Os líderes afegãos reagiram esta quarta-feira ao anúncio de adiamento da retirada dos militares norte-americanos do país afirmando que respeitam a decisão e sublinhando que as forças armadas afegãs têm capacidade de defender sozinhas a população.

O governo “respeitará qualquer decisão do governo dos Estados Unidos em relação às suas tropas“, garantiu o conselheiro principal do Presidente afegão, Waheed Omer, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

As forças de segurança e defesa afegãs têm defendido o nosso povo com moral alta nos últimos dois anos e, nos últimos tempos, realizaram mais de 98% das operações de forma independente e são perfeitamente capazes de continuar a fazê-lo no futuro” acrescentou.

A Administração do Presidente Joe Biden anunciou na terça-feira que vai adiar a retirada dos seus soldados norte-americanos do Afeganistão de maio para setembro.

Os Estados Unidos tinham-se comprometido com os talibãs a retirar a totalidade das tropas do Afeganistão antes de 1 de maio, mas um responsável do governo norte-americano explicou que a promessa apenas será cumprida até 11 de setembro, prometendo mais esclarecimentos sobre o novo cronograma numa comunicação a realizar esta quarta-feira pela Casa Branca.

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Segundo o presidente do Conselho Superior de Reconciliação Nacional do Afeganistão, Abdullah Abdullah, o adiamento não vai mudar o equilíbrio de poder com os insurgentes. “A retirada das tropas estrangeiras será o fim do Afeganistão como Estado soberano, unido e independente? Não, de forma nenhuma”, disse Abdullah, que lidera o principal organismo do governo encarregado de negociar a paz.

O dirigente acrescentou que a sua “grande preocupação” em relação à retirada dos militares norte-americanos é que os talibãs pensem que, a partir daí, poderão impor condições para a paz. “Isso não seria uma paz verdadeira“, avisou Abdullah. Num acordo histórico alcançado pelo então Presidente, Donald Trump, e os talibãs, em Doha, em fevereiro do ano passado, os Estados Unidos prometeram retirar as suas tropas do país em 14 meses.

Os talibãs ameaçaram boicotar todas as negociações de paz para o Afeganistão e retomar os ataques às tropas internacionais se os Estados Unidos não retirarem os quase 2.500 militares que ainda permanecem no país antes do prazo final acordado, ou seja, antes de 1 de maio.