A academia de cinema e televisão britânica (Bafta) elegeu na passada quarta-feira os filmes finalistas aos prémios deste ano seguindo um conjunto de novos critérios, depois das acusações discriminatórias de que foi alvo no ano passado.

Cumpriu o que prometera em setembro de 2020, quando, determinada em contrariar os pressupostos pejorativos da opinião pública, a Bafta anunciara 120 alterações no seu sistema de nomeações para os prémios deste ano, segundo o The Guardian. Este ano, os nomeados resultaram de critérios que contrastam em quase tudo com as escolhas do ano passado. O renovado sistema resultou nas nomeações de dois terços de atores provenientes de minorias étnicas, na categoria de atuação, e quatro mulheres na categoria de melhor diretor.

O processo revisionista instaurado pelo novo diretor Krishnendu Majumdar incluiu as considerações de mil novos membros de contextos sócio-culturais sub-representados, a tentativa de ampliar a gama de filmes ou a limitação do orçamento dos filmes por parte dos produtores que aspirem a uma nomeação. O diretor certificou-se de que todos os jurados vissem os diferentes filmes várias vezes, algo que nunca tinha acontecido, numa tentativa de consciencializar os votantes para quando estivessem a ser racistas. Mesmo esta iniciativa não passou ao lado da polémica nas redes sociais, com várias acusações de “escolhas politicamente corretas” ou desvirtuadas e drásticas alterações nas nomeações deste ano.

Em declarações ao The Guardian, Majumdar afirmou na altura ser preciso “refletir a sociedade, não a indústria, é esse o ponto chave, porque neste momento a indústria não é boa o suficiente. Estamos a tentar por a casa em ordem, este momento representa um ponto de inflexão” disse.

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Uma das alterações mais relevantes nos critérios de nomeação é a exclusividade do número de jurados, que passou a cingir-se entre 10 a 12 especialistas da indústria, criteriosamente selecionados tendo em conta as suas “experiências, antecedentes e idade”, contrastando com a centena de membros que avaliava os processos antigamente.

No ano passado, os Bafta protagonizaram uma polémica de larga escala devido às escolhas do ano anterior. O hashtag #baftasowhite, que circulou nas redes sociais, tornou-se no expoente máximo desta denúncia racista e sexista, evidenciando o que muitos acharam de nomeações exclusivas de atores brancos ou a exclusão de mulheres na categoria de melhor direção.

Joaquin Phoenix, vencedor na categoria de melhor ator no ano passado, revelou na altura sentir-se num conflito de valores por aceitar o prémio, por “estarmos a transmitir às pessoas de cor a mensagem de que não são bem-vindos”, segundo a ABC.