Comemorar festas de anos em dezembro possui algo de especial. Apagam-se as velas do bolo de aniversário com a companhia dos cheiros a canela, chocolate, pinheiros. Associa-se ainda um cenário de fundo com os enfeites e luzes de Natal a piscar. É festejar duplamente, mais um ano individual que se completa e a festa da família natalícia que em simultâneo se prepara. Poderá facilmente pensar-se que não é a melhor altura do ano para se fazer anos, pois o protagonismo de receber os parabéns e os presentes são concorridos com os votos de Boas Festas e os embrulhos de Natal. No entanto, podemos ter a perspetiva parental. Os filhos são os melhores presentes para os pais que se sentem tocados pelos seus (simbólicos) meninos Jesus. São filhos mágicos e prendados. São o símbolo máximo a quem se destina todo o espírito de Natal.

Concebidos na primavera, época da exuberância das flores e das cores e dos dias crescentes, nascem na doçura do inverno, dos dias curtos e convidativos ao aconchego das mantas. São recém-nascidos abraçados no calor da intimidade dos espaços envolventes caseiros e claro, dos corpos parentais. Quando já mais conscientes de si e autónomos no seu gatinhar, partem para a exploração do mundo nos dias de verão, confiantes e seguros do colo tido. Dão passos de gigantes na conquista da frescura da maresia, das novas descobertas, aventuras e aprendizagens. Serem filhos de dezembro é uma bênção. Antes, por serem frutos do desejo; durante, por nascerem na época do quente conforto do lar e do colo como prolongamento do regaço uterino e base segura; e depois, tempos afora de crescimento, pela consequente e contínua bravura e audácia em explorar o mundo.

Celebrar os anos são das datas mais apetecidas. É um festejo da singularidade e da história do percurso de cada um. Cada chama das velas que se sopra simboliza os anos de vida, as experiências acumuladas. É verdade que há quem adore e quem deteste esta experiência.

Há pessoas que vibram em fazer anos. Gostam de festejar consigo e com os outros. Vivem com entusiasmo, desde até alguns dias antes até aos últimos minutos do seu dia.  Outras pessoas, não gostam nada de fazer anos e retiram o significado do motivo da celebração, reduzindo o seu dia como sendo igual a qualquer outro, querendo passar o mais despercebidas possível à data em questão. Ora, há pessoas mais festivas, outras menos. Umas mais extrovertidas, outras mais tímidas. Umas mais consumistas, outras anti-consumo. Características de cada um, que influenciam também a vivência das datas comemorativas. Respeitemos como cada um vive o seu dia, mas seja esse vivido de modo mais exteriorizado ou íntimo, é importante não deixar passar em branco o nosso dia e/ou o dia dos que nos são mais próximos e de quem gostamos. Afinal, é uma data simbólica e importante porque se trata de celebrar a vida. É um momento em que fazemos inevitavelmente um balanço. É um tempo proveitoso para reforçar o nosso valor, alegrarmo-nos com as nossas conquistas e realizações, fazermos planos. É mais um momento de vida que ficará marcado na caixa das (esperemos, boas) memórias. É mais um pretexto para selar os laços que mantemos com aqueles que nos acompanham de perto e de longe (com afeto). É um tempo de nos sentirmos únicos e excecionais. Comemoremos, por isto, os nossos dias sempre. Em cada etapa de vida, em todas as idades, seja qual for o dia, incluindo qualquer dia alvoroçado de dezembro.

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