Um norte-americano condenado por triplo homicídio em 1979 foi finalmente absolvido dos crimes 43 anos depois, tendo-se provado a sua inocência.

Agora com 62 anos, Kevin Strickland, natural de Kansas City, foi acusado pelos homicídios de Sherrie Black (22), Larry Ingram (21) e John Walker (20), naquele que foi agora considerado um julgamento enviesado, e que contou, de acordo com o Washington Post, com um júri composto exclusivamente por homens brancos.

Inicialmente condenado a cinco décadas atrás das grades (cumpriu 43 anos), ao ser exonerado, Kevin Strickland tronou-se agora o homem inocente a cumprir a pena de prisão mais longa no Estado norte-americano do Missouri.

Segundo a Newsweek, o homem erradamente condenado faz agora parte de um total de 12 pessoas consideradas inocentes que sobreviveram mais de 40 anos encarcerados na história dos Estados Unidos da América.

O problema no caso de Strickland, contudo, é que não foi uma falha nas investigações que levou à detenção do afroamericano. Kevin Strickland foi culpado propositadamente.

A única sobrevivente do massacre numa casa em Kansas City onde morreram as outras três pessoas, Cynthia Douglas, identificou Kevin como um dos suspeitos e testemunhou contra o homem.

Mais tarde, contudo, a vítima afirmou ter sido pressionada pela polícia, mais concretamente pelo detetive responsável pelo caso, Richard Zoulek.

Escolhe simplesmente o Strickland de entre os suspeitos [que estariam alinhados numa sala] e isto termina”, relembrou Cynthia Douglas, segundo registos guardados me tribunal.

Um colega de Zoulek mais tarde explicou que o detetive era um “cowboy” com uma má reputação. Meses depois do julgamento, Zoulek acabaria por pôr um fim à própria vida após disparar sobre a mulher.

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Douglas, inicialmente reticente, acabou por não conseguir relembrar os factos ocorridos na noite do crime, e acabou, entretanto, por afirmar ter visto Kevin nessa noite nos julgamentos que se seguiram.

A vítima acabou por morrer em 2015, depois de passar os anos mais recentes a tentar ilibar Strickland, segundo relatos de familiares da mulher durante as audiências que levaram à exoneração de Kevin Strickland.

Bell, um dos homens envolvidos no crime, conhecido de Kevin Strickland e que foi mais tarde detido, afirmou em tribunal que Douglas “tinha feito um erro gigante” em ter confundido Strickland com outro homem que estaria na casa na noite dos homicídios.

Estou a dizer-vos a verdade neste momento, Kevin Strckland não estava na casa nesse dia”, reafirmou Bell.

O primeiro julgamento de Kevin Strickland terminou com a suspensão do júri, após um dos elementos – o único negro – ter apelado à absolvição de Strickland. Apenas num segundo julgamento composto por um júri totalmente branco o homem de Kansas City foi considerado culpado.

O mayor de Kansas City, Quinton Lucas, manifestou a sua alegria com a libertação do homem de 62 anos.

Os meus sentimentos vão para a sua mãe, que nunca teve a oportunidade de o ver um homem livre, mas fico comovido por ver que foi feita justiça”, afirmou o mayor.

Numa entrevista recente ao Washington Posto, Kevin Strickland disse que pretendia visitar dois sítios após a sua libertação. Um é a campa da mãe, com o qual não pôde partilhar momentos de proximidade dada a sua encarceração. O segundo local é o mar, uma vez que o homem, agora inocentado, nunca teve oportunidade de ver o oceano.