É mais que certo que a geringonça 2.0 vem a caminho caso o Partido Socialista vença as próximas eleições legislativas marcadas para março de 2024.

Dizer que vem aí uma geringonça 2.0 é o mesmo que dizer que Pedro Nuno Santos, sem surpresa alguma, irá ganhar as diretas do Partido Socialista.

Dizer isto é também dizer que o PS irá fazer acordos com a extrema esquerda.

A repetição da maioria absoluta de janeiro de 2022 já era e não mais se irá repetir nos próximos tempos.

Para o PS voltar a governar, só o conseguirá fazer em um cenário de minoria e, se assim for, Pedro Nuno volta-se para a ala mais à esquerda e mais radical do espaço político português para conseguir o poder com partidos políticos portugueses contra a NATO e União Europeia.

O que os Portugueses já sabem é o custo que já tiveram com Pedro Nuno Santos. 3,2 mil milhões de euros já voaram das nossas carteiras para que a TAP possa agora dar lucros à nossa conta e, a somar a toda a doação que os portugueses já deram à transportadora aérea, há ainda que juntar os benefícios fiscais concedidos e os cortes salariais necessários na restauração da empresa. A considerar, ainda temos a questão do despedimento colectivo realizado em 2021 pela TAP, em relação ao qual o Tribunal de Trabalho de Lisboa proferiu em Outubro a sentença — em despacho saneador — que declarou a ilicitude do despedimento coletivo e, consequentemente, a reintegração ou o pagamento de indemnização.

A alegria de Pedro Nuno Santos é que a TAP agora está a dar lucro.

Assumiu erros e demitiu-se do executivo numa espécie de acto de contrição que julga apagar o seu pecado, demonstrando aquela comovente sensação de arrependimento. E tudo porque ele mesmo deu autorização a uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis via Whatsapp e viu ainda a sua decisão de localização do aeroporto, sem a negociar com ninguém, a ser revogada no dia seguinte.

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Aquele que agora quer ser o chefe do governo separou-se dos portugueses em dezembro de 2022. É uma espécie de marido que traiu a esposa. Saiu de casa e foi viver outra vida. Quase um ano depois arrependeu-se e agora quer voltar ao lar. A esposa, que já está queimada e que já sabe com quem se “casou” sente que quem trai um vez trairá com facilidade de novo.

Os meus erros e cicatrizes“, como disse o candidato a secretário geral do PS e consequentemente candidato a primeiro-ministro de Portugal, são de facto cicatrizes profundas que marcaram os Portugueses para sempre e que jamais serão esquecidas.

Sobre a habitação nada foi feito e sobre os transportes nada se viu.

Os portugueses conhecem os meus sucessos e erros”. Esta é talvez a frase mais marcante da sua apresentação de candidatura, porém a questão é que só é verdade (factual) a última parte. Os portugueses conhecem e sentem os erros de Pedro Nuno Santos. A sua frase de candidatura “um futuro com história” já nos diz tudo sobre o que esperar do próximo líder do Partido Socialista.

Todo o seu passado político fica de facto na negra história da política portuguesa.

O neto de sapateiro e filho de empresário, num discurso de quem sobe na vida a pulso, não conseguiu ser ministro e geriu talvez um dos mais complexos e importantes processos políticos da pior forma. A sua demissão do governo responde pela sua incompetência.

Tendo carisma — que na verdade falta a José Luís Carneiro — Pedro Nuno Santos também tem em política um grande activo: tem ambição e aproveitou a oportunidade do momento.

Apresenta-se à nação como sendo o salvador da pátria e dificulta a vida a Luís Montenegro, que terá que lutar não só contra o Partido Socialista mas também contra uma nova geringonça.

O Partido Socialista já não pode dar mais garantias de estabilidade e não apresenta caras novas nem políticas novas.

Opta por apoiar alguém que não conseguiu ser ministro mas que agora pretende ser chefe de um governo. As provas estão dadas e não mais é preciso.

Embora a sua curta passagem pelo comentário político, com a finalidade de lavar a sua imagem pública, tenha criado uma certa aproximação ao eleitorado, bastará saber se a lavagem foi suficiente para que todas as nódoas do seu passado passem despercebidas.

Pedro Nuno não tem nada para apresentar e vai dar continuidade à estratégia de Costa na sua campanha, assustando o eleitorado com o fantasma do Chega. A mesma táctica utilizada pelo PS aquando das legislativas de 2022, acenando a bandeira do medo de André Ventura que levou António Costa à maioria absoluta. Pedro Nuno Santos irá repetir até à exaustão a mesma narrativa.

Se é verdade que estamos num momento difícil na nossa democracia, a candidatura de Pedro Nuno Santos deixa adivinhar uma dificuldade acrescida para repor o estado das coisas.

Porque o estado das coisas não é só a fraca evolução da nossa economia e do nosso crescimento, é também repor a confiança das instituições que dá força à credibilidade pública e ao Estado de Direito democrático. A ética é talvez a maior ausência no discurso de candidatura de Pedro Nuno Santos e os portugueses não se podem habituar ao mesmo de sempre.

Entre a ambição desmedida de Pedro Nuno Santos e uma certa humildade disfarçada, admitindo erros para comoção de todos, o segredo está em pedir desculpa na esperança de que a história se apague da memória de todos como se o sujeito nunca tivesse feito parte do pior governo de sempre.

Nada mais simples que avaliar o legado do ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação.

Todo o seu percurso político neste governo responde por si só à pergunta: terá Pedro Nuno Santos — que abandonou as suas funções — condições políticas para ser o próximo chefe de estado?