O ministro da Economia, António Pires de Lima, disse esperar que a justiça “continue a funcionar” em Portugal, a propósito das buscas que estão a decorrer esta segunda-feira nas instalações da administração da PT SGPS.

“A única coisa que desejo enquanto cidadão e enquanto português é que a justiça funcione e que continue a funcionar em Portugal”, disse aos jornalistas, quando questionado sobre as diligências pedidas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e que estão a ser realizadas pelo Ministério Público, Polícia Judiciária, CMVM e Autoridade Tributária.

Na base destas buscas estará o investimento realizado em abril pela Portugal Telecom SGPS em papel comercial da Rioforte, ‘holding’ do Grupo Espírito Santo (GES), que deixou um ‘buraco’ de 847 milhões de euros na empresa portuguesa, depois de não ter sido reembolsada em julho conforme o estipulado, e mudou o rumo previsto no acordo inicial da fusão com a Oi.

Em causa está ainda o relatório da auditoria da consultora PriceWaterHouseCoopers (PwC) – que também está a ser alvo de buscas – sobre os empréstimos de tesouraria efetuados pela PT SGPS a empresas do GES, nomeadamente o investimento na Rioforte, e que ainda não foi entregue na CMVM.

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“Se algumas destas investigações procuram encontrar explicação para aquilo que eu próprio, enquanto governante há uns meses, classifiquei como inexplicável, tanto melhor”, sublinhou Pires de Lima, falando à margem do seminário diplomático, que reúne embaixadores e membros do Governo em Lisboa.

Em agosto do ano passado, o ministro classificara de inexplicáveis os acontecimentos relativos ao BES e à PT, admitindo que a situação teve repercussões na reputação do país, mas esperando que acabe por prevalecer um sentimento positivo sobre a economia do país.

“Os receios dos investidores estão lá, por isso é que os mercados caíram, porque houve, de facto, acontecimentos relevantes em Portugal, ao nível do BES como ao nível do comportamento da administração da PT que são inexplicáveis para qualquer investidor, nomeadamente investidores estrangeiros que investiram em Portugal e no mercado de capitais português convencidos de que o mercado português não viveria situações como estas”, disse, então.