“O que é mais importante?”, perguntou o Grande Panda, “a jornada ou o destino?”. “A companhia”, disse o Pequeno Dragão. Obrigado pela companhia, família Palmeiras. Avanti Palestra!

A semana ficou marcada por mais uma conquista de Abel Ferreira no Brasil. Uma conquista que, entre os nove títulos que já ganhou pelo Palmeiras em pouco mais de três anos, foi a mais especial de todas: apesar de ter registado uma série de quatro derrotas seguidas que deixaram o Verdão a 14 pontos do topo a 11 jornadas do final, ainda houve tempo para aproveitar a hecatombe do Botafogo e carimbar o título na última jornada com um empate frente ao Cruzeiro. O português tornou-se assim o técnico estrangeiro com mais troféus no país e o único a sagrar-se bicampeão em anos consecutivos. Sobre a continuidade, sobram dúvidas. E se os milhões do Médio Oriente parecem não convencer, uma boa proposta da Europa pode vir a mudar as contas. Da parte do clube paulista, não há dúvidas – é fazer “o possível e o impossível” para ficar.

Em pouco mais de três anos, Abel Ferreira conquistou duas Taças dos Libertadores, dois Campeonatos, uma Supertaça Sul-Americana, uma Taça do Brasil, uma Supertaça do Brasil e dois Campeonatos Paulistas. Mudou a história. E mudou passando de uma equipa com limitações que fazia do seu ponto forte a solidez defensiva para um conjunto que interpreta com muita qualidade todos os momentos de jogo com e sem bola lançando também jovens que marcarão o futebol dos próximos anos como o avançado Endrick. Percebendo o contexto, o tempo e o lugar de tudo o que construiu, Abel Ferreira conseguiu um dos melhores trabalhos em equipas dos últimos anos, mesmo que não tenha o devido e merecido destaque em Portugal e na Europa.

Por cá, a realidade do nacional transformou-se nos últimos dias num jogo da “batata quente” onde todos tentam falhar ao mínimo mas têm escorregado ao máximo. Na ressaca de mais uma jornada europeia, ainda à luz daquilo que tinha sido a derradeira jornada da Primeira Liga com um dérbi decidido nos descontos, o Benfica deu o mote nos deslizes. Após a vitória do FC Porto em Famalicão e antes do triunfo do Sporting em Alvalade com o Gil Vicente, não foi além de um nulo em Moreira de Cónegos. Uns dias depois, o foco passou para os dragões, que perderam no Estoril e ficaram eliminados da Taça da Liga no primeiro encontro feito. Próximo nível do “jogo”? A 13.ª jornada do Campeonato, que começa esta sexta-feira com a deslocação do Sp. Braga a Vizela (15h30), prossegue com a receção do Benfica ao Farense (18h), tem como encontro grande a deslocação de risco do Sporting a Guimarães no sábado (18h) e conta no mesmo dia o jogo do FC Porto com o Casa Pia (20h30). Pormenor: até agora, só em quatro das 12 rondas ninguém perdeu pontos.

Depois, um nível premium de dificuldade que pode definir em parte o resto da época: a última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa. Na última, as contas são fáceis de fazer porque em qualquer cenário no jogo com o Sturm Graz em Alvalade, o Sporting acabará sempre em segundo com a consequente passagem ao playoff de acesso aos oitavos (quinta-feira, 20h). Antes, aí sim, há objetivos por alcançar. Na terça-feira, o Benfica terá de ganhar por dois golos de diferença ao Salzburgo para chegar ao playoff da Liga Europa (20h), ao passo que o Sp. Braga passa aos oitavos se ganhar por dois ao Nápoles e vai ao playoff da Liga Europa se empatar ou o Union Berlim não ganhar ao Real Madrid (20h). Na quarta-feira, o FC Porto necessita de uma igualdade frente ao Shakhtar para chegar aos oitavos da Champions, ao mesmo tempo que se sofrer uma nova derrota no Dragão… segue também para o playoff da Liga Europa (20h).

Nota ainda para a Seleção Nacional, que ficou a conhecer os adversários na fase final do Campeonato da Europa de 2024. A Turquia será na teoria o opositor mais complicado por estar numa fase ascensional, havendo também uma Rep. Checa longe dos velhos tempos e o vencedor do playoff que sairá entre Geórgia, Luxemburgo, Grécia e Cazaquistão. À partida, olhando para os grupos de Espanha ou Inglaterra, não foi um mau sorteio mas tem uma nuance: o segundo classificado irá muito provavelmente cruzar logo com a França nos oitavos. Ou seja, a margem de erro para a fase a eliminar é curta e não vai permitir deslizes. Até lá, pode não só ir fazendo as contas dos possíveis cruzamentos como escolher os 23 convocados no “Mister sou eu”.