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Ja Morant e os Memphis Grizzlies colocam em risco o domínio dos Golden State Warriors de Stephen Curry na conferência Oeste
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Ja Morant e os Memphis Grizzlies colocam em risco o domínio dos Golden State Warriors de Stephen Curry na conferência Oeste

Getty Images

Ja Morant e os Memphis Grizzlies colocam em risco o domínio dos Golden State Warriors de Stephen Curry na conferência Oeste

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Racismo, murros, perder de propósito e pontos como nunca: a NBA mais imprevisível e com mais drama de sempre

Prognósticos, previsões, palpites? Para esquecer. É a época da NBA em que mais jogadores marcaram acima de 40 pontos e que mais têm acima de 40% de três mas muito mais mudou – e já se pensa no draft.

Estamos quase a chegar àquela época do ano em que centenas de milhões de pessoas ficam acordadas até altas horas da madrugada. Mais de metade da época já foi jogada, numa questão de dias fecha a janela de transferências, e num instantinho estamos naquilo que o povo da bola laranja mais gosta – os playoffs, quando a intensidade e o drama atingem níveis à crash da Bolsa em 1929.

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Historicamente, uma final de conferência está semi decidida: as estatísticas dizem que a percentagem de equipas que chegam à final de conferência depois de acabarem a fase regular abaixo do terceiro lugar da sua conferência é baixíssima e isto aponta para uma final inédita a Oeste, entre Denver Nuggets e os Memphis Grizzlies.

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São Francisco está desse lado (o Oeste), mas a equipa local, os Golden State Warriors, quedam-se pelo décimo lugar (o que, se a fase regular acabasse agora, lhes permitia à justa ir ao play-in, uma competição que apura quatro dos 16 lugares do playoff), o que é surpreendente, tendo em conta que foram os campeões da época passada – mas não são caso único de queda abrupta na tabela. Os Phoenix Suns (que atuam na mesma conferência) venceram a fase regular da época passada (com um recorde de vitórias acima de 60, o que é sempre extraordinário) e esta época estão na sétima posição.

Estas não são as únicas mudanças dramáticas na tabela classificativa da época passada para este ano: os Kings (onde atua o português Neemias Queta) seguem em terceiro e quase certamente atingirão os playoffs pela primeira vez em 16 anos; em quarto estão os New Orleans Pelicans, que deverão subir na classificação assim que Zion, o seu melhor jogador, esteja fisicamente capaz de jogar mais de 30 minutos.

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Há quem continue a desiludir, tal como os Clippers, que voltaram a poder contar com Paul George e Khawi Leonard depois de este recuperar de uma lesão de mais de um ano, ou os Lakers (12.º), que devem voltar a falhar os playoffs, garantindo um fim de carreira trágico a Lebron James.

Que raio terá acontecido aos Warriors e aos Suns para caírem assim? A idade e uma mudança geracional que não é exclusiva destas duas franchises, antes parece percorrer toda a NBA: as estrelas de ontem começam a perder luz, as novas (como Já Morant, o líder de Memphis) ascendem ao panteão.

Aos poucos, Warriors têm vindo a crescer mas murro de Daymond Green ao companheiro Jordan Poole no início da época mexeu com a equipa

A época começou mal para Golden State quando, na pré-época, o veterano Draymond Green (que, juntamente com Stephen Curry e Klay Thompson, compõe o trio que está no cerne da equipa e que esteve em todos os títulos) mandou um soco a Jordan Poole. Na NBA há tetos salariais, quando uma equipa os passa tem de pagar uma taxa de luxo, o que levou os Golden State a ter de tomar uma decisão difícil: renovar com o jovem Poole ou com Green? Apostar na nova ou na velha guarda?

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Essa tensão terá mexido com o balneário – mas a aposta inicial na juventude não resultou, a equipa acumulou derrotas e para dar a volta, houve mais minutos para os veteranos. Devagar, e por entre muitas lesões, Golden State tem vindo a subir: Klay tem melhorado a percentagem de três pontos, Curry, Poole e Wiggins estão quase a chegar ao ritmo de playoff da época passada – não seria de estranhar se Golden State acabasse a disputar o terceiro lugar com os Pelicans, os Kings e os Mavericks, que continuam a ser aguentar-se graças ao brilhantismo de Luka Doncic, sem terem equipa à altura deste.

Os Suns vivem outros problemas: o dono foi afastado depois de se descobrir que usava discurso racista e machista entre as quatro paredes da equipa, a época passada acabou em trauma (com uma derrota absurda em casa contra os Mavericks), treinador e poste (Ayton) não se dão, e as duas grandes estrelas (Chris Paul, o base, e Booker, o lançador) têm estado lesionados – quando as estrelas recuperarem os Suns ainda podem subir mas dificilmente voltarão a finais de conferência, e vão entrar na fase de reconstrução do plantel.

O que abre as portas da final aos Celtics – já lá estiveram o ano passado, tendo sido terraplanados por Steph Curry e Wiggins nos últimos dois jogos, mas esta época parecem sobreviver a tudo, incluindo à suspensão do seu treinador por (suposto) assédio sexual a uma empregada do clube. O plantel manteve-se e ninguém duvida que Tatum e Brown são estrelas devidamente secundadas por veteranos físicos e competentes, lançadores e uma série de jogadores que sabe como desempenhar papéis secundários.

Quem irá disputar a final de conferência com os Celtics (porque ninguém acredita que eles falhem)? Miami e Chicago caíram a pique, os 76ers lentamente ascenderam ao segundo lugar movidos pela cada vez maior química entre Harden e Embiid, os Bucks (de Giannis) seguem em terceiro e depois chegam as grandes surpresas: os Nets (em quarto) e os Cavaliers (em quinto), ambos muito perto do segundo lugar.

Harden foi trocado, Durant exigiu ser trocado (mas não foi), o treinador Steve Nash foi despedido e Kyrie suspenso por tweets considerados xenófobos em relação aos judeus. Uma sucessão de tragédias numa equipa dos Nets que começa agora a recuperar

Quando os Nets conseguiram juntar Kyrie Irving e Kevin Durant foram logo apelidados de candidatos, mas nada correu como se esperava: a equipa adicionou Harden mas este depressa se fartou de aturar Kyrie, que não podia jogar durante a pandemia por se recusar vacinar-se. Harden foi trocado, Durant exigiu ser trocado (mas não foi), o treinador Steve Nash foi despedido e Kyrie suspenso por tweets considerados xenófobos em relação aos judeus. Uma sucessão de tragédias.

Mas as tragédias não duram para sempre e, depois de pedir desculpa, Kyrie regressou numa forma incrível e a equipa começou a subir, ao ponto de parecer imparável. A lesão recente de Durant travou essa ascensão, mas não parece ser grave, e se os Nets conseguirem estar na discussão até este regressar é muito bem possível que cheguem ao segundo lugar e sejam mesmo candidatos.

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Coisa que os Heat e os Bulls não são – talvez a idade tenha começado a apanhar os Miami e em Chicago prossegue a queda da equipa desde que Lonzo Ball se lesionou. Algumas equipas caem quando cai uma estrela, outras ascendem com a adição de uma – foi o que aconteceu a Cleveland, que desde que foi buscar Donovan Mitchell a Utah se tornou uma equipa super-competitiva. Mitchell já marcou 71 pontos num só jogo esta época – a época da NBA em que mais vezes um jogador marcou mais de 40 pontos. Nunca como agora houve tanta gente a lançar acima de 40% de três, e isso faz com que as defesas tenham de colocar homens no perímetro, abrindo o meio, o que permite penetrações. Esse fator, aliado aos árbitros hoje marcarem mais faltas do que nunca (até para proteger os artistas), tem levado a estas pontuações loucas.

Os Jazz seguem no caminho oposto: perderam Mitchell e Rudy Gobert e pela primeira vez em anos podem não ir aos playoffs. Mas estão em oitavo na conferência Este, pelo que não fará muito sentido desatar a perder. E porque faria?

Porque na NBA só se pode adquirir jogadores através do draft ou trocas (mais dinheiro). Do draft constam jogadores vindos de liceus e universidades – e estrelas estrangeiras, entre as quais estará Victor Wembanyama, o francês dos Metropolitans 92 que, do alto dos seus 2,19m, é um poste lançador de três e com skills de base, um diamante em bruto que faz sonhar todas as equipas fracas da NBA.

Nunca como agora houve tanta gente a lançar acima de 40% de três e isso faz com que as defesas tenham de colocar homens no perímetro, abrindo o meio, o que permite penetrações. Esse fator, aliado aos árbitros hoje marcarem mais faltas do que nunca (até para proteger os artistas), tem levado a estas pontuações loucas.

Fracas porque as regras do draft levam a que os últimos três lugares de cada conferência tenham entre nove e 14% de chances de conseguir Wembanyama – e sendo o rapaz o melhor jogador a surgir no draft desde Lebron, todas as franchises sabem que, se o conseguirem, com tempo e paciência podem ser candidatas.

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É o caso dos Spurs: desde a geração de Tim Duncan, Tony Parker e Manu Ginobili que San Antonio não consegue adquirir uma estrela, mas no último ano a equipa parece empenhada em libertar-se de todo o talento, ficando só com miúdos que andam a lutar com os Rockets pelo último lugar da conferência Oeste. Em 12.º estão os Lakers e se é impossível imaginar Lebron a jogar para perder, não seria de estranhar se a equipa de Los Angeles o trocasse de modo a perder e ficar com mais chances de adquirir Wembanyama.

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Oficialmente não se pode jogar para perder – mas pode-se deixar a descansar jogadores para evitar lesões, pode-se demorar a trazer de volta jogadores lesionados etc.. Até final da época vamos ver os quatro ou cinco últimos classificados de cada conferência a perderem para conseguirem estar nos três últimos das suas conferências – é quase certo que Pistons, Hornets, San Antonio e Rockets lá estarão.

Indiferentes a tudo isto seguem os Nuggets (de Jokic) e os Grizzlies (de Ja Morant), que lideram a conferência Oeste, com Suns em sétimo, Golden State em décimo e Lakers em 12.º. É o sinal de que há uma mudança geracional na NBA: a geração de Curry, Chris Paul e Lebron está a acabar, as estrelas agora são Jokic, Já Morant, Zion e Doncic (no Oeste), Tatum e Brown, Embiid, Giannis e Donovan Mitchel, no Este, com Kyrie e Durant ainda pelo meio destes, a lutarem contra o virar de páginas do calendário.

Ja Morant tem sido a super estrela na primeira metade da época a par de Luka Doncic

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Jokic tem conseguido números inacreditáveis, mas antes também os conseguia e a equipa falhava nos playoffs. A diferença é que este ano não tem havido lesões – e se assim for, apesar de a equipa não ter uma segunda estrela, os Nuggets tornam-se candidatos. O mesmo para os Grizzlies: a super-estrela é Ja Morant, talvez o jogador mais fascinante da NBA atual, mas Morant está rodeado de jogadores sólidos. Para Nuggets e Grizzlies a esperança é que as suas estrelas e os jogadores principais da rotação se mantenham saudáveis, porque dependem demasiado de um só jogador – tal como os Mavericks ou os Bucks.

E é por isso que os Celtics, a melhor equipa da fase regular, parecem ser os maiores favoritos: têm dois penetradores que ainda por cima lançam bem de fora (Tatum e Brown), jogadores no cinco que sabem lançar e defender (Smart, Horford) e uma rotação preparada para o jogo físico e duro dos playoffs e capaz de sacar um triplo quando é necessário.

Donos afastados por racismo, treinadores suspensos por relações proibidas, jogadores que insultam judeus, lesões, murros, trocas, equipas que querem perder, estrelas que chegam ao fim e outras que ganharam luz da noite para o dia – as estatísticas podem dizer o que quiserem, que a NBA nunca teve tanto drama ou foi tão imprevisível.

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