O único objeto que disparou naquele momento foi a máquina fotográfica. Mas, para aquela criança, confundir uma lente com uma arma faz parte do quotidiano diário. E perante o receio de estar a olhar para a morte, a menina levantou os braços num gesto de rendição e deixou o temor espelhar-se-lhe nos olhos.

A fotografia correu o mundo: ninguém ficou indiferente à inocência da criança síria. E quando a fotojornalista Nadia Abu Shaban decidiu partilhar a imagem no Twitter, a imagem original instalou-se rapidamente nas páginas de 11 mil pessoas.

Alguns chegaram a dizer que só podia ser falsa. Até que um membro do site Imgur informou que a fotografia foi publicada nas páginas de um jornal e tinha um autor: o fotojornalista Osman Sağırlı.

A BBC contactou-o e descobriu a história. A foto retrata uma menina de quatro anos chamada Hudea, que estava refugiada num campo na Síria durante o mês de dezembro de 2014. Havia chegado a Atmeh acompanhada pela mãe e por dois irmãos. Estavam a 150 quilómetros de casa.

Osman ficou impressionado pela atitude da menina: “Normalmente as crianças fogem ou sorriem para a câmara”, explica o fotojornalista. Mas são elas que mais revelam os sentimentos através da sua inocência.

A imagem chegou em janeiro ao jornal Türkiye, onde Osman publica histórias de guerra e de desastres naturais durante 25 anos.

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