“Portugal se levantou sem dinheiro, sem armas, sem munições, sem artilharia, sem gente e sem capitães para disporem; e elegeu para rei a um homem parvo, mau e traidor por natureza. Veja Vossa Excelência agora como poderá ter isto um bom fim.” – escreve a seu pai, a 12 de Fevereiro de 1641, dom Pedro de Mascarenhas, um dos nobres que se mantém fiel a Filipe III. Dias antes, a 7 de Fevereiro de 1641, dom Pedro de Mascarenhas fora um dos seis nobres que com as suas famílias deixaram secretamente Portugal com destino à corte de Felipe IV. Não acreditam na Restauração e temem o momento em que Felipe IV reconquiste o reino. Dentro de uma caixa (ao que se diz de marmelada o que torna o caso mais apetitoso) levam informações importantes e cartas daquela que fora vice-rainha em Portugal de Filipe III (ou IV consoante a perspectiva), a duquesa de Mântua, por essa altura presa em Lisboa, no convento de Xabregas.
A decisão dos conjurados do 1º de Dezembro está longe de ser consensual entre os seus, como se percebe pela fuga de várias famílias para Espanha e pelas execuções, no Verão de 1641, de vários acusados de conspiração contra a coroa portuguesa: entre os executados contavam-se nobres como o duque de Caminha, o marquês de Vila Real e o conde de Armamar.
Na versão mais ou menos empolgada que aprendemos na escola do 1º de Dezembro de 1640 não tivemos tempo para ouvir falar de homens como dom Pedro de Mascarenhas ou até da conspiração de 1641 pois oficialmente o país estava com os 40 conjurados que no dia 1 de Dezembro de 1640, depuseram a duquesa de Mântua.
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