Um antigo ministro da República Centro-Africana (RCA) negou nesta terça-feira, numa sessão do Tribunal Penal Internacional, o envolvimento em crimes de guerra e contra a Humanidade durante o conflito nesta nação africana.
“Nego absolutamente ter participado em quaisquer planos que envolvam crimes”, disse Maxime Jeoffroy Eli Mokom Gawaka, acusado de coordenar as operações contra os Balaka, um grupo primordialmente cristão que lutou contra o grupo Seleka, na sua maioria constituído por muçulmanos, nos anos de 2013 e 2014, nos quais centenas de milhares de pessoas tiveram de fugir das suas casas.
As acusações contra Mokom Gawaka incluem homicídio, exterminação, deportação, tortura, perseguição, desaparecimento forçado e outros crimes contra a Humanidade, mas o advogado disse que os procuradores já encontraram provas que exoneram o seu cliente, mas não as partilham, relatou a agência Associated Press. Essas provas “minam todos os aspetos da teoria dos procuradores”, salientou o advogado Philippe Larochelle, na intervenção durante a sessão prévia ao julgamento.
Mokom Gawaka é o quarto suspeito de envolvimento de alto nível no conflito nesta nação africana, que apesar de ser rica em minérios, é das mais pobres do mundo.
Antigo Presidente da República Centro Africana exilado na Guiné-Bissau
A violência tem assolado a República Centro-Africana desde 2013, quando os rebeldes Seleka forçaram o então Presidente François Bozize a abandonar o cargo. Mais tarde, as milícias conhecidas como anti-Balaka ripostaram, atacando também civis e fazendo com que a maioria dos residentes muçulmanos da capital, Bangui, fugisse com medo.
O Governo da RCA e 14 grupos rebeldes assinaram um acordo de paz em fevereiro de 2019, mas a violência voltou a eclodir depois de o Tribunal Constitucional ter rejeitado a candidatura de Bozize à presidência, em 2020.