Pelo menos nove países europeus interromperam temporariamente o uso das vacinas da Oxford/AstraZeneca, até esta quinta-feira. Em causa estão relatos de formação de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas com um lote específico da vacina, mas a Agência Europeia do Medicamento (EMA), que vai investigar o assunto, diz que até ao momento não há indicação que a vacina possa ser a causa dos problemas verificados.

A Áustria já tinha anunciado no domingo a retirada, por precaução, de um lote da vacina por parte do regulador nacional de medicamentos do país. O motivo foi o facto de uma enfermeira ter morrido de trombose múltipla (formação de coágulos de sangue dentro dos vasos sanguíneos) dez dias após a vacina, e de um segundo doente ter sido diagnosticado com embolia pulmonar (obstrução da artéria pulmonar ou de um dos seus ramos por um coágulo sanguíneo ou por outro êmbolo), mas está a recuperar.

Até esta terça-feira, duas outras condições de coagulação foram identificadas em doentes que receberam uma dose do mesmo lote.

Áustria retira por precaução lote da vacina AstraZeneca após morte de vacinada

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O jornal The Guardian avançou, na madrugada desta quinta-feira, que quatro outros países – Estónia, Lituânia, Luxemburgo, Letónia – suspenderam o uso do lote da vacina, para dar tempo ao Comité de Avaliação de Risco de Farmacovigilância, da EMA, de conduzir uma investigação para avaliar a qualidade do lote. Entretanto, a Dinamarca e Itália que estão a usar o mesmo lote e a Noruega (que não terá recebido este lote em específico) e Islândia também já interromperam o uso destas vacinas.

Não foi possível perceber se os países tinham vacinas da AstraZeneca de outros lotes e se as continuam a usar.

A agência da União Europeia, responsável pela avaliação e controlo de medicamentos na UE e no Espaço Económico Europeu, disse que uma investigação preliminar mostrou que o lote de vacinas usado na Áustria não foi, provavelmente, o culpado pela morte da enfermeira que tinha recebido uma injeção. Afirmou ainda que atualmente não há evidências de que a vacina tenha causado as doenças e que a trombose nem está listada como um efeito colateral potencial da vacina.

“Não há, atualmente, indicação que a vacinação tenha causado estas condições de saúde, que não estão indicadas como efeitos secundários da vacina”, escreve a EMA num comunicado.

A agência europeia acrescentou ainda que, até dia 9 de março, tinham sido reportados 22 situações de formação de coágulos em pessoas que tomaram a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 no Espaço Económico Europeu e que esta proporção de casos não é maior do que na população em geral. O que poderá querer dizer que não se trata de um efeito secundário da vacina, mas um problema que poderia ter surgido nestas pessoas mesmo que não tivessem sido vacinadas.

A Suécia segue a mesma ideia da EMA: registou dois eventos tromboembólicos depois da administração da vacina da AstraZeneca e 10 depois da vacina da Pfizer/BioNTech e não considera que haja evidência para interromper a vacinação. A agência do medicamento do Reino Unido também defendeu a continuação do uso da vacina.

“Temos sido claros quando dizemos que [o medicamento da AstraZeneca] é seguro e eficaz e, quando pedimos aos cidadãos que a tomem, devem fazê-lo com confiança”, afirmou um porta-voz oficial do primeiro-ministro Boris Johnson. “Os resultados deste programa de vacinação começam a ser vistos na diminuição do número de casos registados em todo o país, do número de óbitos e do número de hospitalizações.”

A Alemanha e a França afirmaram que vão continuar a administrar a vacina da AstraZeneca, noticiou a BBC. “Os benefícios superam os riscos”, disse Olivier Véran, ministro da Saúde francês.

O lote ABV5300 que foi suspenso na Áustria, compreendia um milhão de doses e tinha sido entregue a 17 países da UE: Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Espanha, Estónia, França, Grécia, Holanda, Islândia, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polónia e Suécia.

Atualizado às 20h30