Mesmo no início da temporada, quando Manchester City e Liverpool se cruzaram no King Power Stadium para discutir a Community Shield, disse-se e repetiu-se que era o melhor jogo de futebol do mundo. Afinal, defrontavam-se dois dos melhores treinadores da última década, duas equipas que estiveram nas duas últimas finais da Liga dos Campeões e dois plantéis que são capazes de desempenhar o que de melhor se faz num relvado. A Premier League, porém, tinha mais coisas a dizer.

A verdade é que, depois desse encontro em que o Liverpool venceu o Manchester City para conquistar a Supertaça inglesa, nenhuma das equipas tem conseguido ser consistente e convincente no Campeonato. Do lado dos reds, o conjunto de Jürgen Klopp não conseguiu mesmo vencer em nenhuma das três jornadas iniciais, empatando com o Fulham e o Crystal Palace e perdendo com o Manchester United; do lado dos citizens, o conjunto de Pep Guardiola até derrotou West Ham e Bournemouth mas tropeçou com um empate com o Newcastle. Tudo em três semanas em que o surpreendente Arsenal somou três vitórias em três partidas.

Rúben Dias e uma Supertaça entregue ao Liverpool de mão beijada (ou como o City perdeu o primeiro troféu da época)

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Ora, era neste contexto que tanto Liverpool como Manchester City entravam novamente em campo este sábado, à mesma hora e ambos em casa. Os reds recebiam o Bournemouth em Anfield, uma equipa que levava três derrotas em três jornadas e nove golos sofridos contra zero marcados, enquanto que os citizens serviam de anfitriões ao Crystal Palace no Etihad, uma equipa de Patrick Vieira que já tinha conhecido todos os resultados possíveis desde o início da Premier League.

Começando pelo Liverpool, Klopp lançou Harvey Elliott, Fabinho e Henderson no meio-campo, com Salah, Firmino e Luis Díaz a serem os responsáveis pelo setor ofensivo e Fábio Carvalho como suplente, sendo que Darwin permanece castigado depois de ter sido expulso contra o Crystal Palace. A primeira parte dos reds, ao contrário do que tem sido de esperar, foi demolidora: Díaz abriu o marcador de cabeça (3′), Elliott aumentou a vantagem de pé esquerdo (6′), Alexander-Arnold fez o terceiro com um grande pontapé de fora de área (28′), Firmino confirmou a goleada (31′) e Van Dijk ainda teve tempo para fazer o quinto golo antes do intervalo (45′).

Klopp mexeu logo ao intervalo, trocando Elliott por Fábio Carvalho, e o Liverpool aumentou ainda mais a vantagem graças a um autogolo de Chris Mepham (46′). A lógica manteve-se ao longo da segunda parte, com o Bournemouth a provar-se demasiado frágil para atuar na Premier League e Firmino a bisar para chegar ao sétimo golo (62′). Até ao fim, Fábio Carvalho ainda teve tempo para marcar um belo golo, de primeira e na sequência de uma assistência de Tsimikas, estreando-se a marcar com a camisola dos reds (80′), e Díaz também bisou (85′). O Liverpool respondeu da melhor forma à derrota em Old Trafford com o Manchester United e humilhou o Bournemouth (9-0), carimbando a primeira vitória na atual edição da Premier League.

No Manchester City, Guardiola tinha Bernardo, De Bruyne e Rodri no setor intermédio, no apoio a Mahrez, Haaland e Phil Foden, e tanto Rúben Dias como João Cancelo eram também titulares na defesa. E se a primeira parte do Liverpool foi de sonho, dificilmente a do City poderia ter sido maior pesadelo: o Crystal Palace foi para o intervalo a vencer por dois golos de diferença, graças a um autogolo de Stones (4′) e a um grande cabeceamento de Andersen (21′), e os citizens realizaram 45 minutos quase irreconhecíveis. De Bruyne falhava muitos passes, o corredor central quase não era utilizado e não entravam bolas nas costas da defesa adversária, com a equipa de Vieira a ganhar de forma completamente justa.

Guardiola não mexeu ao intervalo, assim como Vieira não fez qualquer substituição, e o Manchester City não precisou de 10 minutos para reduzir a desvantagem. Rodri descobriu Bernardo na direita e o internacional português foi do corredor para dentro para atirar de pé esquerdo à entrada da grande área e bater Guaita (53′). Chris Richards entrou no Crystal Palace pouco depois e Guardiola lançou Julián Álvarez e Gündoğan para ir atrás do resultado, chegando ao empate à passagem da hora de jogo por intermédio de um cabeceamento de Haaland após cruzamento de Foden (62′).

Haaland que, menos de 10 minutos depois, provou o porquê de ter sido o alvo prioritário do Manchester City este verão. Na conclusão de uma jogada dentro da grande área onde Bernardo voltou a ser crucial, coroando uma exibição muito positiva do português, o avançado apareceu no sítio certo ao segundo poste e só teve de encostar após um desvio de Stones (70′). Até ao fim, Haaland ainda teve tempo para continuar a brilhar e carimbar o hat-trick, atirando rasteiro na área depois de um passe de Gündoğan (81′). A equipa de Guardiola, apesar do susto da primeira parte, realizou no segundo tempo uma reviravolta impressionante para evitar novo tropeção na Premier League e regressar às vitórias na liga inglesa (4-2).