António Costa, o homem providencial, mestre em jogos palacianos, perdeu-se no terreno.

O primeiro ministro, que já foi ministro da administração interna e que nessa qualidade é o pai do sistema de protecção civil que (não) temos e o padrinho dos seus responsáveis foge aos factos e fala agora em reformas para daqui a dez anos. Em vez de pedir desculpa pelos erros, ou antes, pela total negligência com que tratou os avisos da meteorologia para este fim de semana, avisa os portugueses: Habituem-se porque isto vai acontecer mais vezes.

A pergunta é simples: os portugueses querem mesmo habituar-se a isto?

102 pessoas morreram devido a incúria do estado e não à falta de reforma da floresta, como bem prova o relatório sobre Pedrogao Grande e os relatos dos muitos populares, empresários e autarcas que vivem nos concelhos ardidos nos últimos dias.

Na Galiza, este mesmo fim de semana, morreram duas pessoas e foram milhares os que vieram para a rua pedir responsabilidades às autoridades. E em Portugal, achamos que isto foi um pequeno tropeço no caminho triunfal de António Costa?

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E o Presidente da República, agora que a lua de mel acabou, como inevitavelmente teria que acontecer, vai ou não ter autoridade para pôr o Primeiro Ministro na ordem? Pois é, este lugar não se faz só de afectos, faz-se também da autoridade e responsabilidade que lhe foi conferida pelo voto popular.

Os portugueses que estão habituados a queixar-se dos políticos e da politiquice têm aqui uma oportunidade para fazer diferente, este é o momento para mostrarem o que querem.

É precisa ajuda no terreno e é preciso que cada um mostre a sua indignação na rua. Todos somos necessários ao país neste momento.

Lembram-se da TSU? Quantas TSU’s valem para cada um de nós 102 vidas perdidas por causa da incúria do Estado?

Jornalista, foi candidata pelo CDS à junta de freguesia das Avenidas Novas, Lisboa