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País de Gales (grupo B). Rob Page e o espírito de Rhondda para inverter atual rumo e dar música no último Ba(i)le de Gareth

País de Gales regressa a um Mundial 64 anos depois e tenta recuperar mentalidade desse conjunto que só caiu nos quartos com o Brasil depois de uma Liga das Nações só com um ponto em 18 possíveis.

Todas as equipas ou seleções têm os seus capítulos de “ses”. “Se”tivesse acontecido isto, podia ser diferente. “Se” não fosse aquilo, tudo mudava. Também o País de Gales tem o seu capítulo de “se”, que neste caso não entronca na melhor campanha de sempre do país quando chegou às meias do Europeu de 2016 e perdeu com Portugal (num jogo com pouca história, acrescente-se, naquela que foi a única vitória nacional nos 90 minutos) mas sim na derrota com o Brasil nos quartos do Mundial de 1958. “Se o John Charles tivesse jogado, o resultado podia ser diferente”, comentou depois o técnico Jimmy Murphy sobre essa partida que não contou com a grande figura galesa em campo e que foi decidida por um miúdo chamado… Pelé.

Murphy fez quase toda a carreira no West Bromwich (em 1939 assinou pelo Swindon Town mas acabou a carreira poucas semanas depois com a Segunda Guerra Mundial) e era visto como alguém que representava da melhor forma a terra de onde vinha, Rhondda, com uma comunidade industrial de gente de trabalho que sofreu com as piores crises económicas mas que nunca se deixou abater tendo o desporto como grande escape. Em parte, Rob Page, antigo técnico interino que substituiu Ryan Giggs em definitivo em novembro de 2020 pelos processos de violência doméstica e assédio sexual, encarna esse espírito no regresso à fase final de um Mundial 64 anos depois. E é com isso que espera fazer uma surpresa no Qatar.

Tirando Gareth Bale, que reencontrou o prazer de jogar nos EUA pelo Los Angeles FC (não só foi campeão como marcou o golo decisivo), o País de Gales não tem propriamente muitas estrelas. Trabalha muito, corre muito, mostra uma enorme entrega e entreajuda em campo, tenta levar o jogo para a dimensão mais física possível, de quando em vez procura jogar. A campanha no grupo da Liga das Nações, com um empate e cinco derrotas com Bélgica, Países Baixos e Polónia, mostrou as fragilidades que esse conceito pode ter mas ainda existe uma esperança nacional de poder recuperar o espírito de 1958 para inverter esse rumo.

País de Gales manteve-se como uma equipa altamente competitiva mas acabou por perder alguns jogos na Liga das Nações nos minutos finais

CameraSport via Getty Images

BI

  • Ranking FIFA atual: 19.º
  • Melhor ranking FIFA: 8.º (outubro de 2015)
  • Alcunha: The Dragons (Os Dragões)
  • Presenças em fases finais até 2022: 1
  • Última participação: 1958 (quartos com Brasil, 1-0)
  • Melhor resultado: quartos em 1958 (Brasi, 1-0.)
  • Qualificação: 2.º lugar do grupo E da Europa (15 pontos em 8 jogos com Bélgica, Rep. Checa, Estónia e Bielorrússia) e vitória no playoff final (Áustria. 2-1 e Ucrânia, 1-0)
  • O que seria um bom resultado? Passar a fase de grupos

Jogos em 2022

  • Playoff de apuramento Mundial, 24/3: Áustria (casa), 2-1 (V)
  • Jogo de preparação, 29/3: Rep. Checa (casa), 1-1 (E)
  • Grupos da Liga das Nações, 1/6: Polónia (fora), 1-2 (D)
  • Playoff de apuramento Mundial, 5/6: Ucrânia (casa), 1-0 (V)
  • Grupos da Liga das Nações, 8/6: Países Baixos (casa), 1-2 (D)
  • Grupos da Liga das Nações, 11/6: Bélgica (casa), 1-1 (E)
  • Grupos da Liga das Nações, 14/6: Países Baixos (fora), 2-3 (D)
  • Grupos da Liga das Nações, 22/9: Bélgica (fora), 1-2 (D)
  • Grupos da Liga das Nações, 25/9: Polónia (casa), 0-1 (D)

O onze

  • 3x4x3: Hennessey; Ampadu, Rodan, Ben Davies; Connor Roberts, Allen, Ramsey, Neco Williams; Gareth Bale, Daniel James e Moore

O treinador

  • Rob Page (galês, 48 anos, desde novembro de 2020)
  • Outros clubes: Port Vale, Northampton Town e Sub-21 de Gales

Rob Page assumiu o comando da seleção do País de Gales depois da saída de Ryan Giggs e conseguiu primeiro apuramento para o Mundial desde 1958

Getty Images

O craque

  • Gareth Bale (33 anos, avançado do Los Angeles FC)
  • Outros clubes: Southampton, Tottenham e Real Madrid

A revelação

  • Neco Williams (21 anos, defesa do Nottingham Forest)
  • Outros clubes: Liverpool e Fulham

O mais internacional e o maior goleador

  • Chris Gunter (109 internacionalizações) e Gareth Bale (40 golos)

Gareth Bale deixou o Real Madrid este verão e fez uma grande temporada nos EUA, sagrando-se campeão pelos Los Angeles FC

CameraSport via Getty Images

Os 26 convocados

  • Guarda-redes (3): Wayne Hennessey (Nottingham Forest), Danny Ward (Leicester) e Adam Davies (Sheffield United)
  • Defesas (9): Ben Cabango (Swansea), Ben Davies (Rangers), Tom Lockyer (Luton), Joe Rodon (Rennes), Chris Mepham (Bournemouth), Ethan Ampadu (Spezia), Chirs Gunter (Wimbledon), Neco Williams (Nottingham Forest) e Connor Roberts (Burnley)
  • Médios (9): Sorba Thomas (Huddersfield), Joe Allen (Swansea), Matt Smith (MK Dons), Dylan Levitt (Dundee United), Harry Wilson (Fulham), Joe Morrell (Portsmouth), Jonny Williams (Swindon Town), Aaron Ramsey (Nice) e Robin Calwill (Cardiff)
  • Avançados (5): Gareth Bale (Los Angeles FC), Kieffer Moore (Bournemouth), Mark Harris (Cardiff), Brennan Johnson (Nottingham Forest) e Daniel James (Fulham)

O local do estágio

  • Delta Hotels City Center Doha, em Doha (treinos: Al Sadd SC New Training Facilities 2)

A antevisão

"Há uma grande onda à nossa volta por termos conseguido a qualificação para o Mundial como já não acontecia desde 1958 e por estarmos no mesmo grupo da Inglaterra. Tenho amigos em Inglaterra que me dizem que gostam de ver Gales jogar. É uma honra estarmos nesta prova, sabendo que as nossas famílias e amigos estarão a seguir na TV. Não vamos só para fazer número e o Europeu de 2016 é uma prova disso mesmo", Rob Page ao The Guardian

A ligação a Portugal

  • Não existe propriamente uma ligação direta da seleção galesa a Portugal, apenas aqueles habituais pontos de contacto como o facto de dois dos jogadores, Harry Wilson e Daniel James (que saiu do Manchester United com a chegada de Cristiano Ronaldo), serem treinados por Marco Silva no Fulham ou Gareth Bale ter jogado vários anos com Ronaldo no Real Madrid. No entanto, o País de Gales terá sempre um papel de relevo na história da Seleção: foi o adversário nas meias-finais do Euro-2016, com Ronaldo e Nani a marcarem os golos da vitória que valeu a presença na final e a conquista do troféu.

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