Depois de reunir com a equipa governamental que está a liderar a resposta dos Estados Unidos ao novo coronavírus, Donald Trump voltou a falar ao país este domingo e procurou dar alguns sinais de esperança. O presidente norte-americano garantiu que os novos casos estão a “nivelar”, principalmente nos principais locais de contágio, e disse que existe “luz ao fundo do túnel”.

O relativo otimismo de Donald Trump surgiu depois de o Estado de Nova Iorque, o grande epicentro da pandemia nos Estados Unidos, ter registado uma ligeira quebra em novos casos e vítimas mortais precisamente este domingo. O presidente norte-americano descreveu os números mais reduzidos como “um bom sinal” mas ressalvou que o número de vítimas mortais em todo o país vai continuar a crescer até que a curva atinja o seu “pico”.

Número diário de mortes em Nova Iorque “desce pela primeira vez”. Mas já há mais de 122 mil casos

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nos próximos dias, os Estados Unidos vão chegar ao pico desta pandemia”, atirou Trump. O líder norte-americano adiantou ainda que já foram feitos 1,67 milhões de testes no país — “mais do que qualquer outro país conseguiu fazer” — e anunciou que, neste momento, em 50 Estados e territórios dos Estados Unidos já foi declarado o estado de desastre. Donald Trump garantiu ainda que o país já encomendou 29 milhões de doses de hidroxicloroquina, um medicamento para a malária que o presidente acredita ser eficaz no tratamento da Covid-19.

Vários especialistas já indicaram que não existe evidência científica que comprove que este medicamento é realmente eficaz para o tratamento do novo coronavírus mas Donald Trump tem insistido na ideia de que “não há nada a perder”. Depois de promover o medicamento, acrescentou: “Mas que sei? Não sou médico”.

O presidente norte-americano desejou ainda as melhoras ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, internado durante a noite deste domingo depois de persistência de sintomas da Covid-19. “É um grande amigo meu. Tenho a certeza de que vai ficar bem, é um homem forte, uma pessoa forte”, disse Trump.

Febre alta e “sintomas persistentes”: Boris hospitalizado dois dias depois de fazer vídeo a dizer que se sentia melhor

Além de Donald Trump, a conferência de imprensa contou ainda com a presença de Deborah Birx, um dos elementos que fazem parte da equipa governamental criada para formular a resposta norte-americana da pandemia. O discurso novamente esperançoso — “temos esperança de que durante a próxima semana vamos assistir a uma estabilização de casos nas áreas metropolitanas onde o surto começou”, disse Birx — foi ao encontro do de Trump mas contrastou com o de Anthony Fauci, um dos conselheiros do presidente, que este domingo alertou para um cenário “muito mau” a curto prazo.

Já o cirurgião Jerome Adams, em declarações que estão a ecoar um pouco por todo o mundo, garantiu que a semana que arranca esta segunda-feira será “a mais difícil e mais triste na maior das vidas norte-americanas”. “Este vai ser o nosso momento Pearl Harbor, o nosso momento 11 de setembro”, disse Adams à Fox News. Os Estados Unidos são nesta altura o país com mais casos confirmados, 337.274, e têm já 9.619 vítimas mortais, registo que deve esta segunda-feira ultrapassar a fasquia dos 10 mil.