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Os aviões de guerra estavam prontos e só precisavam do “sim” do primeiro-ministro israelita para atacar. Um telefonema de Joe Biden para Benjamin Netanyahu foi, no entanto, suficiente para as forças israelitas se retirarem e suspenderem a operação contra o Hezbollah, no Líbano, apenas quatro dias depois da invasão do Hamas. Começa a perceber-se o porquê de alguma hesitação israelita nos dias seguintes ao 7 de outubro.

Segundo o Wall Street Journal, o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) conversou com Netanyahu a 11 de outubro, desencorajando-o a desistir do “ataque preventivo” contra as forças do Hezbollah — que são aliadas do Hamas — por entender que “tal podia desencadear uma guerra regional mais vasta”.

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O jornal norte-americano, que cita “pessoas familiarizadas com a chamada”, refere que Israel “dispunha de informações” de que o Hezbollah ia aproveitar o ataque de 7 de outubro para atravessar a fronteira. No entanto, os EUA consideravam que estas eram “pouco confiáveis”.

Por isso, apenas quatro dias depois de o Hamas ter atacado Israel, matando 1.200 israelitas, Joe Biden agarrou no telefone e ligou a Netanyahu para o incentivar a “retirar-se e a pensar nas consequências de tal ação”.

O primeiro-ministro israelita seguiu os conselhos do Presidente norte-americano e acabou por ordenar os aviões a aterrar e não avançar logo naquela altura para o ataque. Tal, sublinha o Wall Street Journal,“definiu um padrão de esforços da Casa Branca para se proteger contra qualquer expansão do conflito que pudesse atrair os EUA”.

Aliás, esta tem sido das principais preocupações da administração de Joe Biden, enquanto as forças israelitas trocam tiros “quase diariamente” com o Hezbollah — apoiado pelo Irão —, no sul do Líbano.

Esta não foi a primeira vez em que Biden e Netanyahu divergiram. Apesar de o Presidente norte-americano ter vincado o apoio a Israel desde o ataque do Hamas, recentemente admitiu que os dois nem sempre estão de acordo. Especialmente, quando se fala em solução de dois Estados.

A 12 de dezembro, perante os deputados do Partido Democrata, Biden apelou ao primeiro-ministro israelita que “reforce e mude” o executivo, para que fosse encontrada uma solução a longo prazo para o conflito, dizendo ainda que “este é o governo mais conservador da história de Israel”.

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No entanto, a relação difícil de ambos não vem de agora. Na mesma semana, o Presidente recordou que Netanyahu tinha uma fotografia dos dois na secretária. Esta, além de mostrar Biden mais jovem, como senador, tinha uma frase escrita pelo próprio: “Bibi [alcunha do líder israelita], gosto muito de ti, mas não concordo com nada do que dizes”.

“Isso continua a ser verdade hoje”, disse aos representantes da comunidade judaica que convidou para a Casa Branca.