O assalto da Arábia Saudita ao futebol europeu, com contratações sonantes em vários países e em alguns clubes que competem pela Liga dos Campeões, tem sido o principal tema de conversa do atual mercado de verão. Com Benzema e Rúben Neves a serem os principais protagonistas, pelos motivos óbvios, a verdade é que tem sido o Chelsea o grande abono de família do investimento saudita — Koulibaly, Mendy, Ziyech e Kanté fizeram todos as malas e vão deixar a Premier League para rumar à Saudi Pro League.

E aqui, pelo contexto, o primeiro caso acaba por ser o mais interessante. Aos 32 anos, o jogador senegalês passou oito temporadas no Nápoles e cimentou-se como um dos melhores centrais da Europa, sendo sempre muito assediado pelos principais gigantes europeus nas janelas de transferências mas acabando por permanecer em Itália. No verão passado, os milhões do Chelsea falaram mais alto e o Nápoles aceitou vender Koulibaly, que chegou a Londres para responder às saídas de Christensen e Rüdiger.

Em Stamford Bridge, tal como todos, ficou completamente embrenhado na embaraçosa temporada do Chelsea. Esteve em 32 jogos, marcou dois golos e ficou longe de ganhar um título — pelo meio, ficou a ver o Nápoles conquistar a Serie A pela primeira vez em 33 anos. Ao fim de uma época vazia em triunfos e vitórias e mesmo com contrato válido até 2027, Koulibaly decidiu aceitar o desafio da Arábia Saudita e já é oficialmente reforço do Al Hilal, que pagou 20 milhões de euros ao Chelsea pelo central.

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Em entrevista ao Corriere dello Sport, no país onde passou tantos anos, o senegalês não escondeu que os avultados valores que vai receber mensalmente fizeram a diferença na hora de tomar uma decisão. “Não posso negá-lo. Com este dinheiro poderei ajudar toda a minha família a viver bem, desde os meus pais aos meus primos. Também poderei investir mais nas atividades da minha associação no Senegal. Já começámos a construir uma clínica pediátrica na aldeia onde os meus pais nasceram e casaram. Tenho muitos projetos para ajudar os jovens”, explicou Koulibaly, acrescentando que a questão religiosa também pesou, algo que Benzema já tinha referido na apresentação no Al Ittihad.

Benzema diz que escolheu jogar na Arábia Saudita por ser um país muçulmano

“Sou muçulmano, vou para um país ideal para mim e para a minha família. Meca fica muito perto. Sou crente, é algo muito importante para mim. Estou no meu lugar, vou sentir-me melhor”, atirou, sublinhando que tem noção de que é um dos primeiros grandes nomes de um projeto multimilionário da Arábia Saudita. “Estou muito contente por ser um dos primeiros a aterrar numa liga que está em evolução. Espero ajudar a Arábia Saudita e o Al Hilal a escrever uma nova história desportiva”, concluiu, referindo que foi recebido em Riade com “muita atenção e disponibilidade”.

O exemplo do golfe, a Visão 2030 e a mudança de paradigma com Rúben Neves. O que é que a Arábia Saudita quer do futebol?