Pablo Ibar voltou a ser considerado culpado do assassinato do empresário Casimir Sucharski e de duas bailarinas no verão de 1994. O norte-americano, que tem também nacionalidade espanhola, foi novamente julgado num tribunal do condado de Broward, no norte de Miami, e declarado culpado pelo júri composto por 12 pessoas. Os jurados vão voltar a reunir-se a 25 de fevereiro para decidirem se mantêm a sentença anterior, de pena de morte, ou se a reduzem para prisão perpétua. Ibar esteve 16 anos no corredor da morte.
Será a decisão do juiz, que irá proferir a sentença em fevereiro, que irá determinar o próximo passo a dar pela defesa de Ibar. O advogado Benjamin Waxman explicou ao El País que se o juiz condenar o seu cliente à pena de morte, irá apelar diretamente ao Tribunal Superior da Flórida. Se a sentença for a de prisão perpétua (mesmo que os jurados escolham a morte como a acusação tem vindo a pedir, o juiz pode sempre reduzir a pena), o caso será remetido para o Tribunal Federal. Independentemente do que aconteça no próximo mês, o processo pode arrastar-se ainda durante vários anos, lembrou Waxman, referindo que passaram seis anos desde a primeira condenação de a primeira apelação.
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— Amnistia Internacional Catalunya (@AmnistiaCAT) January 19, 2019
Pablo Ibar, filho de um basco e de uma cubana, foi detido a 14 de julho de 1994 e desde então que tenta provar a sua inocência. Ibar, apanhado pela polícia por causa de uma discussão, um ajuste de contas entre ele, os amigos e uma família do norte de Miami por causa de um negócio de droga, acabou acusado de um triplo homicídio ocorrido algumas semanas antes, a 27 de junho, relatou o El País. Na madrugada desse dia, um grupo de homens invadiu uma vivenda em Broward e assassinaram o empresário da noite Casimir Sucharski e as bailarinas Sharan Anderson e Marie Rogers.
Uma imagem a preto e branco, captada por uma câmara de vigilância que mostrava a cara de um dos assassinos, chegou às mãos do mesmo detetive que tinha detido Ibar a 14 de julho. O homem que surgia na imagem era tão parecido com o espanhol que Paul Manzella não teve dúvidas de que tinha apanhado o assassino de Sucharski. No decorrer das investigações, ainda foi detido um outro suspeito, Seth Peñalver. Apesar de condenado à pena de morte, Peñalver acabou por sair em liberdade depois de o seu julgamento ter sido repetido. Ibar não teve a mesma sorte.
Hoy sábado 19 de enero se comete uno de los mayores errores jurídicos, me atrevería a decir de la historia de EEUU. ¿Porqué? Porque las pruebas de ADN realizadas no coincidían con Pablo Ibar. El hombre del vídeo, dicho por un especialista de gestos faciales, no es Pablo. ???????????? pic.twitter.com/pXKcsnvenJ
— Joaquín Guimaraens (@JGuimaraens_) January 19, 2019
Depois de seis anos de adiamentos e de um primeiro julgamento anulado porque os jurados não foram capazes de chegar a um acordo, Pablo Ibar foi condenado à pena de morte em 2000. O primeiro pedido de recurso, feito em 2006, foi recusado e voltou a sê-lo em 2012. Só em 2016, 16 anos de ter sido considerado culpado, é que Ibar, até então no corredor da morte, voltou a tribunal depois de o Supremo ter dado ordem para que o julgamento fosse repetido. A razão era a defesa ineficaz e o facto de o espanhol ter sido condenado com base em provas débeis e escassas. De acordo com o El Mundo, no novo julgamento, a acusação pediu novamente a morte, salientando a brutalidade do crime e baseando-se no mesmo vídeo que a defesa tem vindo a questionar.