Uma publicação de Facebook do passado dia 14 de setembro alega que o candidato a governador do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, do PSB, anunciou que as operações policiais nas favelas vão deixar de ter “polícias a disparar” sobre a população. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral alega que candidato brasileiro a governador do Rio de Janeiro quer acabar com disparos da polícia em favelas.

Para se perceber as palavras exatas deste candidato brasileiro, é preciso olhar para o contexto em que foram proferidas. Marcelo Freixo deu uma entrevista ao jornal RJ1, da Globo, no dia 13 de setembro. Tomemos como exemplo o artigo que vem integrado na publicação original. Apesar de o título desse artigo dizer que “Marcelo Freixo quer que a polícia não atire sobre ninguém”, o corpo do texto não fala sobre essa declaração.

Fala, sim, do uso de helicóptero nas operações policiais que decorram nas favelas do Rio de Janeiro. “O helicóptero é importante tecnicamente, porque tem uma visão total, e isso já foi conversado com diversos polícias, e a boa polícia está do nosso lado, têm uma visão total do que está a acontecer numa área de conflito”. O texto refere também que, segundo o candidato, os tiros sobre a população “devem ser evitados” por parte daquele aparelho, pelo risco de que crianças e idosos possam ser atingidos, tornando-se vítimas colaterais de uma operação de combate contra a criminalidade.

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Portanto, não se refere que os helicópteros vão deixar de estar presentes naquele tipo de operações nem que os elementos de segurança vão deixar de disparar. “Claro que a polícia tem de reagir, claro que é preciso retomar território”, disse a certa altura na entrevista ao RJ1.

Analisando a entrevista na integra, também não é possível, novamente, confirmar aquilo que é divulgado pelo autor. A partir dos seis minutos, Marcelo Freixo fala dos helicópteros: “É um instrumento fundamental, tem uma visão total, mas não pode disparar [“partir tiro”, como diz] ao ponto de ser possível matar uma criança ou um idoso”. Ainda assim, Marcelo Freixo refere que quer continuar a “enfrentar o crime”, mas que a favela não pode ser considerada um local “onde as pessoas não tenham direitos”.

Ou seja, não nega que sejam necessárias intervenções policiais em determinado momento, mas defende que essas operações não pode acontecer sem uma preocupação social destas forças de segurança. “É necessária uma polícia treinada, preparada para respeitar o morador, porque ele é vítima da milícia, do tráfego, não pode ser vítima do Estado”, refere.

Essa intenção referida na publicação original também não está presente nas redes oficiais da candidatura de Marcelo Freixo nem no seu programa, da mesma forma que essa posição nunca foi assumida pelo candidato a governador do Rio de Janeiro noutras intervenções que tem feito. Noutro fact-check, feito pela agência AFP, também se chega à conclusão de que esta publicação é uma extrapolação abusiva das palavras do candidato.

Conclusão

Não é verdade que o candidato a governador do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, tenha dito que quer acabar com os disparos por parte das polícias no Brasil aquando de intervenções em favelas. Marcelo Freixo, durante uma entrevista ao jornal RJ1, da Globo, afirmou que, em relação ao uso de helicóptero, e aos consequentes disparos, é necessário que as polícias tenham atenção para não disparar contra idosos ou crianças, tal como já acontece. Por outro lado, em nenhum momento dessa entrevista o candidato do PBS refere que quer retirar a possibilidade àquelas forças de segurança de disparar, caso seja necessário.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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