As férias no fim antecipam o reencontro com as rotinas deixadas de lado. Há que queimar bem os últimos cartuchos. Dividem-se as pessoas com predisposições opostas. Umas, bem descansadas, com gosto em voltar a casa, ao seu bairro, ao seu trabalho. Outras, que precisavam de fazer ainda férias das férias, ao mesmo tempo desgostosas de voltar a cenários laborais complicados. Será conveniente, para sustentar um sentimento de melhor voltar, guardar o bom que foi estar ausente do ritmo de trabalho. Conservar as memórias boas das férias e planear novos objectivos para a rentrée pode facilitar o entusiasmo. Afinal, Setembro, altura coincidente com a preparação do início do ano escolar e o retorno aos compromissos laborais, acaba por ser encarado como o novo ano, quiçá com mais expectativa até que janeiro.

Fala-se em voltar à rotina como se fosse voltar ao mesmo de sempre, mas se pensarmos bem, acabamos por perceber que cada ano é de facto novo. Os ciclos repetem-se, mas a vida não é estática. Amadurece-se de ano para ano, novas experiências são vividas. Com filhos, ainda se notam mais essas variações. Os preparativos de cada etapa provocam novos desafios.

Pós-intervalo da interrupção lectiva e laboral, tendo sido proveitoso o desligar, é mais fácil regressar com vontade. Se voltamos revigorados, sentimo-nos animados. As conversas em torno do que se espera do novo ano podem delinear ideias e ajudar a estruturar o futuro próximo. O cheiro a material escolar novo, a curiosidade dos projectos a repegar, podem assim ser bem encarados e trazer o desejo de voltar à escola e ao trabalho. Se somos afortunados por trabalhar no que e com quem gostamos, até é bom voltar. Caso seja um tormento ter de retornar a um contexto laboral difícil, tentar antever situações que agravem o cenário pode prevenir o pior e ir conseguindo gradualmente transformar a frustração de um trabalho pesado num desafio.

Na preparação do reinício, talvez ajude criar um espaço de antecâmara. Por exemplo, nos últimos dias de férias, começar a antecipar como poderá ser o novo ano. Regressar a casa com tempo suficiente de modo a poder assentar e a reorganizar os ritmos das refeições, do sono, dos hábitos. Escrever pequenas (e realizáveis) metas a atingir, ajudará a reflectir sobre as possibilidades de ajustes por forma a fazer com que corra tudo melhor. Consciencializar-se daquilo que gostava que fosse realizado, é meio caminho para arranjar estratégias de modo a lá chegar. Prever próximas escapadinhas ajuda a manter bolsas de respiração quando tem de unir esforços para fazer face ao ritmo de trabalho desenfreado.

A sensação de partir é auspiciosa, mas de regressar pode ser bastante reconfortante. As rotinas também podem ser muito apreciáveis e voltar ao tempo de trabalho não é de todo inconciliável com momentos de lazer.

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