que o nome é adequado por ser “uma pequena explosão de informações inconsequentes” e “pios de pássaros”, definições que a palavra tem no dicionário.

Em março de 2006, Jack Dorsey partilha a primeira publicação de sempre da rede social escrevendo “acabei de configurar a minha conta twttr”. Com o sucesso inicial da ideia, considerada como inovadora, Noah Glass quer comandar o projeto sozinho e a tensão no local de trabalho aumenta. O mito do cofundador esquecido começa aqui. Evan Williams demite Noah Glass, com o total apoio de Jack Dorsey.

Sem a presença de Noah Glass, Evan Williams, Christopher “Biz” Stone e Jack Dorsey, atualmente reconhecidos como os três cofundadores da rede social, adquirem a maioria dos ativos dos investidores e acionistas da Odeo, para depois criarem a Obvious Corp, na qual irão desenvolver a versão final do Twitter.

Um terramoto em São Francisco torna claro para a empresa que os seus serviços podem ter utilidade nas notícias de última hora. A notícia do sismo espalha-se rapidamente pela rede social, sendo também assinalada por dois dos seus cofundadores. Este momento marca a plataforma, que no outono de 2006 tem milhares de utilizadores.

A popularidade da rede social aumenta ainda mais em 2007. O conjunto de festivais de cinema, de música e de tecnologia South By Southwest (SXSW) que acontece em Austin, no Texas, nos EUA, atrai muita atenção para o Twitter. Evan Williams coloca grandes ecrãs e pósteres no evento explicando aos participantes como podem inscrever-se na rede social, que acaba por servir para informar as pessoas sobre os melhores locais do evento. Quando o Twitter ganha o prémio de “melhor startup” no South By Southwest, ninguém é apanhado de surpresa. Um mês depois do SXSW, uma injeção de capital de risco permite que o Twitter Inc. seja criado como uma entidade corporativa. Jack Dorsey é o primeiro CEO da empresa, que com o passar dos anos se consolida como um verdadeiro fenómeno de popularidade.

16 tweets marcantes em 16 anos de história

O primeiro tweet em português é escrito por Cris Dias, brasileiro de São Paulo, que expressa o seu contentamento e também alguma surpresa pelo facto de o Twitter funcionar.

Um tweet de Chris Messina, utilizador da plataforma desde o início, muda a rede social para sempre. A hashtag (#) é lançada para a comunidade online como uma forma de organizar publicações por temas, para ser mais fácil também pesquisá-los. Chris Messina apresenta a ideia aos cofundadores do Twitter, que a acharam “demasiado nerd”, mas a realidade é que foi um verdadeiro sucesso que hoje é transversal a todas as redes sociais. O criador da hashtag afirma que nunca patenteou a ideia, nem recebeu qualquer compensação monetária por ela, uma vez que essa também não era a sua intenção.

“O melhor dia de sempre.” É desta forma que a NASA escolhe o Twitter para divulgar a notícia de que o Mars Phoenix Lander descobre gelo em Marte.

O sucesso do Twitter é cada vez mais evidente com o passar dos anos. Ashton Kutcher chega mesmo a desafiar a CNN dizendo que será ele próprio, e não o site de notícias, o primeiro utilizador a atingir a marca de um milhão de seguidores na rede social. O ator consegue superar a CNN com uma diferença de apenas 30 minutos, vitória que reinvindica no programa de Oprah Winfrey. A conhecida apresentadora de televisão conta com a ajuda do cofundador Evan Williams para escrever o seu primeiro tweet: “Sinto-me realmente no século 21”.

Com a primeira publicação de Oprah Winfrey, o Twitter consegue atingir números recorde de novos utilizadores e é um fenómeno passa a contar com a participação de cada vez mais celebridades. Este facto leva a empresa a introduzir em 2011 o “certinho azul” para verificar contas, comprovando que eram mesmo dos famosos e não falsas.

O alpinista Kenton Cool é o primeiro a conseguir fazer um tweet do topo do monte Evereste e agradece à Samsung pela conquista, uma vez que escala a montanha com um smartphone Galaxy S2 no seu equipamento.

Barack Obama é o primeiro Presidente a anunciar o sucesso de umas eleições no Twitter. Em 2012, o então Presidente dos EUA coloca uma publicação na rede social abraçado à sua mulher, Michelle Obama, a comemorar “mais quatro anos” na Casa Branca.

O ator norte-americano Paul Walker morreu num acidente de carro em 2013. O anúncio da morte do ator da saga “Velocidade Furiosa” no Twitter é uma das publicações da rede social com mais retweets de sempre.

A selfie tirada na cerimónia dos Óscares de 2014 por Bradley Cooper faz história no Twitter. A imagem publicada por Ellen DeGeneres, acompanhada por outras celebridades como Julia Roberts, Jennifer Lawrence, Brad Pitt ou Angelina Jolie, torna-se na mais partilhada da história do Twitter em 2014. Em menos de uma hora, a fotografia supera um milhão de retweets.

O jornal Charlie Hebdo é alvo de um ataque terrorista em janeiro de 2015. As notícias sobre o atentado são seguidas no Twitter pelos utilizadores da rede social. A publicação de Joachim Roncin fica particularmente viral. O jornalista, e também diretor de arte, publica uma imagem com um fundo negro e com o slogan “Je Suis Charlie”, lema que é adotado pelos apoiantes da liberdade de expressão e liberdade de imprensa após o tiroteio que matou 12 pessoas.

Bruce Jenner transforma-se em Caitlyn Jenner em 2015. O processo de transformação culmina com a aparição de Caitlyn na capa da revista Vanity Fair. Com um aumento exponencial de popularidade e ao atrair a atenção de pessoas de todo o mundo, Caitlyin Jenner consegue alcançar um milhão de seguidores no Twitter em apenas quatro horas e quatro minutos.

O anúncio do aumento do limite de caracteres do Twitter de 140 para 280 marca o ano de 2017. Os utilizadores da rede social passaram a ter o dobro dos caracteres para escreverem os seus pensamentos e opiniões. “Uma pequena mudança, mas um grande passo para nós”, escreve Jack Dorsey sobre a novidade.

O nome Macaulay Culkin pode ser desconhecido para algumas pessoas, mas basta mencionar que é “o ator que fez a personagem principal dos filmes ‘Sozinho em Casa'” para que quase todas as pessoas saibam que é. “Querem sentir-se velhos?” questiona num tweet, em 2020, que rapidamente ficou viral. Macaulay Culkin celebra o seu 40.º aniversário nesse ano.

Um dos tweets com mais gostos de sempre é o anúncio da morte de Chadwick Boseman. O ator protagonista do filme “Pantera Negra” morreu após uma batalha de quatro anos contra um cancro no cólon. O anúncio é feito pela família que, em comunicado, explica que o ator gravou vários filmes “durante e entre inúmeras cirurgias e quimioterapia”.

Quando os resultados das eleições norte-americanas de 2020 são divulgados, Kamala Harris faz um tweet que fica rapidamente popular. A primeira vice-presidente negra dos EUA partilha com os seus seguidores um vídeo em que aparece a comemorar a vitória. “Nós conseguimos, nós conseguimos Joe [Biden], vais ser o próximo Presidente dos Estados Unidos”, disse.

Recém-eleito Presidente dos EUA, Joe Biden escreve, horas antes de tomar posse, que o dia 20 de janeiro “é um novo dia na América”. A data marca também o dia em que o seu antecessor, Donald Trump, deixa definitivamente a Casa Branca.

Mais recentemente, foi publicado outro tweet que ficará certamente para a história da rede social. Elon Musk reage à aceitação da oferta que fez para comprar o Twitter por parte da administração da rede social, escrevendo que “a liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento e o Twitter é a praça da cidade digital onde assuntos vitais para o futuro da humanidade são debatidos”.

Uma nova era para o Twitter: a saída de Jack Dorsey, que apoia Elon Musk

Jack Dorsey é o primeiro CEO do Twitter e o seu nome está marcado, desde o início, na história da empresa. Em 2008, por incentivo de Evan Williams, que viria a ficar com o cargo, os acionistas retiram Dorsey da posição de CEO. Só em junho de 2015 é que o cofundador da rede social voltaria a assumir novamente esse cargo.

O nome de Jack Dorsey é tão associado ao Twitter como o de Zuckerberg ao Facebook. Talvez por isso seja uma surpresa quando o antigo programador anuncia, em 2021, que deixará novamente de ser CEO da empresa. A sua saída marca uma mudança na empresa, que enfrenta anos de pressão dos investidores que não acreditam que a rede social gera dinheiro suficiente.

Num email enviado aos funcionários do Twitter e depois partilhado na rede social, Jack Dorsey explica que quer que a empresa deixe de ser liderada por fundadores, porque acredita que isso acaba por tornar-se numa fraqueza ao longo do tempo. “Trabalhei arduamente para garantir que esta empresa possa separar-se da sua fundação e dos seus fundadores”, afirma.

Não são muitas as empresas que chegam a este nível. E não há muitos fundadores que escolhem a sua empresa em detrimento do próprio ego”, salienta Jack Dorsey.

Parag Agrawal ocupa, desde então, o cargo de CEO do Twitter. Aos 37 anos, o engenheiro de software é descrito como sendo uma pessoa discreta, refere o jornal The New York Times, e que começa a sua carreira na empresa há mais de 10 anos, tendo sido nomeado diretor de tecnologia em 2017. “Curioso, investigador, racional, criativo, exigente, consciente de si mesmo e humilde”, Parag Agrawal conta com a “confiança profunda” de Dorsey.

Jack Dorsey vai permanecer no conselho de administração do Twitter até à próxima eleição, que decorrerá ainda este ano, tendo enfatizado que foi o próprio que tomou a decisão de sair, não tendo sido obrigado a fazê-lo. Apesar de explicar que quer deixar a empresa para se concentrar em projetos de criptomoedas e filantropia, o cofundador mantém-se bastante ativo na rede social e tem mostrado apoiar Elon Musk.

Após semanas incertas, a administração do Twitter anunciou que aceitou a oferta de Elon Musk para comprar a rede social por 44 mil milhões de dólares. As reações à notícia não se fizeram esperar e Jack Dorsey afirma que, embora acredite que ninguém “deva possuir ou administrar” a rede social, o multimilionário “é a única solução” em que confia. “Eu confio na sua missão de ampliar a luz da consciência”, garante.

Piadas, críticas, elogios e “a única solução” confiável. As reações à compra do Twitter por Elon Musk

Os dois homens têm visões semelhantes de como o Twitter deve operar e ambos concordam que a rede social deve sair de bolsa e tornar-se numa empresa privada. Porém, a relação entre os dois é mais antiga do que aparenta ser. Em 2016, Jack Dorsey já tinha explicado porque é que a conta de Elon Musk é uma das melhores da rede social.

“Ele é muito aberto e utiliza [a rede social] para corrigir a imprensa e as pessoas que não estão focadas nas coisas certas. Eu acho que ele é um modelo muito bom de como usá-lo [ao Twitter] bem”, disse o então CEO da plataforma, citado pelo Business Insider.

Numa entrevista feita na rede social em 2019 pela jornalista do The New York Times Kara Swisher, Jack Dorsey volta a elogiar Musk, dizendo que o multimilionário está focado em “resolver problemas existenciais e em partilhar o seu pensamento abertamente” na plataforma.

Num evento do Twitter em janeiro de 2020, Dorsey pergunta a Musk o que é que ele mudaria na rede social. O multimilionário responde que tentaria encontrar uma forma de diferenciar melhor os bots de pessoas reais — mudança que prometeu fazer desde que se ofereceu para comprar o Twitter — o que terá feito a admiração entre os dois crescer ainda mais.

Da alteração do modelo de negócio ao fim da moderação de conteúdos. O que pode Elon Musk mudar no Twitter?

O patrão da Tesla mostra apoio a Jack Dorsey enquanto CEO do Twitter, antes e depois da sua saída do cargo, porque acredita que este tem “bom coração”, portanto não é de admirar que Musk seja a única solução em que o cofundador da rede social confie para comprar a empresa.

O Twitter é “politicamente neutro”?

O Twitter não serve só para partilhar novidades ou estados de espírito com amigos. A rede social é também utilizada por políticos que se tentam aproximar do seu eleitorado, dando a conhecer as suas ideias e as posições que defendem através das publicações que fazem.

“O caráter mais politizado do Twitter decorre exclusivamente do facto de que o conteúdo partilhado se baseia muito mais em texto do que em imagens, ao contrário do que acontece em redes sociais como o Instagram ou o TikTok”, explica Francisco Conrado, investigador e professor especializado em análise de redes sociais, em declarações ao Observador.

Já a investigadora da Universidade Católica Rita Figueiras afirma ao Observador que o “Twitter é um lugar onde estão as elites. As elites políticas como estava o antigo Presidente dos EUA, que era muito ativo. [A plataforma] tem um estatuto de influência que é muito importante e que podemos ver que é uma marca do Twitter nas redes sociais”.

Após ter sido noticiado de que poderá estar prestes a garantir a compra da rede social, Elon Musk defendeu que, para que o Twitter mereça “confiança pública”, terá de ser “politicamente neutro”, o que significa que deve “perturbar igualmente a extrema direita e a extrema esquerda”.

No entanto, um estudo realizado pela própria rede social mostra que o Twitter está longe da neutralidade, uma vez que o algoritmo favorece os tweets de partidos políticos e agências de notícias de direita em detrimento das publicações de esquerda. A investigação analisou estes tweets entre 1 de abril e 15 de agosto de 2020 em sete países: Canadá, França, Alemanha, Japão, Espanha, Reino Unido e EUA. A rede social concluiu que os principais partidos e meios de comunicação de direita têm níveis mais elevados de “amplificação algorítmica”, ou seja, têm mais alcance porque o algoritmo os beneficia.

"O Twitter favorece os utilizadores mais empenhados em discutir o seu ponto de vista, o que normalmente acontece entre pessoas da extrema direita e defensoras de nichos ou ideias minoritárias"
Francisco Conrado

Mas nem sempre isso acontece. Francisco Conrado explica que em Portugal, nas últimas eleições legislativas, os “partidos menores, independentemente de serem de direita ou de esquerda”, tiveram mais impacto na rede social do que partidos maiores como PS ou PSD. Ainda assim, no país a tendência é que os utilizadores sejam mais de esquerda, o que faz com que partidos “como o Livre tenham maior impacto” na plataforma.

O Twitter é várias vezes acusado de silenciar vozes conservadoras da política norte-americana. A mais conhecida dessas vozes é a de Donald Trump, que terá utilizado a rede social para incitar à violência entre os seus apoiantes, o que conduziu à invasão do Capitólio a 6 de fevereiro de 2021. A conta do antigo Presidente dos Estados Unidos foi suspensa dois dias depois, e assim permanece atualmente, por alegadamente ter violado as políticas da plataforma.

O Twitter não tem só o poder de conseguir silenciar algumas vozes da sociedade. A rede social consegue impulsionar movimentos políticos e sociais. O mundo assistiu em tempo real, online, aos protestos pró-democracia e antigovernamentais que eclodiram no Médio Oriente e no Norte de África em 2010. O movimento que ficou conhecido como “Primavera Árabe” utilizou as redes sociais para se organizar, para comunicar e também para sensibilizar o mundo para as tentativas de repressão e censura.

“O Twitter atuou como amplificador e multiplicador da mensagem”, explica Mohammed Soliman, estudante do Middle East Institute (Instituto do Médio Oriente, em tradução livre) em Washington, à ABC News. “O Twitter foi uma forma de confortar as pessoas para lhes dizer: ‘você não está sozinho quando vai para as ruas'”.

O movimento #BlackLivesMatter conseguiu chamar a atenção para o racismo e para a violência policial contra cidadãos negros nos EUA. A hashtag é utilizada em 390 milhões de tweets nos Estados Unidos entre 25 de maio e 15 de junho de 2020, número que representa 17% de todas as conversas da rede social naquele período.

Tal como as discussões públicas sobre a violência policial contra cidadãos negros, também as denúncias de assédio e agressão sexual no local de trabalho estavam envoltas em algum secretismo e tabu. Até que o #MeToo ficou viral no Twitter e levou vítimas a partilhar as suas histórias. O movimento já existia, mas ganhou uma nova dimensão com um tweet da atriz Alyssa Milano: “Se todas as mulheres que foram sexualmente assediadas escreverem ‘Me Too’ no seu estado, talvez as pessoas tenham a noção da magnitude do problema.”

A publicação da atriz foi feita numa altura em que surgiram acusações de assédio contra Harvey Weinstein, produtor de filmes condenado em 2020 a 23 anos de prisão pelos crimes de ato sexual criminoso em primeiro grau e de violação em terceiro grau. É a publicação de Alyssa Milano que dá origem à hashtag MeToo.

Desde a publicação de memes à atualização de estados de espírito, até à capacidade de impulsionar movimentos sociais como o Me Too, o Twitter tem múltiplos propósitos. Elon Musk pretende que até os seus maiores críticos fiquem na plataforma. Porém, as notícias de que o multimilionário está próximo de comprar a rede social já estão a ter impacto em algumas das contas mais populares, que perderam milhares de seguidores.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, perdeu 5.610 seguidores só na passada segunda-feira. A conta mais seguida do Twitter é de Barack Obama, que registou uma quebra de 300 mil seguidores desde a notícia do acordo do patrão da Tesla com a administração para comprar a rede social. As celebridades também estão a ser afetadas pelo anúncio. A cantora Katy Perry, por exemplo, perdeu 200 mil seguidores.

Algumas contas de políticos de direita sofreram o efeito oposto. Com as notícias recentes que tornam Elon Musk quase dono do Twitter, o governador da Flórida, Matt Gaetz, ganhou 144.566 seguidores. A conta do canal de notícias pró-Trump One America News Network ganhou 13.568 seguidores só na terça-feira.

As oscilações no número de seguidores refletem a felicidade que muitos republicanos expressaram com a hipótese de as políticas de moderação do Twitter — que proíbem publicações sobre temas como assédio ou violência — serem alteradas após a compra do patrão da Tesla. Por outro lado, retratam também a preocupações dos democratas, que temem que a desinformação passe a ser predominante na rede social.

O aumento ou a perda de seguidores de várias contas em reação ao acordo entre Musk e a administração do Twitter “não significa que a rede social vá perder os seus utilizadores”. Francisco Conrado afirma que “os temas como este inicialmente tendem sempre a ser muito quentes e a trazer muita discussão, mas depois as pessoas perdem um bocado o interesse e começam a voltar à normalidade. Muito exaltados numa resposta inicial, [os utilizadores] focam-se depois na próxima polémica, naquela que vier a seguir.”

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