O jornal Expresso publicou um artigo sobre o estado de indigência a que chegaram as nossas Forças Armadas. O tema, dada a sua importância, foi também tratado nas diferentes televisões e feitos vários comentários e análises de especialistas, a maioria militares de patentes superiores. No final, as análises não se afastam do que se passa   na saúde, na educação, na justiça e na economia, como reflexo dos cerca de catorze anos da governação do Partido Socialista de José Sócrates e. de António Costa. O estado de degradação e de desorganização de todos estes sectores não diferem, porque as causas são as mesmas: a total incapacidade dos governantes e quadros do PS para organizar e gerir organizações complexas. Nunca o fizeram, nunca aprenderam como se faz e o resultado da sua intervenção no governo do País só poderia ser este.

Para além da gritante incompetência do PS, o País é confrontado com uma outra questão igualmente demolidora: a ausência de liderança perante o excesso de ideologias esquerdizantes que convivem em plena contradição com as democracias europeias e com as regras de mercado dominantes na Europa e no Ocidente. Na habitação, na ferrovia, na saúde e em tudo o resto, os saldos de uma cultura marxista fora do tempo dominam as decisões impostas de forma crescentemente mais autocrática. Acresce a cultura do assistencialismo do Estado agora instalada, não com o objetivo de minorar as crescentes dificuldades das famílias portuguesas, mas como um instrumento do poder socialista com vista a ganhar eleições.

A grande família socialista domina o Estado em todas as suas dimensões e através da cultura da subsidiação controla as mais variadas instituições da sociedade. Os apoios da União Europeia e o empobrecimento da classe média feita através dos impostos que atingiram níveis insustentáveis, criaram em Portugal um Estado suficientemente rico para comprar os votos dos portugueses, mantendo as famílias entre as mais pobres da Europa.

Infelizmente, a União Europeia é também hoje parte do problema, em que o objectivo de Bruxelas se limita a manter o equilíbrio financeiro e a ideia de que todos os problemas se resolvem com dinheiro, muito dinheiro. Com esse fim a União Europeia esquece as suas próprias regras e decisões, como acontece com a nossa ferrovia ou no caso da TAP, fecha os olhos às ideologias extremistas da esquerda e da direita e convive com práticas de corrupção que minam o tecido democrático. A União Europeia preocupa-se geralmente com as pequenas questões burocráticas, aceitando que a má gestão domine alguns países como é o nosso caso.

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Portugal é hoje uma autocracia de fachada democrática. A última maioria absoluta do Partido Socialista deu a António Costa um poder absoluto sobre o Estado e sobre muitas instituições da sociedade. Após muitos anos de nomeações dos boys da grande família socialista para tudo que é poder, António Costa tem hoje o domínio do partido e do País. Depois de quatro anos de coabitação com o Presidente da República, agora o crescente poder do primeiro-ministro permite-lhe confrontar Marcelo Rebelo de Sousa e muitas das restantes instituições democráticas, mostrando ao País quem manda. Neste processo, a separação de poderes é a última ficção e a máquina da Justiça é mantida a pão e água por entre as mordomias das nomeações e das contractações do Estado.

A última batalha pela democracia trava-se agora na comunicação social entre os vários textos de uma certa reserva democrática de universitários, jornalistas, gestores e de políticos na reforma de um lado e os textos que, sob a capa de uma certa independência formal e fortemente ideológica, da esquerda e da direita, com que muitos modernistas e passadistas tentam justificar com boas palavras e algum ganho as inconsequências da governação.

Nota: este texto foi escrito sob a inspiração do extraordinário livro de Henry Kissinger “Liderança”, que, de alguma forma, retrata a nossa tragédia nacional.