Acontece que é minha amiga, e trabalhamos juntas, a duas ou três cadeiras de distância na Assembleia Municipal de Lisboa (AML). E eu sou amiga dela. Mas este ponto prévio só serve para garantir em primeira mão que a deputada do Partido Popular Monárquico (e também historiadora e professora universitária) Aline Gallasch-Hall de Beuvink, em praticamente quatro anos de exercício do mandato, nunca ultrapassou um milímetro qualquer das seguintes barreiras: o rigor histórico, por um lado, e, por outro lado, a mais absoluta e imaculada boa-educação. Acrescenta ainda uma dose rara de coragem social e política, que a leva a defender sem falsas suavidades as ideias em que acredita, e que, já por mais do que uma vez, a deixou a votar sozinha contra toda a restante assembleia.

Um comportamento aristocrático que ela não traz do nome, mas sim da exigência para consigo própria e da qualidade das pessoas e leituras que ela procurou.

Há umas semanas, Aline Beuvink votou sozinha contra a celebração dos 100 anos do PCP. E foi este gesto simplicíssimo que levou o dr. Francisco Louçã a esgravatar os arquivos da AML.

Apoderou-se de uma intervenção de 2019 em que Aline Beuvink descreveu a grande fome da Ucrânia conhecida por Holodomor. Começou por recortar o vídeo para o fazer caber, tipo cama de Procusto, no insulto que o dr. Louçã já trazia na cabeça. Sobrou disto uma lustrosa mentira, que o dr. Louçã despejou nos estúdios da SIC e que exibiu, em horário nobre, para que as audiências nacionais galhofassem com ele.

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Francisco Louçã é membro do Conselho de Estado, consultor do Banco de Portugal, professor numa universidade pública, tem colunas todas as semanas nos grandes jornais e presença regular na SIC. Ou seja, o dr. Louçã tem consigo todo o regime. E aproveita o lugar, e o poder que o regime lhe dá, para negar o terror comunista e, ao mesmo tempo, executar um ataque pessoal. A quem? Escolhida a dedo: uma deputada municipal de um partido pequeno, tão pequeno que não tem sequer representação no parlamento da República.

O processo é muito semelhante ao de 2012, quando outro comunista no jornal Público alterou as palavras de Rui Ramos para lhe poder chamar fascista.

Não se perdoa que o regime, ou, neste caso, o PS, tenha subido Francisco Louçã (e outros cavalheiros) a este grau de poder e de influência. Não admira que o dr. Louçã use toda a força e as ferramentas do regime para atacar uma senhora. O dr. Louçã nunca se recomendou pela coragem, nem pela decência, desde o dia em que lembrou ao dr. Portas que ele nunca iria conhecer o sorriso de um filho. O dr. Louçã é comunista, e o comunismo é cobarde, como sempre se viu pelo uso de meios desproporcionais do Estado contra o indivíduo, e como fica à mostra neste caso crapuloso.

No tempo em que a SIC se dava ao respeito, reservaria para a deputada Aline Beuvink, no mesmo horário, tanto tempo de televisão quanto o que o dr. Louçã demorou a ofendê-la a ela e a negar aos portugueses os horrores do comunismo.

Quem manda agora no Expresso e na SIC, que eu não reconheço? Cresci a ver no Expresso, primeiro, e, depois, na SIC órgãos de um jornalismo sério e credível. O que é que se passou para estes mesmos órgãos de comunicação social terem agora entregado, por semana, uma página inteira do caderno de economia e uma hora de televisão a um líder comunista? O dr. Francisco Louçã é tratado como se fosse um comentador de opinião. Sucede que não é.

Francisco Louçã é um comunista que se comporta como um comunista. É alguém que usa o que lhe dão, neste caso, o poder do maior grupo português de comunicação social, para fazer a propaganda que ele quer, como quer, e quando quer, e os ataques e apelos ao linchamento que servem os projectos dele. Isto não é opinião. O dr. Louçã, por ser comunista, despreza a verdade e a decência, que considera valores “burgueses”, e atropela-os sempre que precisa em nome de um desígnio maior, que é levar a sociedade ao comunismo

E o Expresso não sabe disto? E a SIC não vê nada? É tudo matéria de opinião? Seria igualmente tratado, se existisse em Portugal, por exemplo, um líder racista? Teria uma página inteira do Expresso, todas as semanas, para dizer mal dos imigrantes e uma hora de televisão para se expandir e atacar quem quisesse, à luz da sua “opinião”?

Talvez seja necessário fazer o repugnante exercício do parágrafo anterior, para perceber que o “comentador” faz o papel dele, conhecido à partida. Mas um grupo de comunicação social é responsável por escolher a quem dá, por semana, uma página de jornal e uma hora de televisão em horário nobre.