Ao contrário da maioria dos países da Europa Ocidental, nos quais os movimentos sindicais precederam os partidos políticos modernos, e estão, de resto, na origem da maioria dos partidos sociais-democratas, o sindicalismo enquanto forma de organização do trabalho foi proibido em Portugal até 1974. Com o excepção do PCP, criado em 1921, os principais partidos e os sindicatos foram criados ao mesmo tempo. As consequências do tempo e do modo da génese destas instituições ainda hoje têm importância para compreendermos o sindicalismo em Portugal.
Apesar da Constituição ser absolutamente clara acerca da estrita independência partidária dos sindicatos, estes foram criados como órgãos auxiliares aos partidos políticos. O PCP criou a CGTP, originando, de resto, um dos episódios mais famosos do PREC sobre a unicidade sindical. PSD e, principalmente, PS criaram a UGT como sindicato alternativo à organização dos trabalhadores fora da esfera Comunista. Com raras excepções, o sindicalismo em Portugal sempre esteve organizado em torno do Estado, isto é, em grande parte, apenas os funcionários públicos conseguiram utilizar os instrumentos sindicais para reivindicar ganhos de causa nas suas lutas.
Nos últimos anos, quando o sindicalismo parecia já ter entrado num ocaso sem fim, vimos renascer novas formas de organização sindicais, cuja organização é, em si mesma, muito interessante. Qual o motivo do nascimento deste novo tipo de sindicalismo? Utilizando a teoria da firma, que tem sido utilizada recorrentemente para perceber o aparecimento de novos partidos políticos, estes sindicatos aparecem devido a uma falha de mercado. Na ausência de uma instituição que ofereça os benefícios que os trabalhadores procuram, novos actores emergem para colmatar a falha. De resto, não é por acaso que apareceram, e ganharam força, na ressaca da Geringonça. Quando o sindicalismo clássico foi adormecido por ordens políticas, a falha de mercado tornou-se, ainda, mais visível.
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