Louis van Gaal já tinha chamado quatro e não os habituais três guarda-redes na última paragem para os compromissos das seleções. Ainda assim, não chegava. Quis mais dois, num total de seis. E não ficou por aí: a par de Kjell Scherpen (Vitesse) e Justin Bijlow (Feyenoord), reforçou de forma temporária a equipa técnica com Peter Murphy, antigo selecionador neerlandês de voleibol, para estudar ao pormenor qual seria o melhor a defender grandes penalidades, quase preparando o mesmo número que lhe valeu uma ida até à final do Mundial em 2014. “Haverá pouca preparação antes do Mundial e é um detalhe muito importante, muitas vezes os penáltis são absolutamente decisivos nas grandes competições”, explicou.
Quando Frank de Boer deixou a seleção após cair nos oitavos do Campeonato da Europa, e num contexto em que os Países Baixos tinham falhado antes a qualificação para o Euro-2016 e para o Mundial de 2018, a Federação tinha um sem número de opções mas optou por tirar da reforma o técnico que tinha metidos os papéis para a reforma após sair do Manchester United. As ideias mais fora da caixa continuavam lá como se percebe pelo exemplo supracitado mas Van Gaal teve de ir ganhando outras batalhas para chegar agora ao Qatar com um registo imponente: contando as três passagens pela seleção, e deixando de fora desaires no prolongamento e nas grandes penalidades, não perde há 32 jogos… desde setembro de 2001.
Primeira resistência: convencer os pesos pesados da equipa que, perante as soluções agora existentes e a falta de alas mais puros, a melhor forma de montar uma estrutura passava por abdicar do habitual 4x3x3 e voltar a um modelo de 3x5x2 (ou 5×32 sem bola) que pudesse evoluir para 3x4x1x2. Conseguiu. Segunda resistência: passar os seus métodos à equipa como ideias atuais e capazes de potenciar o seu rendimento. Conseguiu. Terceira “resistência”: ganhar a difícil luta contra um cancro na próstata, o que levou a que fizesse 25 sessões de radioterapia sem que ninguém da equipa soubesse e esperasse quase seis meses para ter a certeza de que o problema estava resolvido numa fase em que se falavam de possíveis sucessores. Agora, nesta espécie de último tango, só falta mesmo ganhar a resistência dos Países Baixos ao Mundial que nunca ganhou apesar de ter ido três vezes à final (e de ter perdido duas no prolongamento).
BI
- Ranking FIFA atual: 8.º
- Melhor ranking FIFA: 1.º (agosto de 2011)
- Alcunha: Orange (A Laranja)
- Presenças em fases finais: 10
- Última participação: 2014 (3.º lugar com Brasil 3-0; derrota nas meias com Argentina, 0-0 e 4-2 g.p.)
- Melhor resultado: finalista vencida em 1974 (RFA, 2-1), 1978 (Argentina, 3-1 a.p.) e 2010 (Espanha, 1-0 a.p.)
- Qualificação: 1.º lugar do grupo G da Europa (23 pontos em 10 jogos com Turquia, Noruega, Montenego, Letónia e Gibraltar)
- O que seria um bom resultado? Chegar às meias-finais
Jogos em 2022
- Jogo particular, 26/3: Dinamarca (casa), 4-2 (V)
- Jogo particular, 29/3: Alemanha (casa), 1-1 (E)
- Grupos da Liga das Nações, 3/6: Bélgica (fora), 4-1 (V)
- Grupos da Liga das Nações, 8/6: País de Gales (fora), 2-1 (V)
- Grupo da Liga das Nações, 11/6: Polónia (casa), 2-2 (E)
- Grupo da Liga das Nações, 14/6: País de Gales (casa), 3-2 (V)
- Grupo da Liga das Nações, 22/9: Polónia (fora), 2-0 (V)
- Grupo da Liga das Nações, 25/9: Bélgica (casa), 1-0 (V)
O onze
- 3x5x2: Pasveer; Timber, Van Dijk, De Ligt; Dumfries, Frenkie de Jong, Berghuis, Nathan Aké; Cody Gakpo; Memphis Depay e Bergwijn
O treinador
- Louis van Gaal (neerlandês, 71 anos, desde agosto de 2021)
- Outros clubes: AZ (adjunto), Ajax (formação), Ajax (adjunto), Ajax, Barcelona, Países Baixos, Sub-20 dos Países Baixos, AZ, Bayern e Manchester United
O craque
- Virgil van Dijk (31 anos, central do Liverpool)
- Outros clubes: Groningen, Celtic e Southampton
A revelação
- Cody Gakpo (23 anos, médio ofensivo/ala do PSV)
- Outros clubes: PSV B
O mais internacional e o maior goleador
- Wesley Sneijder (134 internacionalizações) e Robin van Persie (50 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Justin Bijlow (Feyenoord), Andries Noppert (Heerenveen) e Remko Pasveer (Ajax)
- Defesas (9): Virgil van Dijk (Liverpool), Nathan Aké (Manchester City), Daley Blind (Ajax), Jurrien Timber (Ajax), Denzel Dumfries (Inter), Stefan de Vrij (Inter), Matthijs de Ligt (Bayern), Tyrell Malacia (Manchester United) e Jeremie Frimpong (Bayer Leverkusen)
- Médios (7): Frenkie de Jong (Barcelona), Steven Berghuis (Ajax), Davy Klaassen (Ajax), Teun Koopmeiners (Atalanta), Marten de Roon (Atalanta), Kenneth Taylor (Ajax) e Xavi Simons (PSV)
- Avançados (7): Cody Gakpo (PSV), Memphis Depay (Barcelona), Steven Bergwijn (Ajax), Vincent Janssen (Antuérpia), Luuk de Jong (PSV), Noa Lang (Club Brugge) e Wout Weghorst (Besiktas)
O local do estágio
- The St. Regis Doha, em Doha (treinos: Qatar University Training Site 6)
A antevisão
A ligação a Portugal
- Quando assinou pelo Ajax no verão de 2021, depois de quatro temporadas no Vitesse onde foi titular em três e jogou como nunca na última, Remko Pasveer, então com 37 anos, tinha apenas destinado o papel de terceiro ou mesmo quarto guarda-redes atrás de Stekelenburg, Onana e Tyton. Por lesões e suspensões, após já ter estado na goleada sofrida pelo PSV na Supertaça, acabou por fazer a estreia na Liga dos Campeões em Alvalade frente ao Sporting, sendo que voltou mais tarde a Lisboa para jogar com o Benfica nos oitavos tendo sofrido uma lesão nos dedos da mão que o colocaram em campo de forma condicionada. Tudo isso acabou por colocar o guardião no raio de Van Gaal, que lhe deu a primeira internacionalização aos 38 anos quando já apontava para a reforma.