O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) espera nas próximas semanas um novo pacote de sanções da União Europeia à Rússia, o 12.º, abrangendo os diamantes russos, importantes para a economia do país, e pediu “foco” no apoio a Kiev.

Está-se agora a trabalhar no 12.º pacote de sanções. Ainda há muito trabalho a fazer antes de cristalizar esse pacote, mas acredito que nas próximas semanas chegaremos a esse ponto”, disse João Gomes Cravinho.

Falando à imprensa portuguesa no final de uma reunião dos chefes da diplomacia da União Europeia (UE), no Luxemburgo, o governante português confirmou a intenção de abranger os diamantes russos na lista de matérias-primas com exportações limitadas, ressalvando que este é “um tema mais complexo do que aparenta ser na superfície”.

Tem a ver também com a rastreabilidade dos diamantes, porque, caso contrário, será simplesmente a entrega de um mercado que atualmente está na Europa para outras partes do mundo, mas creio que estamos hoje bastante perto de um entendimento sobre essa matéria”, assinalou João Gomes Cravinho.

A Rússia exportou quase cinco mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) em diamantes em 2021, de acordo com o Observatório de Complexidade Económica. Os Emirados Árabes Unidos, a Índia e a Bélgica, um Estado-membro da UE, estão entre os principais importadores.

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Mais perto de acordo, de acordo com o chefe da diplomacia portuguesa, está o desbloqueio de novas verbas de apoio à Ucrânia ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz.

Hoje, mais do que era há umas semanas atrás, antes da crise do Médio Oriente, é necessário continuar a apoiar a Ucrânia, nomeadamente em relação à oitava ‘tranche’ do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. Estamos muito próximos de um acordo e acredito que muito rapidamente será possível chegar a esse entendimento”, elencou João Gomes Cravinho.

De acordo com o ministro português, este assunto será discutido no Conselho Europeu no final desta semana, em Bruxelas.

Este pacote que visa ajudar a Ucrânia a enfrentar a invasão russa continua a ser bloqueado pela Hungria, numa ação de Budapeste para contestar a inclusão do banco húngaro OTP na “lista negra” de patrocinadores da guerra na Ucrânia.

A reunião desta segunda-feira foi dominada pela tensão no Médio Oriente, dado o conflito entre o grupo islamita palestiniano Hamas e Israel, mas também serviu para abordar o apoio da UE à Ucrânia devido à guerra causada pela invasão russa e as sanções já adotadas contra a Rússia.

João Gomes Cravinho sublinhou existir, entre os 27 Estados-membros da UE, “muito consenso quanto à necessidade de evitar perder o foco, a concentração num desafio que é da maior importância geoestratégica para todos na Europa”.

A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial.