Fernando Rocha Andrade, socialista que integrou o primeiro Governo de António Costa na pasta dos Assuntos Fiscais, morreu esta segunda-feira aos 51 anos (feitos há 9 dias). Tinha-lhe sido diagnosticado cancro no ano passado. A notícia foi avançada pela Rádio Renascença e confirmada pelo Observador junto de fonte oficial do PS. O velório realiza-se esta terça-feira na Igreja de Santo António, em Aveiro, e o funeral segue, às 17h, para o crematório da Figueira da Foz.

Foi responsável pelos Assuntos Fiscais, junto do ministro Mário Centeno, no primeiro Governo de António Costa, tendo saído na sequência do Galpgate. Antes disso, entre 2005 e 2008 já tinha estado com António costa na Administração Interna como seu subsecretário de Estado, tendo feito também parte da direção do partido deste secretário-geral socialista. O. Presidente da República, numa nota de cøndolências à família, destaca “a sua contribuição ao serviço de vários governos de Portugal e como deputado, bem como a sua contribuição à Universidade como Professor e investigador”.

Numa nota de pesar publicada esta tarde, o PS refere-se a Rocha Andrade como “um dos melhores quadros” do partido “O seu desaparecimento é uma perda irreparável para o PS, mas é, sobretudo, para muitos de nós, a perda de um muito querido amigo e de um insubstituível camarada”. “Fernando Rocha Andrade foi um dos melhores da sua geração, um espírito sempre livre e lúcido, irreverente e consistente, um prestigiado académico, que parte cedo demais e deixa entre nós um imenso vazio”, refere a mesma nota.

Também o ministro das Finanças, João Leão (que com ele fez equipa naquele Ministério) destaca o seu desempenho nos Assuntos Fiscais e a “sua capacidade de diálogo, criatividade e espírito de negociação” na “fase inicial e crítica do governo minoritário”. Leão  elogia o “seu trabalho decisivo para a saída de Portugal do procedimento por défices excessivos e para o primeiro excedente orçamental atingido em 2019” e ainda a “grande capacidade de raciocínio, poder de argumentação e facilidade de comunicação, a par da sua boa disposição, que manteve sempre, mesmo nos momentos mais difíceis da sua doença”.

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Foi sempre muito próximo do atual primeiro-ministro, com a ligação a cimentar-se em 1995, quando Costa chega a secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares do Executivo de António Guterres. Sérgio Sousa Pinto era o líder da JS e, tal como o Observador contou neste perfil de Rocha Andrade publicado em 2017, recomendou-lhe jovens quadros que estava na sua direção, um deles era Fernando Rocha Andrade (que Sousa Pinto tinha ido buscar à JS de Aveiro e que naquela altura terminara o curso de Direito, em Coimbra). Rapidamente Costa o reconheceu como o jurista mais qualificado do seu gabinete. Foi também assessor do atual primeiro-ministro quando este foi ministro da Justiça, em 1999, e depois no MAI.

Recordado pela “preparação” bom humor no PS e oposição

A notícia da sua morte foi recebida com natural pesar, por parte dos socialistas, que reagiram nas redes sociais. O eurodeputado Pedro Marques refere-se a Rocha Andrade como “um dos melhores” da sua geração. Carlos Zorrinho recorda-o como “um grande político, um grande profissional e uma pessoa excecional”.

A sua morte suscitou reações também noutros partidos. Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, refere-se ao socialista como “preparado, desempoeirado e bem humorado”. A deputada do BE participou em várias reuniões de negociação de orçamentos do Estado, no tempo da “geringonça”, com Rocha Andrade. Também no BE, José Gusmão, recordou no Twitter o mesmo espírito no antigo governante.

No verão de 2017 saiu do Governo depois de ter sido noticiado que tinha pedido bilhetes à Galp para ir ver um dos jogos do Euro 2016. Foi acusado (bem como os outros colegas do Governo que também receberam convites da petrolífera) e o caso ficou encerrado depois de ter pago a multa proposta pelo juiz de instrução conseguindo a suspensão provisória do processo e evitando ir a julgamento.

Rocha Andrade. Quem é o amigo de António Costa que acaba de cair do governo

Fernando Rocha Andrade doutorou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, na especialidade de ciências jurídico-económicas, e era professor da mesma Universidade desde 1995. terminou a tese (“Benefícios fiscais – a consideração da despesa do contribuinte na tributação pessoal do rendimento”) mesmo antes de entrar para o Governo como secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, em 2015, e era sobre a importância das deduções por despesa em sede de IRS, do ponto de vista da política fiscal. Mas já. defendeu em funções, passou com a avaliação máxima: “Louvor e distinção”.