Foi grande a surpresa quando um responsável pela BMW veio dizer que a marca não planeava desenvolver veículos eléctricos com mais do que 600 km de autonomia. A declaração, veiculada pela WichCar?, foi erradamente atribuída ao líder do projecto do BMW i4, David Ferrufino. Mas o engano revelou-se um pouco mais grave, pois quem terá mesmo dito isso foi o porta-voz da BMW para a electromobilidade, Wieland Bruch, num encontro com jornalistas.

A publicação rectificou o autor das afirmações, mas a repercussão destas declarações foi tal – para mais vindas de um quadro que sabe que, quando fala, vincula a empresa em nome da qual só fala de mobilidade eléctrica – que a BMW teve de esclarecer oficialmente a sua posição, emitindo uma declaração “rectificativa” dirigida à referida publicação, em que assume que vai continuar a trabalhar para ampliar a autonomia dos seus futuros veículos eléctricos. Ao contrário do que disse Bruch, ou seja, a marca desmentiu o seu próprio porta-voz.

O homem que dá voz à estratégia da BMW para a mobilidade eléctrica afirmou o seguinte: “Não temos como meta alcançar 1000 km de autonomia com os nossos carros 100% eléctricos.” E, depois, definiu o limite: “O nosso objectivo é atingir 600 quilómetros [de autonomia] para os nossos modelos exclusivamente eléctricos e 100 quilómetros com nossos híbridos plug-in.”

Tão pouca ambição, numa altura em que a rival Mercedes “surfa” a onda dos eléctricos com os mais de 700 km homologados para o EQS de tracção apenas a um eixo (o 450+) e quando um construtor norte-americano, sem qualquer tradição na indústria automóvel, é o actual detentor da maior autonomia no mercado para uma berlina a bateria (a Lucid, com o Air de 837 km), não terá abonado a favor da imagem da BMW. Daí que a marca de Munique rectifique, assegurando que, afinal, vai continuar a desenvolver veículos eléctricos capazes de atingir autonomias acima do limite (600 km) anunciado pelo seu porta-voz.

O BMW Group continuará a trabalhar para superar os limites de todos os aspectos da condução eléctrica”, sublinhou o construtor, acrescentando que será dada especial atenção à “intervalos entre recargas cada vez maiores e a velocidades de carregamento mais elevadas, dependendo do modelo”.

Para tal contribuirá a arquitectura especificamente projectada para veículos a bateria, a plataforma Neue Klasse, cuja chegada ao mercado está prevista para 2025. Recorde-se que, já em 2020, o responsável pela Investigação e Desenvolvimento da BMW, Klaus Fröhlich, assumia que há vantagens nas plataformas concebidas de raiz para acomodar mecânicas eléctricas. É suposto que a Neue Klasse acomode baterias com uma densidade de energia 40% superior e integre um sistema eléctrico a 800V, para agilizar as cargas rápidas.

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