António Costa ficará para a história da democracia como o PM que mais dividiu, mais fraturou e mais radicalizou Portugal.

Vale a pena recuar a 2015. Foi onde tudo começou com uma derrota eleitoral. Para subir ao poder sem ganhar as eleições, Costa acabou com um consenso de 40 anos, que existia desde 1975, e fez uma coligação com partidos radicais e revolucionários, contra os quais se construiu a democracia portuguesa. Costa arranjou umas desculpas, sobre a queda dos muros ideológicos, que depressa se viu que eram falsas: primeiro com as eleições antecipadas de 2021; e sobretudo com a guerra na Ucrânia. O PCP continua onde sempre esteve desde 1974. António Costa foi o primeiro (e até agora o único) chefe de governo que trouxe partidos radicais para o poder. Um dos preços a pagar pela radicalização do poder politico foi uma crescente fracturação da sociedade portuguesa nas questões de costumes, imposta sobretudo pelo Bloco.

António Costa acusa agora o PSD de pretender levar o Chega para o governo. É preciso muito descaramento. O PS já governou com o apoio de partidos radicais, o PSD nunca o fez, mas Costa acusa os socias democratas sem qualquer razão para o fazer. Como frequentemente acontece, a acusação diz muito mais sobre Costa do que sobre o PSD.

Mas vale a pena recordar de novo 2015. Quando Costa chegou a São Bento, o Chega não existia. Quase oito anos depois, sempre com Costa como PM, o Chega é o terceiro partido no Parlamento. Mais, Costa, Santos Silva (tal como antes Ferro Rodrigues) fazem tudo o que podem para ajudar o Chega a crescer. Depois de levar os partidos radicais de esquerda para o poder, António Costa alimenta o radicalismo do Chega.

A estratégia de Costa e do PS é clara: retirar legitimidade política à direita para governar. Não só ajuda o Chega a crescer, como o faz de modo a radicalizá-lo. E o Chega e Ventura caiem muitas vezes na ratoeira de Costa. O PS transformou-se de tal modo no partido-Estado que já não sabe viver sem estar no governo. Para continuar no poder, alia-se com quem for necessário, e usa o Chega para diabolizar o PSD. É fundamental que os dirigentes do PSD desmascarem a estratégia do PS para “mexicanizar” o país. O PSD continua a ser que sempre foi: um partido moderado de centro direita. O PS é que mudou, radicalizando-se. É exactamente o oposto do que os socialistas dizem aos portugueses.

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