Já foi oferecido em abundância escândalo pelo comportamento de Berardo e José Fino na comissão de inquérito à CGD. Na segunda – que a primeira foi prestimosamente terminada a correr pelo PS e muchachos da geringonça para não se saberem os grandes devedores – cujas dívidas os contribuintes têm pago com os muitos milhares de milhões de euros já injetados na CGD – nem os moldes irresponsáveis e incompetentes em que foram concedidos os empréstimos.
Joe Berardo mais estrepitoso. Mas, em boa verdade, José Fino, malgrado o pedigree, foi igualmente atentatório da inteligência (e da carteira) alheia. Então: a culpa de os Fino não pagarem as dívidas foi da CGD, que não permitiu a recompra das ações da Cimpor, apesar de a sua holding não ter dinheiro para a recompra e necessitar de mais empréstimos para comprar as ações para pagar os empréstimos que cessariam com a venda das ações recompradas. Não é evidente? Apesar do tom polido, não é muito diferente da historieta de Berardo a contar, orgulhoso, como colocou a coleção de arte a salvo dos bancos com os títulos da associação proprietária da coleção. Nos dois casos, nem vergonha nem noção.
Não subscrevo a tese dos chicos-espertos que aplaudem Berardo pela falta de lisura e por se aproveitar da ausência de garantias pedidas para não pagar as dívidas. Pobre de quem aquilata a honestidade e, já agora, a defesa da reputação, como dependendo de ameaças financeiras alheias. Fazem ainda pior figura que Berardo: nem têm dinheiro para compensar a falta de verticalidade exibida.
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