Já se esperava, mas aconteceu mais depressa do que muitos calculavam. A palavra MAS passou a estar ligada a Israel. Muitos condenam os ataques de 7 de Outubro a Israel, mas acrescentam sempre alguma coisa. Obviamente, Israel pode ser criticado (e deve ser, como qualquer outro país), mas os ataques terroristas não podem ser justificados. Além disso, as críticas a Israel devem ser justas (como qualquer crítica). Se Israel pode ser criticado, também deve ser defendido quando as críticas são injustas.

Uma das críticas que aparece com frequência compara os bombardeamentos em Gaza aos bombardeamentos na Ucrânia. Como dizem muitos, se condenamos a Rússia por atacar e matar civis, por que razão não se ataca Israel pelas mesmas razões? A resposta é simples: não há comparação entre Israel e a Rússia.

Em primeiro lugar, Israel foi atacado pelo Hamas. A Rússia não foi atacada pela Ucrânia. Quem não consegue distinguir entre uma agressão militar, cometida pela Rússia, e uma guerra de legítima defesa, conduzida por Israel, não tem credibilidade para analisar e discutir guerras. Tem descaramento para atacar Israel e a Ucrânia, e para defender a Rússia e o Hamas, mas como comentador é uma fraude.

Em segundo lugar, o ataque a hospitais, a bairros residenciais, a fábricas, a infraestruturas faz parte da estratégia da Rússia para derrotar a Ucrânia. A Rússia ataca alvos civis de propósito, não os distingue de instalações militares. Ao contrário da Rússia, a estratégia de Israel não é atacar alvos civis para enfraquecer o Hamas. Por exemplo, onde a distinção entre alvos civis e militares é mais clara (embora não seja absoluta), como no sul do Líbano e na Síria, os ataques de Israel têm atingido sobretudo alvos militares.

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Em terceiro lugar, a equivalência entre os bombardeamentos da Rússia e de Israel leva à comparação entre a Ucrânia e o Hamas, o que é revoltante. O governo ucraniano não mistura as populações civis com as forças militares. Se Moscovo quisesse, só atacaria alvos militares.

A estratégia de defesa do Hamas está assente na mistura entre civis e terroristas. Depois do ataque terrorista a israelitas, o Hamas quer enfraquecer Israel através de uma estratégia de vitimização, fazendo o que for necessário para aumentar a morte de civis, de doentes e de crianças.

O governo ucraniano faz tudo para defender a sua população civil e protege-la dos ataques russos. O Hamas oferece a população de Gaza como mártires para se poder vitimizar, e aumentar a pressão internacional sobre Israel.

É necessária muita ignorância ou muita má fé para confundir o que não pode ser confundido. Ora, a maioria dos comentadores não é ignorante. Israel não é como a Rússia. E a Ucrânia não é como o Hamas.