O PCP propôs esta quarta-feira que a votação da lei com medidas urgentes de apoio às vítimas de incêndios de junho em Pedrógão Grande e outros concelhos ocorra rapidamente, mas a aprovação do diploma dificilmente acontecerá antes de outubro.

Na reunião de hoje da comissão parlamentar de Agricultura, o deputado comunista João Ramos afirmou que o PCP estava pronto a aprovar a lei — um texto comum do PSD, CDS-PP e PCP – no plenário de quarta-feira, 20 de setembro, fazendo o debate e votação na especialidade na véspera, terça-feira. Contudo, isso só seria possível se todos os partidos se pusessem de acordo até à reunião da mesa da comissão de Agricultura de terça-feira, a tempo de votar a lei na especialidade. A partir de quarta-feira, o parlamento suspende os trabalhos devido à campanha para as eleições autárquicas e só retoma a atividade na primeira semana de outubro.

Na reunião, PSD e PS acompanharam a preocupação dos comunistas, mas os socialistas pediram tempo para tomar uma posição, nomeadamente a apresentação de propostas. O CDS-PP e o BE não estavam representados na reunião nesta altura. Apesar do silêncio do PS, os partidos acordaram que na reunião de terça-feira se irá decidir se há condições para votar o texto de consenso do PSD, CDS-PP e PCP antes de dia 20 de setembro.

A lei estabelece medidas urgentes de apoio às vítimas de incêndios, regime de indemnizações urgentes às pessoas afetadas pelos incêndios, medidas de apoio psicossocial e à reconstrução de habitações, entre outras matérias. João Ramos afirmou que o PCP admite fazer uma alteração à lei de forma a deixar ao Governo a decisão de alargar o regime de exceção a outros concelhos afetados pelos incêndios de junho, além dos 11 já previsto no diploma aprovado na generalidade, em julho.

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Na mesma reunião foi discutido um projeto de resolução do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) que recomenda ao Governo uma equipa própria de intervenção psicológica para apoiar as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.

Na reunião, André Silva, deputado do PAN, deu um exemplo da falta de meio, no terreno, para apoiar as populações afetadas pelos fogos: há um psicólogo para 130 mil pessoas em 14 concelhos, em que se inclui os três mais afetados pelos incêndios de junho. Todos os partidos se manifestaram favoráveis a esta resolução, que será votada em plenário, mas não tem o valor de uma lei, sendo apenas uma recomendação.

O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois. Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol. O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e Penela.