Os economistas e analistas regularmente consultados pela Business Monitor Internacional reviram em baixa a previsão de crescimento para o Brasil este ano, passando agora a prever uma recessão de 0,5% em vez de um crescimento de 0,5%.

De acordo com a tabela de previsões da consultora BMI, que é disponibilizada pela agência de informação financeira Bloomberg duas vezes por mês e que contém as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto em vários países, mostrando também a diferença relativamente à previsão da quinzena anterior, as perspetivas pioraram para o Brasil.

No final de março, os analistas previam que a economia brasileira crescesse 0,5% este ano e 0,2% em 2016, mas agora antecipam uma recessão de 0,5% este ano e um crescimento de 1% em 2016, ou seja, antecipam uma degradação da economia este ano e uma recuperação mais rápida no próximo ano.

Estas previsões são mais otimistas que as do Fundo Monetário Internacional, que na terça-feira, no ‘World Economic Outlook’, previu que o Brasil enfrentasse uma recessão de 1% este ano e um crescimento de 1% em 2016.

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A degradação do panorama económico no Brasil é bem visível pela revisão em baixa das perspetivas económicas, que passaram de um crescimento de 1,5%, previsto em outubro do ano passado na segunda edição anual do WEO, para uma recessão de 1% prevista agora em abril, na primeira edição de 2015 do relatório.

“O sentimento do setor privado tem permanecido teimosamente baixo, mesmo depois de as incertezas relativas às eleições presidenciais se terem dissipado [com a reeleição de Dilma Rousseff], refletindo o risco de racionamento de água e eletricidade, desafios de competitividade que não foram atacados, e as consequências da investigação judicial” ao escândalo financeiro de corrupção na Petrobras, a maior empresa pública brasileira.

Nas últimas semanas, o Brasil tem sido notícia pelas dificuldades do Governo em conseguir distanciar-se do escândalo financeiro e de corrupção da Petrobras, que atinge antigos administradores e políticos de topo, alguns ligados ao partido que suporta o executivo, e que motivou uma investigação judicial de alto nível.

O efeito nos mercados internacionais não se fez esperar, com o ‘rating’ do Brasil e da Petrobras a ser revisto em baixa, e com os investidores e exigirem juros proibitivos para emprestar, quer ao país, quer à principal empresa pública e maior empresa petrolífera.

Além disto, o Governo tem enfrentado crescente contestação popular, sendo frequentes e bastante significativas as manifestações que defendem a saída da Presidente brasileira, que nunca teve uma taxa de aprovação tão baixa, segundo as sondagens publicadas nos principais jornais locais.