Dez anos volvidos do início da Crise do Euro, eis-nos chegados a um dos maiores falhanços de sempre da União Europeia: a vacinação em massa contra a Covid-19. Devido ao seu peculiar desenho institucional, a legitimidade política da União Europeia baseia-se, desde sempre, naquilo que os cientistas políticos denominam output legitimacy, isto é, a capacidade de gerar um nível de bem-estar aos cidadãos que, caso os países não estivessem integrados, seria mais baixo. Os benefícios económicos e sociais da pertença à União foram, de resto, um argumento esgrimido à saciedade no debate sobre o Brexit. Juntos somos fortes, diz-nos a burocracia de Bruxelas. A comparação com a campanha de vacinação nos Estados Unidos coloca cada vez mais dúvidas sobre a capacidade de Bruxelas em satisfazer o bem-estar dos cidadãos.
Devido à minha profissão, falo continuadamente com colegas espalhados por toda a Europa. Mesmo entre elites académicas e intelectuais, normalmente com sentimentos francamente pró-europeus, parece existir uma crescente insatisfação e contestação pública à gestão que a União Europeia está a fazer da crise da vacinação. Naturalmente, em Portugal, esta insatisfação é muito menor, não porque os Portugueses não desejem ser vacinados rapidamente, mas, porque existe a percepção – correcta, de resto – que, mesmo falhando na vacinação, a União Europeia é imprescindível para manter o regime ligado à máquina e a ilusão de bem-estar que os partidos portugueses mantêm.
Para percebermos como chegámos até aqui, olhemos para um conjunto de factos, comparando a estratégia de vacinação da União Europeia com os Estados Unidos.
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