O ex-Presidente da República Ramalho Eanes mostrou-se preocupado com o elevado número de portugueses que, segundo as sondagens, permanecem indecisos sobre como votar nas eleições de 10 de março. Recusando comentar a campanha eleitoral em curso, na qual decidiu não participar, deixou um apelo ao voto.

“Não sei se temos uma abstenção grande em Portugal ainda, [mas], por acaso, estou preocupado, porque dizem os jornalistas – e eu acredito – que nesta altura haja muitos portugueses indecisos e eu espero que não fiquem indecisos e se abstenham, mas que decidam e votem“, afirmou.

Ramalho Eanes falava aos jornalistas à margem da cerimónia de entrega da primeira edição do prémio Álvaro Batista Gonçalves, na qual participou como presidente do júri. Escusando-se de comentar as eleições e a crise política que as provocou, o antigo chefe de Estado disse que escolheu não participar na campanha eleitoral por considerar que “não seria importante” e “poderia até causar alguma perturbação”.

[Já saiu o segundo episódio de “Operação Papagaio” , o novo podcast plus do Observador com o plano mais louco para derrubar Salazar e que esteve escondido nos arquivos da PIDE 64 anos. Pode ouvir o primeiro episódio aqui]

Sobre o período que Portugal atravessa, Eanes deixou apenas a certeza de que “a democracia tem sempre as respostas”. “A democracia, que é naturalmente uma responsabilidade permanente de todos os cidadãos, de todos, exige que todos os cidadãos participem, que todos os cidadãos votem e, se porventura for assim, as saídas existem, as estratégias definem-se e o futuro pode ser um bom futuro”, apontou.

Questionado sobre o prémio atribuído esta terça-feira ao professor de matemática Fernando Pena, Ramalho Eanes destacou o papel dos professores, sublinhando a importância de terem as condições necessárias para se empenharem. “Para eles, professores, os alunos são sempre o mais importante e é para eles que os professores trabalham. Obviamente, para que haja uma disponibilidade completa, tem de haver uma situação psicológica estável e é isso que não tem acontecido em Portugal e que eu espero que aconteça agora a seguir”, acrescentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR