Como é comum nos dias em que escrevo esta crónica, também ontem consultei um site que enumera as notícias mais partilhadas nas redes sociais. Sim, que eu sou um indivíduo que é modern. E às vezes talking, também. Mas é raro. Bom, serve a consulta deste precioso auxiliar de trabalho para que consiga trazer-vos sempre os temas mais prementes da actualidade.

Portanto, esta semana, e respeitando a hierarquia das notícias mais partilhadas nas redes sociais ontem, vou falar, primeiro, de como é possível, a partir da Póvoa do Lanhoso, vislumbrar o mar a mais de 40 quilómetros de distância, em linha reta, na direção de Esposende. E, segundo, darei a conhecer os benefícios da malva para o intestino.

Ainda antes disso, referirei apenas que ficou mau ambiente entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa após o discurso do Presidente da República na tomada de posse do Governo. Isto porque Marcelo esteve para Costa um bocadinho como aquele juiz sul-africano esteve para João Rendeiro: parece que o Primeiro-Ministro não está autorizado a sair do país. Não há cá idas para o estrangeiro a meia da legislatura, coisa nenhuma.

Lá está, não sei se a malva, além dos atributos benéficos para o intestino, possuirá propriedades boas para outras vísceras. Caso possua, pode ser interessante reunir umas quantas saquetas da dita planta da família das malváceas e pôr uma água a ferver na chaleira, não vá dar-se o caso de esta situação comprovar estarmos perante um Presidente e um Primeiro-Ministro com maus-fígados. Essencial é garantir que, nos próximos tempos, não se junta Costa e Marcelo em, por exemplo, cerimónias de entrega de prémios de cinema. Não vá dar-se o caso de termos uma Will Smithada que é como quem diz uma sessão de bofetões – entre titulares de órgãos de soberania.

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Em todo o caso, acho provável que António Costa cumpra o seu mandato. Não sei é se, a julgar pelas prioridades que definiu para o novo executivo, o Primeiro-Ministro não estará convencido que foi eleito para governar, não durante os próximos 4 anos, mas sim durante os próximos 4.000 anos. Pode haver aí uma ligeira confusão. É que as quatro prioridades de Costa para o seu Governo são as seguintes: responder à emergência climática, assegurar a transição digital, contrariar o inverno demográfico e combater as desigualdades. Ora, isto são prioridades que oscilam entre o meramente lunático e o jamais exequível. Com paragem breve no está quase feito. A saber:

Responder à emergência climática. Mas qual emergência? Qual, senhores? Ainda a do aquecimento global, ou já estamos naquela fase em que qualquer mudança do clima, género “ontem esteve fresco, mas hoje está mais quentinho”, significa que o mundo vai acabar nos próximos 12 anos? Em qualquer dos casos, a solução para isto é muito simples. É mandar fazer um guarda-sol com 1.000.000 de quilómetros de diâmetro, transportá-lo através do espaço até às imediações do astro-rei, e depois abri-lo e direccioná-lo a gosto, consoante queremos mais fresquinho, ou mais calor na Terra. Agora, isto é projecto para levar mais de 4 anos a concluir. A não ser que seja do pelouro do ministro António Costa Silva. Nesse caso o mais provável é já ter começado a funcionar enquanto falamos.

Assegurar a transição digital. Mas quê? Entregar aqueles computadores portáteis que estão prometidos aos alunos do ensino público desde o primeiro confinamento da COVID? É isso? Se é, aponto a resolução deste problema para a semana seguinte à da instalação do guarda-sol espacial referido acima.

Contrariar o inverno demográfico. Mais exequível, este objectivo. É só uma questão de respondermos ao inverno demográfico com um verão de procriação. O problema é que boa parte dos portugueses em idade de procriar viu-se forçada a emigrar, por força das estupendas perspectivas que este nosso caminho para uma sociedade socialista lhes abre. Ou seja, o verão de regabofe redundaria em primavera de natalidade, sim, mas mais em França, na Suíça e no Reino Unido.

Combater as desigualdades. É aquele desígnio que António Costa pôs na lista só para fazer um brilharete. Uma vez que este desiderato está absolutamente garantido. Findo o quadriénio de maioria absoluta do PS estaremos todos iguaizinhos em termos de pauperismo. Tudo o que é país pelintra na Europa a crescer e nós a vermos navios. Bem, pelo menos que os observemos a partir da Póvoa do Lanhoso, vislumbrando o mar a mais de 40 quilómetros de distância, em linha reta, na direção de Esposende.