A coordenadora do BE considerou esta quarta-feira que, apesar dos “casos graves” que envolvem membros do Governo, o maior problema da maioria absoluta é a “economia da desigualdade e da miséria” e a “falta de resposta a quem trabalha”.

Catarina Martins esteve esta manhã na concentração de trabalhadores da EDP, em frente à sede da empresa em Lisboa, tendo sido questionada pelos jornalistas sobre o recente caso de Laura Cravo, mulher do ministro das Infraestruturas, João Galamba, um dia depois do ministro das Finanças, Fernando Medina, ter assegurado que não foi nomeada pelo Governo.

“O Governo toma decisões que não é capaz de explicar, depois tenta escondê-las, tenta que não seja notícia. Ainda ninguém percebeu porque é que não houve uma nomeação publicada em Diário da República e o Governo, se considera que é justa, saberia explicar. Isto de tentar brincar com a democracia e esconder é sempre o pior e nada disso ficou explicado”, começou por responder.

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No entanto, “se estes casos são graves porque demonstram uma arrogância do PS para com as instituições”, para Catarina Martins “o maior problema e o maior desgaste do Governo está na falta de resposta a quem trabalha” e em tantas pessoas não conseguirem “pagar a casa ou o supermercado enquanto há grupos económicos a anunciarem milhões” de lucros.

“Se o Bloco de Esquerda terá toda a exigência – já o disse ao primeiro-ministro – no respeito pela ética republicana, que achamos que é fundamental à credibilização da democracia, não deixaremos nunca de falar do assalto dos grandes grupos económicos, da economia da desigualdade e da miséria porque é ela, sim, o maior problema desta maioria absoluta”, enfatizou.

Para a líder do BE, “os protestos são o que combate a arrogância da maioria absoluta e o que diz a verdade ao país”, ou seja, “que quem trabalha não chega ao fim do mês, enquanto há milhões de lucros a serem distribuídos pelos grandes grupos económicos”.

“Não há melhor oposição à maioria absoluta, esta é a democracia a funcionar, os trabalhadores a reivindicar e o Governo tem de ouvir, os grandes grupos económicos têm de ouvir”, defendeu.

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A economia da desigualdade, na opinião de Catarina Martins, “tem de ser combatida e é combatida pelo protesto de quem trabalha”.

“E por isso tem havido mais protestos, sim, porque eles são justos e quem está a protestar está a defender o país, está a defender esta ideia de que quem trabalha tem que ser tratado com dignidade e só assim é que o país pode crescer verdadeiramente”, disse.