O presidente norte-americano, Joe Biden, apelou esta quinta-feira aos generais responsáveis pelo golpe de Estado desta semana em Myanmar (antiga Birmânia) para que renunciem ao poder sem condições.

“O Exército birmanês deve renunciar ao poder que tomou, libertar os defensores e ativistas que deteve, retirar as restrições às comunicações e evitar toda a violência”, disse o presidente norte-americano. “Numa democracia, a força não pode ser utilizada contra a vontade do povo”, adiantou.

Antes da intervenção, a Casa Branca já havia anunciado que estão a ser ponderadas “sanções específicas” contra o exército de Myanmar, após o golpe militar que depôs o Governo civil de Aung San Suu Kyi.

“Estamos a considerar a possibilidade de sanções direcionadas tanto contra indivíduos como contra entidades controladas pelos militares”, disse o conselheiro de segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, numa conferência de imprensa.

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Os Estados Unidos já tinham acusado, na terça-feira, o exército de Myanmar (antiga Birmânia) de ter realizado “um golpe de Estado” contra o Governo civil de Aung San Suu Kyi, avisando que haverá uma redução na ajuda norte-americana ao país.

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Joe Biden prometeu ainda esta quinta-feira que irá combater o “autoritarismo” da China e da Rússia, insistindo na vontade em marcar a rutura com Donald Trump em relação a Moscovo.

“[Os Estados Unidos] devem estar presentes diante do avanço do autoritarismo, em particular das crescentes ambições da China e do desejo da Rússia de enfraquecer a nossa democracia”, disse Biden no âmbito de uma visita ao Departamento de Estado, perante funcionários diplomáticos, na sua primeira grande intervenção sobre política externa desde que tomou posse em janeiro.

“Deixei claro ao Presidente [russo, Vladimir] Putin, de uma forma muito diferente do meu antecessor, que acabou o tempo em que os Estados Unidos se submeteram aos atos agressivos da Rússia”, acrescentou.

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Na sua intervenção desta quinta-feira, Joe Biden focou também a situação no Iémen, apelando ao fim das hostilidades e anunciando que a sua Administração irá por cobro ao apoio e vendas de armas à coligação liderada pela Arábia Saudita envolvida nos confrontos no país do Médio Oriente, que vive uma grave crise humanitária.

“Reforçaremos os nossos esforços diplomáticos para por fim à guerra no Iémen, uma guerra que criou uma catástrofe humanitária e estratégica”, afirmou o presidente norte-americano.

Esta guerra tem de acabar (…) e para sublinhar a nossa determinação, poremos fim a todo o apoio norte-americano a operações ofensivas no Iémen, incluindo a venda de armas”, adiantou.

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Biden anunciou ainda a intenção de multiplicar por oito, em relação ao mandato do seu antecessor, o número de refugiados a admitir pelos Estados Unidos. A quota anual de refugiados, adiantou, irá subir para 125 mil pessoas, face a 15 mil no ano em curso.

Dirigindo-se ao pessoal diplomático, Biden afirmou que “a diplomacia está de regresso” ao centro da política externa norte-americana e prometeu “reconstruir” as alianças do país.