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Cavaco Silva e Ferreira Leite fazem apelo ao voto em Montenegro

Este artigo tem mais de 6 meses

Cavaco Silva falou em "dever cívico" para apoiar AD. Manuela Ferreira Leite referiu-se à Covid-19 e à inflação como benesses dadas ao PS. Montenegro prometeu não invadir Administração Pública.

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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

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À chegada à Estufa Fria, em Lisboa, onde a Aliança Democrática fez um almoço-comício em homenagem às mulheres, Aníbal Cavaco Silva fez uma curta declaração à imprensa sem direito a perguntas para manifestar o apoio a Luís Montenegro. “Portugal encontra-se numa situação particularmente difícil resultado dos erros da governação socialista”, começou por dizer o antigo Presidente da República.

Cavaco Silva fez ainda questão de recordar que já não participa em campanhas eleitorais para eleições legislativas desde que abandonou o cargo. “Nos últimos 21 anos não participei em campanhas eleitorais. Em consciência não podia ficar calado. É meu dever cívico dizer aos portugueses que só uma votação forte na AD garante a estabilidade política, a resolução dos problemas do país e a mudança de que Portugal precisa.”

A terminar, o antigo Presidente fez ainda um elogio público ao líder do PSD e à forma como conduziu a campanha eleitoral. “Luís Montenegro demonstrou estar bem preparado para ser primeiro-ministro. Demonstrou seriedade e serenidade. No próximo domingo, o voto na AD é a melhor solução para todos os portugueses”, despediu-se. Depois de falar aos jornalistas, Aníbal Cavaco Silva, acompanhado pela mulher, Maria Cavaco Silva, subiu ao palco para cumprimentar os militantes e simpatizantes da Aliança Democrática.

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“Montenegro não é sujeito a alterações psicológicas”, diz Ferreira Leite, que considera Covid-19 uma benesse para o PS

Discursou depois Manuela Ferreira Leite, que começou por saudar Aníbal Cavaco Silva (muito aplaudido), Carlos Moedas, Nuno Melo e Luís Montenegro (que rivalizou com Cavaco em termos de aplausos). “Não duvido que todas apoiámos a candidatura de Luís Montenegro, mas também aproveito para fazer algumas reivindicações em nome das mulheres e das famílias portuguesas, todas as elas estão a ser afetadas de forma muito durante, resultado de uma governação desgovernada há oito anos.”

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“Estamos numa situação de empobrecimento grave e profundo do nosso país. Tiram-nos em impostos e dão-nos através de esmolas. O país continua absolutamente a empobrecer em todos os sentidos. É quase insólito que tenha sido pelas mãos do PS que acabaram com o Estado Social.”

A seguir, a antiga ministra da Educação e das Finanças fez o elogio público ao líder do PSD e um ataque velado a Pedro Nuno Santos. “Luís Montenegro é um sujeito leal, sereno, tranquilo, sensato, não é sujeito a alterações psicológicas.”

Numa referência à celebre frase de Pedro Nuno Santos sobre a dívida portuguesa e os banqueiros alemães, Ferreira Leite disse ter a certeza que ao líder do PSD nunca ocorreria não pagar uma dívida que contraísse. “Qualquer um de nós é capaz de comprar um carro em segunda mão a Luís Montenegro”, diz.

A antiga ministra referiu-se depois à pandemia da Covid-19 como uma “benesse” para a governação socialista e uma “bênção”. “Deu-lhe oportunidade de receber um montante da UE de tal forma volumoso, o PRR, que foi desbaratado não em investimentos para futuro do país mas para pagar aquelas benesses que anda a distribuir para manter as pessoas ligadas ao PS.” “A inflação foi outra benesse”, continuou Ferreira Leite. “Foi abrir os cofres com meios que não são repetíveis. A consolidação e o futuro desses alcances tão proclamados tenho algumas dúvidas.”

Já na fase da despedida, Manuela Ferreira disse ter a certeza de que a coligação vai vencer as eleições. “Há uma coisa que as mulheres têm e os homens não: um sexto sentido. E este sexto sentido diz-me que a Aliança Democrática vai ganhar as eleições e que Luís Montenegro vai ser um grande primeiro-ministro”, despediu-se.

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Montenegro deixa recado para dentro: “Não tenham a expectativa de ir invadir a Administração Pública”

A fechar este comício, Luís Montenegro fez um elogio público a todas as mulheres do espaço de direita e centro-direita. “Ter aqui Manuela Ferreira Leite, Assunção Esteves, Leonor Beleza, Isabel Mota, Cecília Meireles, Ana Rita Bessa, mulheres que nos acompanharam em momentos particularmente exigentes, que nos empurraram para fazer mulher”, começou por dizer.

Ao lado da mulher, Carla, Montenegro elegeu como alvo maior dos seus agradecimentos Maria Cavaco Silva. “Gostamos muito de si. E o acompanhamento que fez ao longo da sua vida ao lado de Aníbal Cavaco Silva, o político português que mais apoiou popular teve.”

Na fase mais programática da intervenção, Montenegro pediu a todas e a todos que olhassem para as equipas, lideranças e ideias dos dois principais projetos políticos destas eleições. “Vejam as diferenças entre as duas candidaturas que disputam a liderança do governo. Há mesmo muitas diferenças que importa apresentar. O PS sempre que fala, fala para atacar uma parte da nação portuguesa. Uns querem dividir, nós queremos unir o país. Isto faz toda a diferença. Não olhamos os eleitores portugueses como funcionários do voto”, atirou Montenegro.

O líder do PSD orientou depois o discurso para a defesa dos direitos das mulheres, lembrando que, no ano passado, morreram 17 mulheres vítimas de violência doméstica. Em cinco anos, recorda, morreram 115. E, nos últimos 15 anos, enumera Montenegro, morreram 500 mulheres vítimas de violência doméstica. “Um país que dignifica a condição da pessoa não pode conformar-se com esta realidade”, lamentou Montenegro.

A seguir, Montenegro, repetindo uma crítica que tem feito ao longo de toda a campanha, prometeu ter uma relação mais saudável com o Estado e com a Administração Pública caso venha a vencer as eleições. “O PS deixou o Estado todo partido e, ao mesmo tempo, deixou o partido todo no Estado”, disse, deixando, inclusive, um aviso para dentro de casa: “Queremos consertar o Estado Social. Não tenham a expectativa de ir invadir a Administração Pública.”

Numa nota de despedida, Montenegro prometeu tentar repetir o legado de crescimento e desenvolvimento de Aníbal Cavaco Silva. “Vamos acabar a campanha mais unidos do que nunca. Caras e caros portugueses, acreditam que somos capazes de fazer muito melhor. Acreditem. Vamos superar-nos. Venham daí, vai valer a pena. Vamos voltar a ser um país para todos, todos, todos”, despediu-se Montenegro.

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