Os dados foram revelados pelo jornalista brasileiro Alexandre Garcia e, a partir daí, transformaram-se em várias publicações que rapidamente se foram espalhando pelo Facebook. O que se afirma é que, da totalidade de mortes registadas nos Estados Unidos da América, apenas 6% teriam sido efetivamente causadas pelo novo coronavírus. Os restantes pacientes apresentariam diversas doenças (a comorbidade traduz-se num problema de saúde que se junta a outro já existente). Esta afirmação não corresponde à realidade, foi retirada do contexto de um relatório do CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

O vídeo de Alexandre Garcia foi partilhado centenas de vezes no Facebook e conta com milhares de visualizações. Nele, o jornalista diz: “Não custa lembrar que os americanos agora fizeram uma pesquisa sobre o número de mortos lá nos EUA e descobriram que só 6% dos mortos foram mortos exclusivamente pelo coronavírus. Os outros todos foram comorbidades, gente que já tava doente, gente que, inclusive, já ia morrer.”

O documento do CDC refere que “em 6% das mortes, a Covid-19 foi a única causa mencionada”. No entanto, o facto de muitas pessoas terem outras doenças não significa que as respetivas mortes tenham sido causadas por esses problemas e não pelo novo coronavírus. Em resposta às afirmações de Alexandre Garcia, a entidade norte-americana clarificou ao site brasileiro de fact check “Aos Fatos” que “em 92% de todas as mortes que mencionam a Covid-19, a Covid-19 é referida como a causa primária da morte”, sendo que “a causa primária da morte é a doença que inicia uma cadeia de eventos que leva à morte da pessoa”.

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A explicação refere ainda que em “94% das mortes por Covid-19, outras doenças são listadas além da Covid-19. As causas podem incluir doenças crónicas, como diabetes ou hipertensão”. Além disso, os casos analisados demonstraram que podem verificar-se “condições agudas que ocorreram como resultado da Covid-19, como pneumonia ou insuficiência respiratória”. Em todos estes exemplos — 161,392 mil até 22 de agosto —, o fator principal que acabou por causar a morte foi sempre o novo coronavírus.

Nos Estados Unidos, a mesma informação falsa circulou no final de agosto, levando o Twitter a apagar uma publicação viral que também o presidente Donald Trump tinha partilhado. Nela dizia-se que o CDC tinha atualizado os seus números “de forma discreta” para admitir que só 6% dos óbitos atribuídos à pandemia tinham efetivamente sido causados pela Covid-19. Os dados foram desmentidos por órgãos de comunicação social como a CBS ou a CNN.

Conclusão

Não é verdade que só 6% das mortes atribuídas à Covid-19 nos Estados Unidos da América tenham sido efetivamente causadas pelo vírus. 94% das pessoas apresentavam comorbidades (várias doenças em simultâneo) mas nenhum desses fatores desencadeou a morte. Aliás, alguns problemas de saúde agudos, como pneumonia ou insuficiência respiratória, foram causados pelo novo coronavírus.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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