“O PS deve lutar por uma maioria absoluta, mas é preciso ter consciência de que o sistema partidário vai estar bastante mais pulverizado” nas próximas legislativas, avisa Ferro Rodrigues, numa entrevista ao DN e TSF este domingo. Ferro refere-se ao aparecimento de mais partidos com hipóteses de conseguirem lugares na Assembleia, como o Livre de Rui Tavares, o movimento que saiu do Bloco comandado por Ana Drago e Daniel Oliveira ou o novo partido de Marinho e Pinto.

“Se já era difícil ter uma maioria absoluta, sobretudo para um partido de esquerda – isso com o PS só aconteceu uma vez – será ainda mais difícil nas próximas eleições”, sublinha o novo líder parlamentar do PS.

A última sondagem publicada na imprensa parece confirmar que a mudança de líder no partido não provocou alterações substanciais nos números. No inquérito da Eurosondagem, publicado no Expresso de sábado, o PS aparece com 34,8% das intenções de voto, subindo 1,8 pontos percentuais; o PSD desce na mesma proporção para 26,2; mas com a ajuda do CDS (8%, ligeira subida de meio ponto) chega ao mesmo nível dos socialistas. O PCP aparece forte, com 10,5%; o Bloco em perda (4%) e os novos partidos a acumular pequenas percentagens (1,6% para o Livre e 2,1% para o MPT, que era onde estava até agora Marinho e Pinto).

Costa tinha um bom indicador: 54% dos inquiridos considerava que será ele a vencer as legislativas. Mas para chegar a uma maioria, precisará ainda de cerca de 10 pontos percentuais mais do que o partido tem nesta altura.

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Ferro quer frente ampla para negociar com a UE

Na mesma entrevista, Ferro Rodrigues diz que o partido se vai bater por uma ampla plataforma de apoio político, incluindo o PSD – na condição de “voltar a ser um partido com uma matriz social-democrata”. E até Marinho e Pinto: “Se o populismo em Portugal é Marinho e Pinto, então estamos bem servidos. Tem uma escola de pensamento democrático e de esquerda”, anota Ferro.

A frente política que o PS quer para 2015 tem, nas palavras do líder parlamentar, um objetivo mais externo que interno: negociar na União Europeia. “O Tratado Orçamental vai ter uma morte lenta. Mais dia menos dia, mais ano menos ano, questões como a dívida pública ter de descer a um ritmo insustentável vão ser postas em causa. É preciso sermos mais ativos do que temos sido”, disse.