Foi mais ou menos há cinquenta anos que as coisas se começaram a complicar. Até aí, apesar dos alertas constantes dos estudos das séries longas e da relação causa-efeito entre a actividade humana e as alterações climáticas, ninguém parecia muito preocupado.

A ciência havia de resolver tudo. O problema é que a ciência começava a não ser levada a sério. As acções indispensáveis à preservação da vida no planeta eram tímidas, sem consequências. Alguns líderes mundiais proeminentes reivindicavam para o seu país o privilégio de poluir, explorar as energias fósseis, emitir gases com efeitos de estufa, encher os mares de plástico. E zombavam da ideia do aquecimento global, e​screvendo coisas assim​: “No leste pode ser o Ano Novo mais frio já registado. Talvez pudéssemos usar um pouco do bom velho Aquecimento Global contra o qual o nosso país, mas não outros, iria gastar biliões de dólares. Agasalhem-se bem!”.

Iria mas já não ia: isto foi escrito numa rede social primitiva por volta de 2017. O país a que se referia o autor eram os Estados Unidos e ele era o seu Presidente. Alguns cientistas responderam-lhe com elegância: “ainda há fome no mundo, mesmo que eu tenha acabado de comer um BigMac. Outros proclamaram factos: os 10 anos mais quentes de sempre tinham sido registados nas duas décadas anteriores, os três mais quentes tinham sido registados em 2014, 2015 e 2016. Já se projectava 2017 e ainda 2018 não estava à vista.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.